Análise de Mercado

INTERNACIONAL: Guerra econômica dos EUA leva Pequim a investir mais na Europa

Outras guerras econômicas, além das sobretaxas impostas pelo governo de Donald Trump contra a China, estão ocorrendo de maneira menos aparente e empurrando Pequim a investir mais na Europa


Publicado em: 24/09/2018 às 17:00hs

INTERNACIONAL: Guerra econômica dos EUA leva Pequim a investir mais na Europa

Outras guerras econômicas, além das sobretaxas impostas pelo governo de Donald Trump contra a China, estão ocorrendo de maneira menos aparente e empurrando Pequim a investir mais na Europa, apontam alguns analistas. "Antes de tudo, a guerra comercial não é uma guerra comercial, é uma tentativa de conter o desenvolvimento econômico da China", avaliam dois especialistas do banco francês Natixis em Cingapura, Alicia Garcia Herrero e Jianwei Xu.

Primeira rodada - Eles dizem que a primeira rodada de sobretaxas dos EUA visou limitar exportações chinesas com maior tecnologia, para frear o avanço tecnológico de Pequim. Já a retaliação inicial chinesa priorizou produtos agrícolas, de forma a não afetar a importação de produtos de que sua indústria necessita para melhorar a competitividade, incluindo semicondutores.

Bens intermediários - A segunda rodada de tarifas dos EUA focou em bens intermediários chineses, para reduzir o papel da China nas cadeias globais de valor e atrair empresas de volta aos EUA. Já a retaliação chinês foi em linha com a primeira, já que o país tem menos espaço para taxar produtos americanos de tecnologia.

Outros tipos - Mas outros tipos de guerra estão ocorrendo, notam os dois analistas. Por exemplo, Washington está bloqueando cada vez mais fusões e aquisições chinesas nos EUA, especialmente no setor de alta tecnologia. O instrumento mais óbvio é a Comissão para Investimento Estrangeiro nos EUA (CFIUS), que examina os investimentos estrangeiros na economia americana.

Setor industrial - Para eles, boa parte das ações recentes da CFIUS teve como alvo a China e especialmente o setor industrial. Outros estudos estimam que Pequim investe hoje nove vezes mais na Europa que nos EUA.

Investimentos - Segundo o American Enterprise Institute, o investimento chinês nos EUA caiu de US$ 25 bilhões, em 2017, para menos de US$ 6 bilhões no primeiro semestre de 2018, uma queda de 76%.

Europa - Ao mesmo tempo, o investimento dos chineses na Europa alcançou US$ 20 bilhões no primeiro semestre, comparado a US$ 30 bilhões em todo o ano de 2017. "Não consigo achar uma única transação de fusão e aquisição de compradores chineses no setor de tecnologia industrial nos EUA em 2017, mas vejo centenas delas na Europa", disse Alicia Herrero em debate esta semana em Bruxelas.

Aceleração - Para a especialista em China, as tarifas impostas por Trump vão forçar Pequim a acelerar o movimento para aumentar a competitividade de sua indústria e depender menos dos EUA. Significa que a Europa vai se tornar ainda mais o mercado em que os chineses tentarão adquirir alta tecnologia.

Controle - Nesse contexto, a União Europeia (UE) estuda ampliar o controle do investimento estrangeiro, diante da crescente presença chinesa em vários países do bloco.

Queixa - Ao mesmo tempo em que critica medidas unilaterais de Trump, que ameaçam desestabilizar a economia global, a UE reclama que a China pouco avançou nas promessas de fazer reformas, facilitar acesso a seu mercado e dar mais reciprocidade em investimento e comércio.

Consequências - Para analistas, a reforma tributária de Trump também tem consequências. Isso é especialmente importante para países como a China que tem recebido grandes volumes de investimento americano e agora podem repatriar lucros para os EUA. Pequim reagiu oferecendo isenção de impostos para certas empresas estrangeiras. Para analistas do banco espanhol BBVA, "a agressão comercial dos EUA", somada a ataques contra empresas de tecnologia chinesas, eleva o temor em economias da Ásia, como Japão, Coreia do Sul e Tailândia. Esses países vendem muitos produtos intermediários para a China. E veem risco de a guerra comercial provocar retração na demanda chinesa.

Rabobank - Para o Rabobank, da Holanda, não são só empresas chinesas as afetadas pela nova rodada de sobretaxas de Trump. Vários equipamentos de tecnologia feitos na China por empresas dos EUA também serão atingidas pela medida.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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