Publicado em: 12/09/2025 às 10:40hs
A safra 24/25 de algodão em Mato Grosso se aproxima de resultados históricos, com destaque para a produtividade e a qualidade da fibra. Segundo o relatório de 1º de setembro de 2025 do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a produtividade média estimada é de 308,08 arrobas por hectare, 5,61% superior ao ciclo anterior, o que representa a segunda maior produtividade média da série histórica.
A pesquisadora de Fitotecnia da Fundação MT, Daniela Dalla Costa, destacou que as chuvas fora de época contribuíram decisivamente para o desempenho da cultura. “Nas principais regiões produtoras, houve chuva em momentos críticos para o desenvolvimento da planta, favorecendo o enchimento das maçãs e aumentando a produtividade final”, afirmou.
Em ensaios conduzidos pela Fundação MT, em Sapezal, foi observada média de 393 arrobas por hectare, com áreas chegando a 457 arrobas. A pesquisadora alertou, no entanto, que chuvas atípicas não se repetem todos os anos e que a escolha da cultivar, manejo e época de semeadura são fundamentais para alcançar altas produtividades.
De acordo com o IMEA, a área cultivada com algodão no estado está estimada em 1,52 milhão de hectares, um aumento de 4,18% em relação à safra 23/24. A produção total esperada para 24/25 é de 7,04 milhões de toneladas de algodão em caroço, sendo 2,90 milhões de toneladas de algodão em pluma, 11,38% superior ao ciclo anterior.
As chuvas atípicas também ajudaram a compensar atrasos no plantio, causados pelo calendário da soja e pela falta de precipitação no início da safra. A colheita está cerca de 8% atrasada em relação ao ano anterior. O produtor e engenheiro agrônomo Alexandre Schenkel destaca que, apesar do plantio tardio, a safra superou expectativas, com excelente produção e qualidade da fibra (HVI).
O clima e os desafios da safra foram debatidos durante o 17º Encontro Técnico de Algodão, promovido pela Fundação MT em Cuiabá. O produtor Lucas Daltrozo, de Primavera do Leste, ressaltou que a boa produtividade trouxe segurança para o planejamento da próxima safra.
Com a safra 24/25 quase concluída, produtores e especialistas já projetam o próximo ciclo. Márcio Souza, coordenador do Instituto Mato-grossense de Algodão (IMA), prevê possível redução de áreas cultivadas, considerando os custos de produção e a busca pelo máximo de produtividade nas áreas mais favoráveis.
Para o gerente agrícola Fernando Piccinini, do Grupo Bom Jesus, a identificação de áreas mais produtivas foi fundamental para orientar investimentos futuros. “Identificamos talhões acima de 400 arrobas e outros abaixo de 250. A ideia é avaliar o que faremos diferente na próxima safra”, explicou.
Outro ponto de atenção dos cotonicultores é a demanda internacional pela pluma de algodão, estimada em 2,06 milhões de toneladas para a safra 24/25, com competição da fibra sintética. Schenkel destacou a importância de certificações como ABR e Better Cotton, reforçando a qualidade ambiental da fibra brasileira.
Fonte: Portal do Agronegócio
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