Publicado em: 07/07/2025 às 17:30hs
Há pouco mais de duas décadas, o cultivo de algodão no Cerrado baiano era visto como um desafio. A cultura exigiu investimentos em pesquisa, desenvolvimento de cultivares adaptadas ao solo e clima da região, além da resiliência dos produtores. Hoje, o cenário é outro: a Bahia ocupa a segunda colocação no ranking nacional de produção da fibra, e o Brasil passou de importador para o maior exportador mundial de algodão.
Agora, o mesmo Cerrado que transformou a cotonicultura nacional começa a trilhar um novo caminho com a cultura do cacau. Introduzida na região há apenas sete anos, a cacauicultura já apresenta índices de produtividade muito acima da média global, despontando como a próxima grande força do agronegócio brasileiro.
Segundo Moisés Schmidt, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a trajetória da cacauicultura lembra os primeiros passos do algodão na região. “É uma cultura desafiadora, que exige conhecimento técnico e adaptação, mas encontrou no Cerrado baiano as condições ideais para crescer. Assim como o algodão, o cacau pode colocar a Bahia e o Brasil em nova posição de destaque internacional”, afirmou.
Diferente do modelo tradicional de cultivo sob sombra, o cacau no Cerrado é produzido em sistema regenerativo, com plantio a pleno sol em áreas antes degradadas, aliado ao uso intensivo de tecnologia, irrigação e manejo de precisão.
Os resultados impressionam: a produtividade já varia entre 150 e 250 arrobas por hectare — até dez vezes mais do que a média nacional.
Além disso, a cultura se mostra versátil: pode ser cultivada em pequenas áreas com alta tecnologia e a amêndoa tem baixa perecibilidade, podendo ser armazenada por até seis meses sem perda de qualidade. As características climáticas locais, como estações bem definidas e fartura de recursos hídricos, favorecem o cultivo e incentivam práticas sustentáveis como agroflorestas e sistemas integrados.
O sucesso do cacau já impulsiona a expansão da cultura em diversos municípios do Oeste baiano, como Riachão das Neves, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério, Formosa do Rio Preto e nos vales dos rios Corrente e São Francisco.
Essa diversificação produtiva amplia o dinamismo econômico da região e contribui para a resiliência das propriedades frente às oscilações do mercado.
“Estamos construindo uma nova fronteira para o cacau, com qualidade, tecnologia e sustentabilidade. Esse movimento fortalece a cadeia produtiva, abre espaço para novos mercados e consolida a imagem da Bahia como potência agrícola”, destacou Schmidt.
Para marcar esse novo momento e promover o intercâmbio de conhecimento técnico, a Aiba realiza, de 10 a 12 de julho, a 4ª edição do Cacauicultura 4.0, considerado o maior evento da cultura cacaueira no Brasil.
A programação será distribuída em três dias:
O evento conta com o apoio das prefeituras de Barreiras e Riachão das Neves, do Governo da Bahia e do Governo Federal, além de parcerias com empresas e instituições como Rain Bird, BioBrasil, Netafim, Casa da Lavoura, Centro de Inovação do Cacau (CIC), TRF, Ceplac e a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias