Publicado em: 31/10/2025 às 10:30hs
O algodão produzido em Mato Grosso enfrenta um cenário de queda na competitividade internacional. De acordo com o boletim informativo do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as paridades de exportação têm registrado recuo contínuo nos últimos meses, reflexo da desvalorização do dólar e da queda das cotações da pluma na bolsa de Nova York.
Entre 20 e 24 de outubro, a paridade para julho de 2026 foi cotada a R$ 122,82 por arroba, enquanto a de dezembro de 2025 ficou em R$ 110,05/@. Esses valores representam quedas de 10,97% e 11,72%, respectivamente, em relação aos observados em julho deste ano.
A combinação desses fatores resultou em redução nos preços internos. A pluma do indicador Cepea/Esalq foi negociada a R$ 348,27/lp, recuo de 1,10% na comparação semanal. Já o preço médio estadual apurado pelo Imea ficou em R$ 106,12/@, mantendo tendência de baixa.
O dólar comercial (Ptax compra) também influenciou negativamente o mercado, registrando queda de 1,34% na semana, e encerrando o período em R$ 5,38. Segundo o Imea, fatores como a valorização da economia chinesa, a alta do petróleo e os juros elevados no Brasil contribuíram para essa desvalorização cambial.
Com a moeda norte-americana enfraquecida, o poder de competitividade das exportações brasileiras se reduz, tornando o algodão mato-grossense menos atrativo no mercado internacional.
Até o final de outubro, a comercialização da safra 2024/25 atingiu 69,97%, enquanto a safra 2025/26 chegou a 31,90%. Apesar do avanço, o Imea alerta que a manutenção das paridades em níveis baixos pode impactar o ritmo de vendas e reduzir a margem de lucro dos produtores nos próximos meses.
Em contrapartida, o mercado do caroço de algodão apresentou recuperação em outubro, mesmo após o fim da colheita e sob a pressão sazonal típica do período. Segundo o Imea, o preço médio atingiu R$ 947,43 por tonelada na semana encerrada em 23 de outubro, uma alta de 5,97% frente ao valor registrado no final de agosto (R$ 894,04/t).
Essa valorização está diretamente ligada ao aumento da demanda por óleo de algodão, impulsionada pela decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que elevou a mistura obrigatória de biodiesel no diesel para 15%, em vigor desde 1º de agosto de 2025.
Com a nova política energética, a indústria ampliou a procura por matérias-primas oleaginosas, especialmente o óleo extraído do caroço de algodão, o que deu suporte às cotações mesmo com a normalização da oferta após a entressafra. O óleo de algodão também apresentou valorização, reforçando o papel desse coproduto na formação de preços do setor.
Enquanto o caroço subiu, a torta de algodão teve recuo de 1,10%, sendo negociada a R$ 941,75/t, evidenciando a influência diferenciada da demanda industrial sobre cada derivado da pluma.
Os preços do caroço variaram entre as principais praças do estado: em Sapezal, a média ficou em R$ 940,00/t, enquanto em Campo Verde permaneceu estável em R$ 977,00/t. A expectativa é de que a demanda industrial continue sustentando o mercado interno, enquanto o segmento exportador segue pressionado pela queda do dólar e pelas cotações externas desfavoráveis.
Fonte: Portal do Agronegócio
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