Publicado em: 23/10/2025 às 12:00hs
O plantio da safra de arroz 2025/2026 já teve início em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, principais estados produtores do Brasil. Apesar do começo do ciclo, produtores e indústrias enfrentam estoques elevados, retração nas exportações e preços abaixo do custo de produção, gerando preocupação em toda a cadeia produtiva. A recuperação do setor só é esperada a partir de 2027.
Em Santa Catarina, a área plantada está projetada em 143,4 mil hectares, queda de 1,3% em relação ao ano anterior, e a produção deve atingir 1,2 milhão de toneladas, 6,14% menor que a safra passada, segundo dados da Epagri/Cepa. O engenheiro agrônomo Douglas George de Oliveira alerta que a menor capitalização dos produtores impacta diretamente a produtividade.
No município de Nova Veneza (SC), o agricultor Claudionir Roman relata que os preços atuais não cobrem os custos. A saca de 50 kg, que chegou a R$ 92 em fevereiro, hoje é negociada a R$ 51, enquanto o valor mínimo para cobrir despesas seria de R$ 75. Roman ressalta a preocupação com a sobrevivência do setor:
“Se o preço não reagir, vem a quebradeira. Por isso, alguém tem que tomar alguma atitude.”
Além dos produtores, as indústrias de arroz enfrentam dificuldades operacionais e financeiras. Com altos custos e estruturas complexas, muitas empresas estão operando com margem mínima ou negativa.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), Walmir Rampinelli, destaca a necessidade de medidas governamentais:
“O governo precisa adquirir pelo menos 1 milhão de toneladas para desafogar os estoques. Assim, gradativamente, o mercado poderá voltar ao patamar inicial.”
No Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional, os efeitos das enchentes de 2024 ainda impactam a economia do setor, mesmo sem comprometer a safra atual de 920 mil hectares. O presidente do SindArroz-RS, Carlos Eduardo Borba Nunes, projeta:
“Teremos que operar por pelo menos dois anos com rentabilidade próxima a zero, se não ficarmos no vermelho.”
O cenário interno é agravado pela depressão do mercado externo, causada pelo excesso de produção em países como Índia, que adicionou 30 milhões de toneladas ao mercado nos últimos anos. Segundo Nunes, essa situação deve persistir até o segundo semestre de 2027, quando os preços podem se recuperar.
Rampinelli reforça que a solução depende de ação coordenada entre governo, produtores e indústria:
“A cadeia produtiva está fazendo a sua parte, mas não vai resistir sozinha. É preciso união e sensibilidade para atravessar este período crítico e preservar uma atividade essencial para a segurança alimentar do país.”
Fonte: Portal do Agronegócio
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