Publicado em: 05/12/2025 às 11:05hs
A Câmara Setorial do Algodão e Derivados realizou, em 2 de dezembro de 2025, seu último encontro do ano, reunindo lideranças da cadeia produtiva para avaliar o balanço da safra 2024/2025 e traçar estratégias para 2026. O encontro foi coordenado por Gustavo Piccoli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), e contou com representantes das associações estaduais da Bahia (Abapa), Goiás (Agopa), Mato Grosso (Ampa), Mato Grosso do Sul (Ampasul), Minas Gerais (Amipa) e Piauí (Apipa).
Também participaram da reunião representantes da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e outras entidades do setor.
Piccoli destacou a necessidade de uma agenda coordenada entre governo e setor privado para fortalecer o consumo de algodão no país e no exterior.
“O crescimento do consumo de algodão depende de políticas públicas que valorizem a fibra natural. Diferente das fibras sintéticas, ela não representa riscos à saúde nem impactos ambientais duradouros. Essa pauta precisa avançar simultaneamente no mercado interno e internacional”, afirmou.
Ele reforçou a atuação da Abrapa em viabilizar instrumentos financeiros como o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Prepo) e linhas de crédito específicas do BNDES, garantindo que os produtores possam aguardar melhores preços sem comprometer a liquidez da atividade.
O diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, explicou que o acesso a esses instrumentos é decisivo diante da volatilidade de preços e aumento dos custos financeiros, preservando a capacidade de investimento e competitividade da cotonicultura nacional.
A projeção para a safra 2026 indica uma redução de 5,5% na área plantada em relação a 2025, resultando em uma produção estimada de 3,829 milhões de toneladas, queda de 9,9% frente às 4,1 milhões de toneladas de 2024/2025.
O presidente da Ampa, Orcival Guimarães, citou endividamento do setor e juros elevados como fatores de cautela, enquanto a presidente da Abapa, Alessadra Zanotto, reforçou que a diminuição da produção também atinge a Bahia, sobretudo em áreas não irrigadas.
O diretor de relações internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, apresentou dados que confirmam que o Brasil segue como maior exportador de algodão, embora com receita menor devido à queda dos preços internacionais.
A projeção do Cotton Brazil indica que o país deve alcançar 33% do market share global em 2026, com 3,1 milhões de toneladas exportadas, aumento de 2% na participação global. A China permanece como principal comprador, representando 20% das importações brasileiras, seguida pela Índia, com 92 mil toneladas e 17% de participação.
Duarte destacou o papel da Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex) no crescimento das exportações, ressaltando que a receita da pluma nacional dobrou de US$ 2,6 bilhões em 2019 para US$ 5,2 bilhões em 2024.
O presidente da Anea, Dawid Wajis, pontuou que a conjuntura internacional ainda gera incertezas, apesar do acordo comercial entre EUA e China.
O presidente emérito da Abit, Fernando Pimentel, destacou que a indústria nacional enfrenta desafios competitivos, especialmente com o preço do fio importado da China, inferior ao algodão exportado pelo país asiático.
“Essa assimetria compromete a competitividade da indústria brasileira e exige medidas que protejam uma cadeia estratégica para o país”, afirmou.
Pimentel também apontou o avanço das fibras sintéticas, que passaram de 37% do consumo industrial em 2005 para 56% em 2025, e apresentou uma proposta de agenda integrada para ampliar o consumo de algodão no Brasil, baseada em cinco eixos: pesquisa e inovação; competitividade e mercado; comunicação e sustentabilidade; articulação institucional; e inteligência de mercado.
A próxima reunião está agendada para 23 de março de 2026, quando serão retomadas as discussões sobre competitividade, expansão do consumo interno e fortalecimento internacional do algodão brasileiro.
Fonte: Portal do Agronegócio
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