Na penúltima semana de junho, o mercado nacional de arroz mantém‐se travado, marcado por hesitação de compradores e vendedores, déficit na balança comercial e queda expressiva dos preços. A seguir, confira os principais pontos que explicam esse cenário.
Oferta e demanda sem direção
- Produtores e indústrias alternam‐se entre vender e recuar, sem um fator claro de retomada.
- “Há um vaivém entre oferta retida e demanda cautelosa, num ambiente estruturalmente desequilibrado”, resume Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado.
Balança comercial em terreno negativo
- Entre março e maio, o país registrou déficit de 42,7 mil toneladas em base casca, sinalizando importações acima das exportações.
Exportações frustram expectativas
- Vendas externas praticamente estáveis: 311,3 mil t em 2025 ante 311,7 mil t em 2024.
- Destaques:
- Arroz em casca: alta de 39,9% (México, Costa Rica e Venezuela).
- Arroz quebrado: avanço de 4,5%.
- Arroz beneficiado: queda de 37,7%, com fortes recuos para Peru e Cuba.
Importações mudam de perfil
- Redução geral de 6,3%, mas o arroz descascado cresceu 11%, puxado por Paraguai e Uruguai.
- Esse produto chega quase pronto para o varejo, pressionando a indústria nacional, que já opera com margens negativas.
Efeitos na cadeia e nos preços
- A entrada de arroz estrangeiro mais competitivo amplia a saturação interna e adia investimentos de produtores e indústrias.
- Preço médio da saca de 50 kg (58/62% de grãos inteiros, à vista) no RS:
- R$ 65,59 na quinta‐feira — alta semanal de apenas 0,07%.
- Queda de 11,91% em relação ao mês anterior.
- Desvalorização de 42,10% frente ao mesmo período de 2024.
Perspectiva
Com margens comprimidas, déficit comercial e competição externa crescente, o setor segue sem gatilhos de recuperação. A expectativa é de que a tomada de decisões estratégicas — tanto na lavoura quanto na indústria — permaneça em compasso de espera até que surjam novos elementos de estímulo à demanda ou ajustes na oferta.