Algodão

Brasil caminha para nova safra recorde de algodão com valorização dos preços domésticos

Exportações crescem e mercado interno se descola de Nova York com apoio da demanda externa


Publicado em: 30/06/2025 às 18:40hs

Brasil caminha para nova safra recorde de algodão com valorização dos preços domésticos

O mercado brasileiro de algodão mostra forte desempenho em 2025, impulsionado por fatores externos e internos. As exportações de pluma cresceram 9% nos últimos dez meses em comparação ao mesmo período do ano anterior, apoiadas por uma safra recorde em 2023/24, queda nos embarques norte-americanos e pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o que favoreceu a competitividade do Brasil no cenário global. Com isso, o país deve manter-se, pelo segundo ano seguido, como o maior exportador mundial da fibra.

Essa expansão nas vendas externas elevou os preços no mercado interno, mesmo diante da queda observada nas cotações internacionais. Em junho de 2025, os preços domésticos registraram aumento de 13% na comparação anual, enquanto os contratos da bolsa de Nova York (ICE) recuaram 9% no mesmo período. De acordo com análise do Rabobank, esse descolamento se deve à firme demanda externa e aos prêmios positivos pagos pela pluma brasileira.

A safra 2024/25 confirma a tendência de crescimento, com aumento de 6% na área plantada e condições climáticas majoritariamente favoráveis. A produção nacional está estimada em 4 milhões de toneladas, o que representa um avanço de 8% em relação ao ciclo anterior. No entanto, algumas áreas do Norte e Nordeste enfrentaram chuvas irregulares, o que pode gerar variações regionais de produtividade.

No cenário global, a produção de algodão deve sofrer leve retração em 2025/26, influenciada pela queda nas lavouras da Índia e do Paquistão. Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura (USDA) estima uma produção de 3 milhões de toneladas — 3% inferior à safra passada. Desde 2023/24, a produção brasileira já supera a dos norte-americanos, reflexo da maior resiliência do setor agrícola nacional frente a oscilações climáticas e de mercado.

O consumo global, por sua vez, deve registrar um leve crescimento. A recente valorização do petróleo, impulsionada por conflitos no Oriente Médio, pode favorecer o uso de fibras naturais, como o algodão, em substituição às sintéticas. Essa dinâmica deve levar a uma leve redução de 1% nos estoques globais ao final do ciclo 2025/26. Mesmo assim, o Rabobank aponta que essa contração não será suficiente para provocar uma recuperação significativa nos preços internacionais no curto prazo.

A colheita da atual safra teve início no começo de junho e já alcança 3% da área plantada, segundo dados da Conab. O tempo seco previsto para as próximas semanas tende a favorecer o avanço das atividades de campo.

Apesar do bom momento, o Rabobank destaca que a comercialização da pluma da safra 2024/25 ainda está abaixo da média histórica. Segundo o IMEA, até o momento, 63% da produção foi vendida — avanço de três pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024, mas ainda oito pontos abaixo da média dos últimos cinco anos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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