Publicado em: 09/05/2025 às 18:40hs
A competitividade do arroz brasileiro no cenário internacional continua enfraquecida, pressionada por fatores internos e externos que dificultam o avanço das exportações. A avaliação é do analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, que aponta perda de mercado e riscos crescentes de acúmulo de estoques no país.
Confira os principais destaques do atual panorama do mercado de arroz.
Segundo Evandro Oliveira, a exportação brasileira de arroz sofreu mais um revés recentemente com a perda de um carregamento de arroz em casca para o Uruguai. O principal fator para esse recuo, de acordo com o analista, está nos preços menos atrativos praticados pelo Brasil, quando comparados aos dos países vizinhos do Mercosul, como Paraguai e Uruguai.
“A rigidez do produtor brasileiro em manter pedidas elevadas, embora compreensível diante dos custos internos, revela um descompasso com a estratégia mais flexível e agressiva dos vizinhos”, explica Oliveira.
Enquanto Uruguai e Paraguai adotam uma abordagem mais pragmática, priorizando liquidez e equilíbrio de mercado, mesmo que isso implique perdas pontuais, o Brasil mantém uma postura mais conservadora. Isso pode resultar em estoques elevados ao fim do ano.
“O Brasil corre o risco de encerrar o ano com significativo volume estocado, enquanto os concorrentes terão limpado seus armazéns”, alerta o consultor.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) revelam um cenário negativo na balança comercial do arroz em abril. O Brasil exportou:
Por outro lado, importou:
Ao converter todos os volumes para a base casca, o resultado foi um déficit de 24,5 mil toneladas no mês.
Evandro Oliveira ressalta que, caso não haja uma mudança na postura comercial — tanto por parte dos produtores quanto dos exportadores — o país poderá enfrentar um cenário de excedente interno, o que tende a pressionar ainda mais os preços.
“Sem revisão urgente na política de comercialização externa, o Brasil corre o risco de agravar a oferta excedente e a retração de preços no mercado interno”, alerta.
Os reflexos da baixa competitividade já são sentidos no mercado interno. No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, a saca de 50 kg de arroz (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) foi cotada na quinta-feira (8) a R$ 76,46, com uma queda de:
O arroz brasileiro enfrenta um momento decisivo. Com a rigidez nos preços e uma estratégia menos agressiva nas exportações, o país corre o risco de perder espaço internacional e enfrentar sérios desafios no mercado interno. A necessidade de ajustes na política comercial torna-se urgente para garantir competitividade e sustentabilidade ao setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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