Algodão

Qualidade Superior da Fibra Abre Novos Mercados para o Algodão Brasileiro e Consolida País como Líder Global

Especialista em melhoramento genético destaca o papel das biotecnologias na sustentabilidade e crescimento do setor


Publicado em: 12/09/2024 às 08:00hs

Qualidade Superior da Fibra Abre Novos Mercados para o Algodão Brasileiro e Consolida País como Líder Global

A cotonicultura brasileira tem demonstrado avanços notáveis, impulsionados por biotecnologias que visam elevar a produtividade e enfrentar os desafios da produção. Os investimentos contínuos em Pesquisa & Desenvolvimento têm proporcionado resultados expressivos, posicionando o Brasil como um potencial líder global na produção de algodão. Na safra 2023/2024, o país alcançou uma colheita superior a 3,7 milhões de toneladas de algodão, conforme dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Pela primeira vez, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de algodão, superando os Estados Unidos.

Esse crescimento não apenas reflete a capacidade produtiva, mas também as inovações implementadas, como o melhoramento genético, que proporciona resistência a pragas e doenças, além de maior adaptabilidade às condições climáticas adversas. Eduardo Kawakami, head de P&D na TMG - Tropical Melhoramento & Genética, ressalta: “O melhoramento genético tem permitido ao Brasil expandir sua produtividade e melhorar a qualidade da fibra, um fator essencial para consolidar nossa posição no mercado internacional.”

Kawakami observa que essas inovações ajudam a fortalecer as relações comerciais existentes e a abrir novos mercados. Um exemplo recente é a abertura do mercado egípcio para o algodão brasileiro em 2023, tradicionalmente reconhecido pela qualidade de sua fibra. A expectativa é que a demanda pelo algodão brasileiro dobre no ciclo 2024/25, segundo a Abrapa. “A qualidade da fibra é um dos nossos grandes diferenciais. Um manejo adequado e processos eficientes de beneficiamento são cruciais, mas o melhoramento genético é uma parte fundamental desse processo,” complementa.

Desafios Persistentes no Mercado Cotonicultor

Apesar dos avanços, o mercado de algodão brasileiro ainda enfrenta desafios significativos, especialmente com a presença do bicudo-do-algodoeiro. Esta praga, a mais destrutiva da cultura do algodão, limita a produção e compromete a qualidade da fibra. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) informou que a temporada 2023/24 apresentou a pior média populacional dos últimos 12 anos, com 8,97 bicudos por armadilha por semana.

O controle do bicudo exige esforços contínuos em Pesquisa & Desenvolvimento. Kawakami destaca que, embora a biotecnologia ofereça promessas, os resultados podem levar de 10 a 12 anos para serem disponibilizados no mercado. O melhoramento genético, por sua vez, pode demandar até 15 anos ou mais. “Estamos buscando incorporar características específicas no algodão que ainda não estão presentes em nosso banco genético. Isso envolve desafios significativos, desde a identificação de soluções até a garantia de que sejam eficazes contra o bicudo e seguras para o meio ambiente,” explica.

Um desafio específico é o manejo da "destruição de soqueira", que envolve a eliminação dos restos de algodão após a colheita para evitar que o bicudo encontre alimento entre as safras. Também é necessária uma integração mais eficiente com outros cultivos, como a soja, para minimizar o impacto da praga. “Estamos desenvolvendo cultivares de soja que se integrem às biotecnologias existentes e ajudem a controlar o bicudo. A soja resistente ao herbicida 2,4D é uma opção promissora que poderá beneficiar os produtores,” conclui Kawakami.

Fonte: Portal do Agronegócio

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