Soja

Os dois lados da disputa EUA-China

O Brasil poderá aumentar suas exportações de soja e de carne suína para a China, no rastro da guerra comercial entre Pequim e Washington, mas poderá enfrentar concorrência americana na América Latina


Publicado em: 10/07/2018 às 09:20hs

Os dois lados da disputa EUA-China

O Brasil poderá aumentar suas exportações de soja e de carne suína para a China, no rastro da guerra comercial entre Pequim e Washington, mas poderá enfrentar concorrência americana na América Latina.

A avaliação está no relatório "Perspectivas Agrícolas 2018-2027" da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Agência da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO), divulgado ontem. A China é o maior parceiro comercial dos EUA. Os americanos tiveram um déficit comercial de US$ 375 bilhões com os chineses no ano passado, mas obtiveram superávit de US$ 20 bilhões nos produtos agrícolas.

Os Estados Unidos impuseram sobretaxas às importações de aço e alumínio da China e também por causa de questões de propriedade intelectual. Pequim reagiu sobretaxando vários produtos agrícolas provenientes dos EUA.

Cerca de 60% da soja que os americanos exportam são destinadas à China, que é bastante dependente de importações para atender suas necessidades domésticas. Em 2017, o país asiático importou 96 milhões de toneladas de soja, absorvendo 64% das exportações mundiais da commodity, enquanto sua produção da oleaginosa foi de apenas 13 milhões de toneladas.

Com a sobretaxa à soja americana, Pequim poderá compensar a redução das compras nos EUA adquirindo mais soja no Brasil e na Argentina, observam a OCDE e a FAO no relatório.

Isso poderá resultar numa reconfiguração de grande amplitude do comércio, segundo o relatório. Os EUA poderão reorientar suas exportações a outros mercados - para a Europa e a América Latina, por exemplo - quando a diferença de preços entre a soja americana e a brasileira aumentar consideravelmente. As duas entidades já veem sinais disso.

As exportações brasileiras de carne suína também podem ser beneficiadas. Os chineses são os maiores produtores e importadores mundiais dessa proteína. Em 2017, produziram mais de 53 milhões de toneladas, ou 45% da produção mundial. A expectativa é que Pequim escolha outros fornecedores de carne suína, como a União Europeia (UE), o Canadá e o Brasil, para evitar altas fortes no preço doméstico.

Ainda conforme o relatório, os efeitos globais da guerra comercial entre americanos e chineses, pelo menos no capítulo agrícola, deverão ser limitados, porque se tratam de produtos que a China pode importar de outros países e os EUA podem vender para outros mercados.

Fonte: Avisite

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