Publicado em: 07/05/2025 às 11:40hs
Os preços globais do arroz, que chegaram a atingir os menores níveis em anos, devem continuar a flutuar em torno do fundo do poço ao longo de 2025. Embora o enfraquecimento da moeda da Índia tenha favorecido as exportações, o enorme estoque do país, aliado a uma safra asiática robusta, deve limitar qualquer recuperação significativa nos preços. A seguir, analisamos os principais fatores que influenciam o mercado global do arroz e suas perspectivas para o futuro.
Em abril, os preços globais do arroz caíram para os níveis mais baixos dos últimos anos. O grão, cujas exportações da Índia eram uma importante referência para o mercado, atingiu um valor mínimo de 22 meses. O arroz parboilizado indiano sofreu forte retração, o que também impactou as cotações de exportação em outros países, como Tailândia e Vietnã.
De acordo com executivos do setor, apesar dessa queda acentuada, os preços agora encontraram um “piso” e não devem apresentar grande recuperação durante 2025. "O excesso de oferta no mercado continuará a limitar os preços, que provavelmente se manterão estáveis em torno de US$ 390 por tonelada para arroz com 5% de quebrados", afirmou BV Krishna Rao, presidente da Associação de Exportadores de Arroz da Índia.
A Índia, maior exportadora de arroz do mundo, mantém estoques de arroz em níveis excepcionais. Até 1º de abril, os armazéns do governo indiano continham 63,09 milhões de toneladas de arroz, quase cinco vezes mais do que a meta do governo para esse período. Esses grandes volumes de estoque, somados a uma expectativa de aumento na produção devido a chuvas de monção favoráveis, resultam em uma oferta abundante que mantém os preços globais pressionados.
Embora o mercado esteja saturado, as exportações de arroz da Índia devem atingir um volume recorde de 22,5 milhões de toneladas métricas em 2025, um aumento de quase 25% em relação ao ano anterior. Para alguns analistas, as exportações podem até alcançar 24 milhões de toneladas, caso as condições de mercado se mantenham favoráveis.
A retomada das exportações pela Índia, que havia reduzido suas vendas em 2022, permitirá que o país recupere sua participação de mercado, ultrapassando os concorrentes diretos como Tailândia, Vietnã, Paquistão e Estados Unidos.
A recuperação da rúpia indiana nos últimos meses, que se valorizou de 87,2 para 84,55 em relação ao dólar, proporcionou um piso para os preços globais do arroz. Essa valorização da moeda, somada ao fato de os agricultores indianos terem a opção de vender seus estoques ao governo a preços fixados, impede que os preços de exportação caiam ainda mais.
As previsões de oferta excedente da Índia impactaram diretamente os principais países exportadores de arroz. Em 2025, as exportações de arroz da Tailândia devem cair 24%, e as do Vietnã, 17%. Para lidar com a queda nos preços, a Tailândia recorreu a subsídios e cooperação com outros países exportadores, como a Índia, a fim de apoiar seus agricultores.
Por outro lado, a queda nos preços tem beneficiado países importadores de arroz, como Filipinas, Indonésia, Arábia Saudita e várias nações africanas, que se aproveitam da moderação nos custos para aumentar sua aquisição do grão.
O mercado global de arroz segue pressionado, com uma oferta excessiva que limita qualquer aumento significativo nos preços. Enquanto os consumidores nos países importadores podem se beneficiar com preços mais baixos, os agricultores, especialmente na Ásia, continuarão a enfrentar dificuldades econômicas. A situação tende a se manter estável até o final de 2025, a menos que ocorram mudanças drásticas nas condições climáticas que afetem a produção.
Fonte: Portal do Agronegócio
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