Publicado em: 21/02/2014 às 19:20hs
Deputado federal até 1991, representando Minnesota por duas décadas, e consultor de Bill Clinton na formação do Nafta (zona de livre comércio da América do Norte),William Frenzel, hoje no Brookings Institution, avalia que o Brasil agiu corretamente ao decidir questionar mais uma vez os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O Brasil tem elementos para abrir novo painel na OMC contra os Estados Unidos?
O programa de subsídios ao algodão é um dos muitos em desacordo com práticas modernas de comércio internacional. Não sei se o Brasil será ou não bem sucedido no painel, mas fico satisfeito que tenha acionado a OMC e levantado o assunto. A maioria dos países tem políticas agrícolas péssimas, baseadas na concessão de subsídios elevados. É verdade para os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e o Brasil. São políticas protecionistas, que buscam incentivar indústrias locais com incentivos errados. Preferia ter competição plena ou abertura a uma negociação direta entre as partes sobre o que julgam ser competição justa.
A Lei Agrícola mudou o quadro?
Esta oportunidade foi perdida. É uma decepção o fato de a nova lei custar tanto quanto a legislação anterior, o que significa que continuaremos a pagar subsídios a um grande número de produtos num grande número de situações. O algodão está neste caso. A maioria dos programas paga mais do que a maioria das pessoas nos EUA acha que é necessário para garantir a produção Agrícola. O pacote reflete a necessidade de manter votos dos produtores Rurais. Estamos pagando preço que está muito acima do que se deve pagar.
A Casa Branca tem como ajustar o programa do algodão ou o Brasil terá de esperar mais cinco anos?
Barack Obama não tem como mudar a legislação sem autorização do Congresso. Já temos um presidente em fim de mandato, que não se relaciona muito bem com o Congresso, então não creio que ele consiga uma manobra dessas. O Brasil vai levar tempo para resolver a questão na OMC, por causa dos procedimentos técnicos. Não vejo solução rápida.
Fonte: O Globo
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