Publicado em: 14/11/2025 às 19:40hs
O mercado brasileiro de arroz segue praticamente parado, com negociações limitadas e pouca movimentação operacional. De acordo com o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, o cenário atual continua marcado por uma combinação que trava negócios: oferta elevada, altos custos de armazenagem — estimados em cerca de 3% ao mês — e retenção de estoques por produtores e agentes que ainda podem adiar vendas.
Esse conjunto de fatores reduz a liquidez e prolonga o ambiente de pressão sobre as cotações.
No campo, o Rio Grande do Sul, principal produtor nacional, está próximo de concluir a semeadura do arroz irrigado, restando menos de 20% da área para ser plantada. Apesar disso trazer previsibilidade no curto prazo, o avanço do plantio não resolve o desequilíbrio estrutural entre oferta e demanda, que continua impactando o mercado.
As precipitações registradas no início de novembro tiveram efeitos distintos nas lavouras.
Enquanto ajudaram a restabelecer a umidade do solo e a regularizar a lâmina d’água — condição indispensável para o bom desenvolvimento do arroz irrigado — também provocaram excesso de umidade em áreas pontuais, gerando atrasos na semeadura e possíveis impactos localizados na produtividade.
A tendência mais esperada para o próximo ciclo é a redução da área plantada, apontada por Oliveira como uma reação natural à baixa rentabilidade e às dificuldades de crédito enfrentadas pelos produtores.
O movimento deve ocorrer no Brasil e também entre países vizinhos, como medida de ajuste à pressão de margens.
O consultor, porém, destaca uma exceção importante: o Paraguai não deve reduzir sua área cultivada.
Sem excesso de estoques internos e com uma cadeia produtiva organizada majoritariamente para atender o comércio exterior, o país vizinho tende a manter ou até ampliar os volumes direcionados ao mercado brasileiro.
Esse fluxo constante pode impedir a recuperação dos preços domésticos, mesmo que o Brasil reduza sua produção. Assim, a tradicional “válvula de escape” — a queda de oferta local impulsionando cotações — perde eficiência enquanto o arroz paraguaio seguir entrando no país com regularidade.
A saca de arroz no Rio Grande do Sul, considerada a referência do mercado (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista), encerrou a quinta-feira cotada a R$ 53,75, recuo de 1,61% na semana.
O preço acumula queda de 7,89% no mês e expressiva desvalorização de 53,30% na comparação com o mesmo período de 2024.
Fonte: Portal do Agronegócio
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