Publicado em: 05/09/2024 às 12:00hs
O Brasil tem se consolidado como um dos principais líderes globais na produção de algodão, graças aos avanços significativos em biotecnologia que buscam aumentar a produtividade e enfrentar os desafios do campo. Com investimentos contínuos em Pesquisa & Desenvolvimento, o país tem registrado um desempenho notável, que o coloca como um sério candidato ao título de maior produtor mundial. Na safra 2023/2024, a colheita superou 3,7 milhões de toneladas, conforme dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Pela primeira vez na história, o Brasil também se tornou o maior exportador de algodão do mundo, superando os Estados Unidos.
Esse avanço não reflete apenas o aumento da produção, mas também as inovações implementadas nos últimos anos, como o melhoramento genético, que tem proporcionado maior resistência a pragas e doenças, além de melhor adaptabilidade às condições climáticas adversas. Eduardo Kawakami, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento na TMG - Tropical Melhoramento & Genética, destaca que "o melhoramento genético não só permite ao Brasil expandir sua produtividade, mas também aprimorar a qualidade da fibra, um fator essencial para consolidar nossa posição no mercado internacional."
O especialista aponta que essas inovações têm sido fundamentais para fortalecer as relações comerciais já existentes e abrir novos mercados para o algodão brasileiro. Um exemplo disso é o Egito, conhecido mundialmente pela qualidade de sua fibra de algodão, que abriu seu mercado para as exportações brasileiras em 2023. A expectativa é que a demanda pelo algodão brasileiro dobre no ciclo 2024/25, segundo a Abrapa. "A qualidade da fibra é um dos nossos grandes diferenciais. Além de um manejo adequado e processos eficientes de beneficiamento, o melhoramento genético é parte intrínseca desse processo", acrescenta Kawakami.
Apesar dos avanços, a cotonicultura brasileira ainda enfrenta desafios significativos, especialmente relacionados ao controle do bicudo-do-algodoeiro, principal praga da cultura. Com um alto potencial destrutivo, o bicudo limita a produção e afeta a qualidade da fibra. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) revelou que a temporada 2023/24 registrou a pior média populacional em 12 anos, com 8,97 bicudos por armadilha por semana.
O controle dessa praga é complexo e exige esforços contínuos em pesquisa e desenvolvimento. Kawakami explica que, embora promissora, a biotecnologia é um processo de médio a longo prazo, podendo levar de 10 a 12 anos para que soluções estejam disponíveis no mercado. Quando se trata de melhoramento genético, o desafio é ainda maior, podendo demandar 15 anos ou mais. "Estamos falando de um atributo que ainda não temos em nosso banco genético, e que, de forma geral, o mercado também não possui. Precisamos buscar biotecnologias para incorporar essas características no algodão, o que envolve desafios significativos, desde encontrar a solução ideal até garantir sua eficácia contra o bicudo e segurança ambiental," ressalta.
Entre os desafios específicos está o manejo chamado "destruição de soqueira", que envolve a eliminação dos restos de algodão após a colheita para evitar que o bicudo encontre alimento durante o intervalo entre safras. Há também a necessidade de uma integração mais eficiente entre cultivos, como a soja, para reduzir o impacto da praga. "Estamos desenvolvendo cultivares de soja que se integrem a essas biotecnologias e promovam um controle mais eficiente. Já temos opções promissoras, como a soja resistente ao herbicida 2,4D, que podem beneficiar os produtores", afirma Kawakami.
O 14º Congresso Brasileiro do Algodão, que ocorrerá de 3 a 5 de setembro em Fortaleza (CE), será uma oportunidade para apresentar as mais recentes inovações na cotonicultura brasileira. Com o objetivo de atender às demandas dos produtores e continuar contribuindo para o crescimento do mercado, a TMG lançará três novas cultivares durante o evento, sendo duas delas com a biotecnologia Bollgard® Xtend, que conferem tolerância à ramulária, além de alta produtividade e qualidade de fibra. Essas cultivares também são tolerantes a herbicidas como glifosato, glufosinato e dicamba, além de oferecer proteção contra seis tipos de lagartas, incluindo a Spodoptera.
A TMG também expandirá seu portfólio com a TMG63XF, uma cultivar para refúgio conhecida por seu alto potencial produtivo e qualidade de fibra. Com esses lançamentos, a empresa reforça seu compromisso com a inovação e o alto desempenho, passando a contar com 17 cultivares em seu portfólio, focadas em oferecer soluções avançadas para o produtor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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