Assuntos Jurídicos

Monsanto é condenada a pagar quase US$ 300 milhões a jardineiro com câncer

Jardineiro com câncer terminal consegue parecer favorável da justiça após desenvolver câncer agressivo pelo uso do Roundup, herbicida da Monsanto


Publicado em: 23/08/2018 às 11:45hs

Monsanto é condenada a pagar quase US$ 300 milhões a jardineiro com câncer

Um juiz da Califórnia condenou recentemente a Monsanto, que é uma das maiores produtoras de herbicidas e agrotóxicos do mundo, a pagar cerca de US$ 290 milhões de indenização a um jardineiro com câncer terminal, após ficar comprovado que existiu uma ligação direta entre o desenvolvimento da doença e o uso de um dos principais herbicidas da empresa, o Roundup.

Dewayne Johnson, de 46 anos, alegou que durante vários anos fez uso profissional do Roundup enquanto trabalhava como jardineiro de uma escola em Benicia, na Califórnia. Em 2014, Dewayne foi diagnosticado com um Linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer bastante agressivo, que afeta os glóbulos brancos do portador. Em seu parecer, o juiz responsável pelo processo entendeu que a empresa deveria ter alertado melhor os consumidores sobre as propriedades cancerígenas do seu produto.

Após a condenação, a Monsanto declarou em um comunicado oficial que se solidariza com Dewayne Johnson e seus familiares, mas que irá recorrer dessa decisão. Ainda nesse comunicado, a empresa destacou que permanecerá defendendo o seu produto, o qual tem mais de 40 anos de mercado e auxilia no trabalho de milhões de fazendeiros e agricultores ao redor do mundo.

Controvérsias envolvendo a empresa

Fundada no ano de 1901, em Missouri, a Monsanto comercializa agrotóxicos e herbicidas desde a década de 40 e, em 2016, foi vendida para a Bayer pelo montante de US$ 66 bilhões. Apesar de negar com veemência qualquer relação entre os seus herbicidas e agentes cancerígenos, a reputação da empresa tem sido colocada à prova nos últimos anos.

Ao longo do processo envolvendo o jardineiro Dewayne Johnson, um tribunal federal dos Estados Unidos teve acesso a e-mails internos trocados por funcionários da Monsanto. Neles, foi sugerido que a empresa realizou por conta própria estudos que negassem a ligação entre os seus produtos e propriedades cancerígenas, e posteriormente atribuiu essas pesquisas a acadêmicos renomadas nessa área.

Novos casos a vista?

De acordo com um dos advogados de Dewayne Johnson, Brent Wisner, o veredito desse caso é uma prova incontestável de que o herbicida Roundup oferece danos a saúde. Apesar desse ter sido o primeiro processo acusando o produto da Monsanto de ter compostos cancerígenos, o advogado acredita que o parecer favorável do caso irá influenciar mais pessoas prejudicadas pelos produtos da empresa a procurarem a justiça.

A equipe de defesa do jardineiro também contou com o advogado ambientalista Robert F. Kennedy Jr, sobrinho do ex-presidente norte-americano John Kennedy. Assim como Brent, Robert Kennedy destacou que o parecer do juri foi uma mensagem clara para a Monsanto, sinalizando que a empresa precisa mudar sua estrutura pois, caso contrário, é muito provável que novas indenizações milionárias como essa ocorram nos próximos anos.

Com a grande repercussão desse processo, vários grupos de ambientalistas se manifestaram a favor da condenação da Monsanto. Para Zen Honeycutt, fundadora e diretora executiva de uma ONG, o veredito desse processo foi uma vitória para toda a humanidade e um avanço na luta contra o princípio ativo glifosato, que é um dos componentes do Roundup.

Fontes:

 

Fonte: Ana Costa/userp.biz

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