Publicado em: 18/12/2025 às 10:10hs
O mercado de arroz mantém um panorama desafiador neste fim de ano, com estoques elevados, exportações em ritmo fraco e preços sob pressão. Segundo o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, mesmo com medidas pontuais de estímulo ao escoamento, o desequilíbrio entre oferta e demanda tem dificultado a recuperação das cotações.
No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, o arroz encerrou novembro com média de R$ 54,83 por saca de 50 kg, representando queda de 5,6% em relação a outubro. Nos primeiros dez dias de dezembro, o recuo foi de 3,2%, com negócios em torno de R$ 52,80/sc.
Esses valores permanecem abaixo do preço mínimo estabelecido pela Conab, de R$ 63,64/sc, reforçando o desafio para os produtores em meio ao excesso de produto disponível no mercado.
As exportações, que poderiam ajudar a reduzir os estoques, também perderam força. Em novembro, os embarques somaram 94,4 mil toneladas, uma queda expressiva em relação às 172,8 mil toneladas de outubro.
De janeiro a novembro, o total exportado é de 1,3 milhão de toneladas, abaixo da meta da Conab, que projeta 1,6 milhão de toneladas para o ano-safra (jan-dez). O volume também está inferior à média dos últimos cinco anos, indicando necessidade de estratégias adicionais de escoamento para evitar novos acúmulos de estoque.
O relatório do Itaú BBA ressalta que o aumento expressivo da produção na safra 2024/25, sem crescimento proporcional no consumo interno, resultou em um excedente expressivo de oferta.
A Conab estima que o estoque de passagem — volume que permanece armazenado entre uma safra e outra — ultrapasse 2 milhões de toneladas em fevereiro de 2026, o maior nível em anos.
Esse cenário limita o potencial de valorização do arroz no curto prazo e tem levado produtores a repensar o ritmo de plantio e de comercialização para a nova temporada.
O plantio da safra 2025/26 está praticamente concluído no país, alcançando 80,2% da área total até 5 de dezembro, segundo a Conab. No Rio Grande do Sul, o índice é ainda maior, com 98% das lavouras já semeadas.
Apesar do bom andamento do plantio, a área cultivada foi revisada para baixo, com retração estimada em 8,1% em relação à safra anterior, totalizando 1,6 milhão de hectares. Essa redução pode provocar queda de 12,4% na produção.
A diminuição na área plantada é vista como um possível ponto de equilíbrio entre oferta e demanda, ajudando na recuperação gradual dos preços a partir do próximo ciclo, desde que não haja surpresas climáticas ou desaceleração ainda maior das exportações.
No mercado internacional, o arroz também enfrenta desvalorização. Nos Estados Unidos, as cotações na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam novembro com queda de 3,9%, a USD 225 por tonelada, e seguiram em baixa nos primeiros dias de dezembro, atingindo USD 221/t (-1,5%).
A oferta global robusta é o principal fator de contenção de preços. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial deve atingir 540 milhões de toneladas (arroz beneficiado) em 2025/26, leve redução frente à safra anterior.
Embora a Índia registre aumento na produção, países como Indonésia, Vietnã e Tailândia projetam redução nas colheitas, o que pode ajustar os fluxos comerciais no médio prazo. Nos EUA, produtores enfrentam margens estreitas e queda na competitividade diante da entrada de arroz importado a preços mais baixos.
O governo Donald Trump já sinalizou a possibilidade de elevar tarifas sobre importações asiáticas, em resposta às pressões do setor agrícola norte-americano.
A curto prazo, o cenário do arroz deve continuar pressionado por estoques elevados e exportações abaixo da meta, com preços internos ainda distantes do patamar mínimo estabelecido.
A expectativa é que a redução da área plantada e um maior equilíbrio no comércio internacional possam contribuir para a estabilização das cotações em 2026, embora o setor siga dependente da demanda global e da eficiência nas políticas de escoamento interno.
Fonte: Portal do Agronegócio
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