Algodão

Safra 2023/24 enfrenta grave surto de bicudo do algodoeiro em Mato Grosso

Especialistas destacam alternativas de combate a pragas e alertam para a necessidade de medidas preventivas urgentes


Publicado em: 16/08/2024 às 11:10hs

Safra 2023/24 enfrenta grave surto de bicudo do algodoeiro em Mato Grosso

A atual safra de algodão em Mato Grosso tem se mostrado particularmente desafiadora devido ao agravamento das pragas, intensificado pela severidade climática. Além do aumento significativo da população do bicudo-do-algodoeiro, os pesquisadores também apontam para os danos causados por lagartas (Spodoptera frugiperda) e pelo ácaro-rajado (Tetranychus urticae). O monitoramento realizado para avaliar a flutuação populacional do bicudo entre safras revelou que a temporada 2023/24 registrou a pior média desde 2012/13 no estado, com 8,97 bicudos capturados por armadilha por semana (BAS), um índice quase quatro vezes superior ao da safra anterior, que teve uma média de 2,15 BAS.

Essa preocupante situação foi exposta durante o painel "Panorama das Pragas na Safra 2023/24", em um evento técnico promovido pela Fundação Mato Grosso. O doutor em Entomologia Agrícola e pesquisador do Instituto Mato-Grossense do Algodão, Guilherme Rolim, elucidou a dinâmica do inseto nas plantações de algodão do estado. Ele destacou que a destruição inadequada das plantas ao fim do ciclo, principalmente devido a condições climáticas desfavoráveis, contribuiu para a proliferação da praga. Segundo ele, o algodão remanescente entre as lavouras de soja favoreceu a permanência do inseto na área.

Guilherme enfatiza que, embora as condições variem a cada safra, medidas preventivas são essenciais para manter a sustentabilidade da produção. Ele recomenda uma destruição eficiente dos restos culturais e a implementação de programas rigorosos de monitoramento com armadilhas de feromônio, que permitem a detecção precoce da praga e possibilitam ações de controle mais eficazes.

O algodão, sendo uma das principais commodities do Brasil, enfrenta desafios significativos, especialmente em Mato Grosso e Bahia, os dois maiores produtores. O fenômeno climático El Niño, que trouxe temperaturas mais altas e tempo seco, acelerou o ciclo de vida das pragas. A ausência de biotecnologia específica para controle do ácaro-rajado e a difícil identificação dos focos iniciais tornaram este ácaro uma preocupação central nesta safra, conforme relatado pela doutora Lúcia Vivan, pesquisadora em entomologia da Fundação Mato Grosso. Ela também chamou atenção para a presença constante da lagarta Spodoptera frugiperda, destacando a importância do monitoramento contínuo e do uso de ferramentas de manejo recomendadas pela fundação.

Cid Reis, gerente técnico regional do grupo Bom Futuro, responsável por 58 mil hectares de algodão, compartilhou sua experiência na safra 2023/24, relatando dificuldades crescentes no manejo do algodoeiro. "Em Campo Verde, projetamos 12 aplicações de defensivos para controlar o bicudo, mas já somamos 15, o que supera nossas expectativas iniciais", afirmou. Diante desse cenário, o grupo está buscando reduzir o número de aplicações, investindo em armadilhas e seguindo as recomendações técnicas para um manejo mais eficaz. Cid comemorou ao constatar que as práticas adotadas pelo grupo estão alinhadas com as orientações dos pesquisadores, reforçando o compromisso com a eficiência no combate às pragas.

Fonte: Portal do Agronegócio

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