Algodão

Produção de algodão tem queda ainda maior

Cultura teve menos área e lavouras plantadas fora da janela ideal, sofrendo com o clima


Publicado em: 09/07/2021 às 12:30hs

Produção de algodão tem queda ainda maior

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou as projeções do 10º levantamento da Safra de Grãos 2020/21, nesta quinta-feira (8) e aponta uma redução ainda maior na safra de algodão.

A colheita já começou em algumas regiões produtoras. Além da redução na área plantada (17,9% inferior à temporada passada), o ciclo teve oscilações quanto ao rendimento das lavouras. Muitas áreas, especialmente aquelas que tiveram um plantio mais tardio, registraram períodos de escassez de precipitações em fases críticas do desenvolvimento das plantas, impactando no potencial produtivo da cultura. 

A perspectiva atual é de diminuição também na produtividade média em comparação à safra anterior, devendo perfazer uma produção de 5.757 milhões toneladas de algodão em caroço obtidas ou 2.342  milhões toneladas de algodão em pluma, representando decréscimo de 22% em relação ao resultado alcançado em 2019/20, que foi uma safra de produção recorde para a cotonicultura brasileira. A produtividade média caiu quase 5%, ficando em 1.713 kg/ha.

Na Região Centro-Oeste, considerada a maior região produtora do país, houve diminuição de 18,3% na área plantada em comparação ao visualizado na temporada anterior. No Mato Grosso, principal Estado produtor, houve atraso na janela em função de problemas climáticos na colheita da soja. Áreas plantadas em dezembro têm bom rendimento, enquanto as de março e abril, sofreram com falta de chuva. Dessa forma, a expectativa atual é de redução na produtividade média em comparação a 2019/20 e também na produção total, devendo alcançar um volume final de 3.922,9 mil toneladas de algodão em caroço.

Na Região Nordeste, a Bahia, segundo maior produtor nacional, também apresenta expressiva redução na área plantada em comparação à safra 2019/20, ficando em 269,2 mil hectares semeados, contra 313,7 mil hectares naquele período. Essa diminuição é fruto da retração do mercado ocorrida durante a pandemia de Covid-19, que provocou a paralisação das vendas, além da erradicação de lavouras de segundo ciclo no centro-norte baiano em razão do plano de defesa agropecuário local, visando o combate do bicudo do algodoeiro. A colheita já foi iniciada no estado, exclusivamente nas lavouras manejadas em sequeiro e deve haver redução na produção total em comparação a safra anterior, alcançando cerca de 1.268,7 mil toneladas de algodão em caroço ou 507,5 mil toneladas de algodão em pluma, decréscimo de 14,9% em relação ao volume colhido no ciclo passado.

Já em relação ao consumo interno, dado ao avanço da vacinação, ao menor isolamento e à retomada verificada da economia brasileira, projeta-se a demanda doméstica em 715 mil toneladas, volume 5% superior ao projetado no levantamento anterior. Diante da expectativa de maior consumo das indústrias nacionais e da menor produção da safra 2020/21, há a possibilidade do volume a ser exportado no segundo semestre de 2021 ser menor que o embarcado no mesmo período de 2020. 

A Conab estima para esse ano que o Brasil exporte pouco mais de 2 milhões de toneladas. A perspectiva é que o estoque final de 2021 termine com cerca de 1,3 milhão de toneladas, queda de 7% em relação ao final de 2020. Esse cenário de menor oferta interna deverá manter os preços no mercado doméstico elevados e proporcionar boa rentabilidade ao produtor de algodão.