Algodão

Anea projeta aumento nas exportações de algodão e mira expansão do consumo global

Brasil mantém liderança mundial nas exportações de algodão


Publicado em: 05/12/2025 às 09:30hs

Anea projeta aumento nas exportações de algodão e mira expansão do consumo global
Foto: Brado

Mesmo diante de um cenário de ampla oferta global e incertezas econômicas, o Brasil deve continuar ampliando sua presença no mercado internacional de algodão. A avaliação é da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), que destaca a qualidade do produto brasileiro e a diversificação dos destinos como fatores decisivos para sustentar o crescimento das exportações.

As projeções foram apresentadas durante a 81ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, realizada na terça-feira (2/12), em ambiente virtual. O encontro integra as 31 câmaras setoriais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e é presidido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), reunindo representantes de toda a cadeia produtiva — de produtores e exportadores à indústria têxtil, representada pela Abit.

Exportações crescem mesmo com safra atrasada e mercado desafiador

Segundo o presidente da Anea, Dawid Wajs, o Brasil conseguiu manter o ritmo de crescimento nas exportações, mesmo com o atraso da safra. Esse desempenho, aliado à diversificação de mercados, garantiu ao país a liderança mundial nas exportações de algodão, reduzindo a dependência de regiões afetadas por tensões geopolíticas.

“Temos conseguido superar os resultados dos anos anteriores, mantendo a consistência mesmo em um cenário global incerto”, afirmou Wajs. “Nosso foco agora é ampliar o consumo mundial de algodão, especialmente diante da concorrência dos tecidos sintéticos, favorecidos pelos baixos preços do petróleo”, completou.

Brasil deve exportar 3,2 milhões de toneladas na safra 2025/26

De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados pela Anea, o Brasil deve exportar 3,2 milhões de toneladas de algodão entre julho de 2025 e junho de 2026 — um avanço em relação às 2,9 milhões de toneladas registradas no ciclo anterior.

O país manteve 32% de participação no mercado global, à frente dos Estados Unidos (27%) e da Austrália (11%). Já a produção nacional foi estimada em 4,25 milhões de toneladas de pluma, segundo a Abrapa, das quais cerca de 760 mil toneladas permanecem destinadas à indústria têxtil brasileira. O restante é exportado para destinos como China, Vietnã, Bangladesh, Turquia e Paquistão.

Índia ganha protagonismo nas importações de algodão brasileiro

Um dos destaques da atual temporada é o crescimento das importações indianas, resultado de uma política tarifária temporária que isenta de impostos o algodão importado até 31 de dezembro de 2025.

“A Índia já responde por 16% das exportações brasileiras na nova temporada, aproveitando um momento de demanda internacional curta e preços baixos”, explicou Wajs.

Entre julho e outubro, o Brasil embarcou 677 mil toneladas de algodão, e novembro já soma 325 mil toneladas, com expectativa de fechar o mês com volume ainda maior.

Mercado global segue pressionado por alta oferta e estoques elevados

O cenário internacional continua desafiador. Conforme os números do USDA, a produção mundial em 2025/26 deve atingir 26 milhões de toneladas, praticamente empatada com o consumo global, estimado em 25,8 milhões de toneladas. Esse equilíbrio, somado aos altos estoques de passagem, contribui para a queda das cotações, que giram em torno de US$ 0,65 por libra-peso para março de 2026, na Bolsa de Nova York.

Além disso, questões geopolíticas e conflitos internacionais ampliam a instabilidade do mercado.

Ação conjunta impulsiona imagem do algodão brasileiro

O presidente da Anea destacou que o trabalho conjunto entre Anea, Abrapa e ApexBrasil, por meio do programa Cotton Brazil, tem sido essencial para consolidar o produto brasileiro no exterior.

“Mesmo com preços baixos e uma safra volumosa, temos conseguido manter um ritmo forte de exportações. A união da cadeia do algodão é o que garante nossa resiliência diante de momentos desafiadores”, ressaltou Wajs.

Setor busca apoio do governo para escoar produção recorde

O presidente da Abrapa, Gustavo Picolli, também reconheceu os desafios que o setor enfrenta para escoar quase quatro milhões de toneladas de algodão, especialmente diante dos altos estoques da safra anterior.

“Estamos em diálogo com o governo federal em busca de uma linha de crédito que permita a retenção do algodão, além de outras soluções para aliviar o mercado. Temos confiança de que, com união, vamos superar este momento”, afirmou.

Fonte: Portal do Agronegócio

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