Soja

Retenções podem levar Argentina a plantar menos soja, avalia consultoria

Segundo a INTL FCStone, tendência é de migração para o milho e, com a safra plantada, país por ficar fora do mercado internacional de trigo


Publicado em: 11/09/2018 às 18:40hs

Retenções podem levar Argentina a plantar menos soja, avalia consultoria

A decisão do governo da Argentina de voltar a cobrar imposto de exportação de todos os setores da economia afeta a competitividade dos grãos do país. Especialmente da soja, que pode ter redução de área, de acordo com a consultoria INTL FCStone. Como medida para aumentar a arrecadação, o presidente Maurício Macri anunciou na semana passada as retenções, que serão de 3 a 4 pesos por dólar exportado e devem permanecer até 2020.

“Este esquema de retenções de exportação é caracterizado por sua dependência das oscilações do dólar. Isso se deve ao fato de que, embora seja fixo, diante das variações da taxa de câmbio, a incidência poderia variar. Se a taxa de câmbio subir, a incidência é menor; se o dólar cair, a incidência será maior”, explica Ricardo Passero, consultor da INTL FCStone no escritório da Argentina, em nota divulgada pela empresa.

Citando dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a consultoria destaca só nas últimas três safras, a superfície semeada com soja na Argentina caiu 10,4%, o equivalente a 2,1 milhões de hectares. Com a taxação, os produtores devem ficar menos estimulados a plantar a oleaginosa. Apesar de também ficarem menos competitivos, a taxação sobre cereais tende a ser menor.

Desta forma, agricultores que teriam a intenção de plantar soja podem migrar, principalmente para o milho, mesmo com a possibilidade de perda de mercados pode conta dos impostos de exportação. Os analistas da INTL FCStone afirma que a cultura foi bastante beneficiada no governo Macri e teve um aumento de área de 40% nos ciclos agrícolas recentes. O plantio passou de 3,9 milhões na temporada 2015/2016 para 5,4 milhões na 2017/2018.

Quando anunciou as volta das retenções, na última segunda-feira (3/9), o presidente argentino Maurício Macri deixou de lado uma de suas principais promessas de campanha: a de eliminar taxas de exportação. Em seu discurso procurou passar a imagem de que estava tomando a decisão por necessidade, não por vontade. A medida desagradou o setor agropecuário argentino.

No caso do trigo, o efeito da retomada dos impostos pode ser maior que no milho, a considerar o que dizem os consultores da INTL FCStone. Com a safra nova ainda em desenvolvimento no campo, a Argentina pode ficar fora do mercado global em um ano de aumento de área. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, foram plantados 6,1 milhões de hectares.

“Caso a Argentina tenha uma grande colheita, os produtores terão que receber preços menores para compensar a taxa e conseguirem escoar a safra para fora do Mercosul”, pondera o analista de mercado João Macedo, de acordo com o divulgado pela consultoria.

Fonte: GLOBO RURAL

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