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Preço da soja atinge recorde no Brasil e abre janela para fixação, diz Itaú BBA

Segundo o Cepea, trata-se também do maior valor mensal desde setembro de 2018, em termos reais


Publicado em: 08/05/2020 às 19:00hs

Preço da soja atinge recorde no Brasil e abre janela para fixação, diz Itaú BBA

Os preços da soja alcançaram valores nominais recordes no Brasil na esteira da forte desvalorização do real ante o dólar e também do elevado ritmo de exportações do grão, o que abre uma janela de oportunidade para fixação de contratos, avaliou o Itaú BBA nesta segunda-feira.

O Indicador Esalq/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR), no porto, subiu 7,7% entre março e abril, para a média de 102,30 reais por saca de 60 quilos no mês passado, a maior desde setembro de 2018, em termos reais ---valores deflacionados pelo IGP-DI de março/20-informou o Cepea nesta segunda-feira.

Já o Indicador Cepea/Esalq Paraná avançou 7,8% na variação mensal, com média de 95,19 reais por saca de 60 quilos em abril, a maior para um mês de abril desde 2004, em termos reais. Segundo o Cepea, trata-se também do maior valor mensal desde setembro de 2018, em termos reais.

Na mesma linha, o Itaú BBA destacou, em análise, que as cotações para a safra 2020/21 convertidas em moeda local também se apreciaram, com fixações para o município de Sorriso (MT) em torno de 85 reais por saca.

"Esses são patamares que não devem passar despercebidos pelos produtores diante dos riscos para as cotações na próxima safra", afirmou o banco de investimentos.

Dentre os fundamentos que podem levar ao recuo nos preços da oleaginosa durante a safra que vem, o Itaú BBA disse, sem detalhar em números, que os estoques finais da safra 2019/20 ainda serão elevados, mesmo após as perdas na produção do Rio Grande do Sul causadas pela seca.

Além disso, a expectativa é de aumento de área de soja nos Estados Unidos, em parte, segundo a análise, pela recuperação do que foi deixado de plantar no ano passado por problemas climáticos, mas também devido à redução na atratividade do milho.

Os preços do cereal foram fortemente afetados pela recuo na demanda por combustíveis, após as medidas de isolamento social adotadas pelos governos para conter a disseminação do coronavírus, aliadas à crise no setor de petróleo. Cerca de um terço da produção de milho nos EUA é destinada para a fabricação de etanol.

Para o Itaú BBA, o cenário de expansão da área de soja norte-americana somado à normalidade da próxima safra na América do Sul deve deixar o balanço de oferta em níveis confortáveis, mesmo com o consumo global aquecido.

"Isso tende a reduzir o espaço para grandes altas das cotações (da oleaginosa) em Chicago mesmo assumindo aumento das exportações dos Estados Unidos."

Quanto ao prêmio pago pela soja nos portos brasileiros, que estão acima das médias históricas, o banco acredita em possíveis reduções na temporada de 2020/21, pois parte da demanda chinesa tende a ser suprida com o grão norte-americano, devido à fase 1 do acordo comercial assinada entre China e EUA.

"De fato, a cotação do prêmio para março/21 vem perdendo força nas últimas semanas", afirmou o banco.

O banco ainda destacou que a taxa de câmbio corre o risco de recuar à medida que as incertezas em torno dos efeitos da pandemia do coronavírus diminuam. "Uma volta da taxa de câmbio para os patamares pré Covid-19 pode reduzir substancialmente o valor da saca de soja em reais", alertou.

Fonte: Reuters

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