Publicado em: 16/06/2014 às 18:10hs
A fibra obtida por aqui é vendida para mais de 40 países. “O Brasil conquistou respeito como fornecedor de fibra de qualidade e é considerado um dos principais ‘players’ do mercado mundial”, afirma Rodinei Roque Frangiotti, coordenador do grupo de qualidade da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), entidade situada em Brasília (DF) e que congrega nove associações estaduais. “O nosso produto é considerado um dos melhores do mundo. O Brasil fica atrás apenas da Austrália e da Grécia. Resultado que vem das variedades de sementes de alto padrão, afinal, são elas que definem a qualidade da fibra, outro fator positivo é a capacitação dos nossos produtores, pois sabem bem plantar e colher”, diz.
Mas, também estão dê olho no mercado. Dados do próprio Abrapa apontam que os dois países se encontram à frente do Brasil, por ter características particulares de produção, a fibra grega, por exemplo, é mais longa. Já a cultura na Austrália realiza a irrigação de forma diferenciada aos produtores brasileiros. “Eles fazem da maneira que vai da necessidade da planta durante o processo de cultivo”, diz.
Por outro lado, o Brasil abriu uma enorme capacidade de suprir o mercado internacional e com qualidade, como lembra o coordenador. Fatores climáticos ocorridos daqueles países, em meados de 2005 a 2010, fizeram o Brasil ultrapassá-los.
Foco nas Fibras
E quando se fala de condições para as qualidades: “O melhor algodão da região do Cerrado será no máximo o do tipo 3, podendo até ser do tipo 4”, avalia Fábio Aquino de Albuquerque, pesquisador da Embrapa Algodão. “Mundialmente há uma classificação de 1 até 7, só que aqui no Brasil, essa classificação vai de 1 a 4. O algodão de tipo 1, é justamente o colhido à mão e terá uma porcentagem insignificante de impurezas na pluma, como restos de folhas ou galhos das plantas. O que é justamente o contrário que ocorre quanto há a colheita mecanizada da lavoura, e aí só mesmo com um beneficiamento posterior para limpar essas sujeiras que ficaram no algodão”, diz.
Além disso, no quesito características, Frangiotti diz que atualmente o algodão brasileiro gira, por exemplo, em torno de 60% de espessura do nível esperado. “Já a resistência é 86% igual ou superior a 28 no grau de tensão. Vale lembra que o pedido pelo mercado é 27”. Em relação ao comprimento do algodão, o Brasil tem 86% de sua produção num nível igual ou superior a um e oitavo, ou seja, é considerada uma fibra longa e de qualidade. Outro ponto importante é a coloração e brilho do produto. Ele diz que a média nacional dos algodões tipos 11, 21 e 31 é de 52%. Já o 41 está na casa dos 38%. “Quanto menor a numeração, melhor e mais fino é o algodão”, explica.
Situação favorável
Segundo a estimativa de safra, a Conab apontou o algodão como a melhor alternativa de plantio na Região Centro-Oeste, sobretudo em Mato Grosso. De acordo com os técnicos da entidade, a perspectiva de aumento da receita fundamenta o incremento observado na área de plantio. Por isso, ao percorrer as principais estradas de Mato Grosso ou sobrevoar suas infindáveis áreas de plantio nos primeiros meses do ano, já era possível avistar a brancura dos botões que ali florescerão. Aliás, o estado mato-grossense oferece a melhor vista para a cultura.
O engenheiro agrônomo e diretor executivo da Algotêxtil Consultores Associados Ltda, Pedro Carlos Calgaro, afirma que dos Estados de Mato Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul e Goiás e que saem as fibras de maior qualidade, com visual exigido pelo mercado. “Hoje, a qualidade é mais do que nunca é fundamental, uma vez que, o mercado brasileiro se encontra com redução de consumo por parte da indústria. Fator atrelado ao ingresso de fibra sintética importada da Ásia. Há uma competição com as nossas fibras naturais, o que acarreta uma redução na comercialização do produto final”, lembra.
Frangiotti diz que mesmo com esta “invasão” do sintético, a indústria ainda busca algodão de excelência, que venha do produtor. “Nesta safra devemos produzir um milhão e meio de toneladas. Destes, cerca de 600 mil toneladas vão para exportação, e nos sobra 700 mil toneladas de algodão de qualidade para o uso interno”, frisa.
Para isso, todas as regiões brasileiras que produzem algodão manterão um produto de qualidade semelhante. O que pode interferir e difere uma da outra, são as condições climáticas. “Se na época de colher, estiver chovendo, o produto poderá ter uma pequena perda qualitativa na cor e no brilho”. Já em regiões ensolaradas e secas, ele diz que se obtém um algodão mais branco, mais brilhante, mas com interferência no comprimento e na resistência da fibra. “De maneira geral em todo Brasil, o nosso ‘ouro branco’ é bastante similar”, diz.
Fonte: Revista Rural
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