Análise de Mercado

GRÃOS: Colheita ampla e bons preços movem avanço de cooperativas do PR

A quebra da safra argentina e as disputas comerciais entre Estados Unidos e China garantiram mais um bom ano para as cooperativas agropecuárias do Paraná, segundo maior Estado produtor de grãos do país


Publicado em: 27/11/2018 às 19:00hs

GRÃOS: Colheita ampla e bons preços movem avanço de cooperativas do PR

A quebra da safra argentina e as disputas comerciais entre Estados Unidos e China garantiram mais um bom ano para as cooperativas agropecuárias do Paraná, segundo maior Estado produtor de grãos do país. Para grupos que se destacam no recebimento de soja e milho dos associados, o crescimento dos faturamentos é estimado entre 10% e 20% em 2018 e as margens estão maiores do que se previa inicialmente, o que prepara o terreno para tornar 2019 também positivo, apesar do aumento dos custos.

Cocamar - A Cocamar, com sede em Maringá, é um bom exemplo dessa tendência. Graças à boa colheita de soja, comercializada a preços considerados elevados durante praticamente o ano todo, a cooperativa, que recebeu 2,5 milhões de toneladas de grãos, projeta fechar este ano com receita de R$ 4,6 bilhões, 17% superior aos R$ 3,9 bilhões de 2017. "Não fossem as reduções das produções de milho de inverno e de trigo, motivadas por fatores climáticos, os números poderiam ser ainda melhores", disse recentemente em um evento Divanir Higino, presidente da Cocamar.

Fôlego - Os bons resultados dão fôlego aos planos de expansão da Cocamar, que já anunciou que pretender atingir um faturamento da ordem de R$ 6 bilhões em 2020, quase duas vezes mais que em 2015 (R$ 3,3 bilhões). No que depender das primeiras estimativas para a produção paranaense de grãos nesta safra 2018/19, que está em fase de plantio, o caminho para a continuidade da expansão está aberto.

Conab - Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita no Estado, puxada por soja e milho, deverá crescer cerca de 7% e superar 37 milhões de toneladas.

Coopavel - A Coopavel, sediada em Cascavel, é outra que está a favor da correnteza. Prevê faturar R$ 2,1 bilhões em 2018, 15% mais que no ano passado, e calcula que suas sobras (lucros) somarão até R$ 30 milhões, que foi o resultado do ano passado. "Houve quebras [de cerca de 10% no milho safrinha e de 20% no trigo], mas os preços compensaram", disse Dilvo Grolli, presidente da cooperativa. Segundo ele, na região de atuação da Coopavel a saca de 60 quilos de soja subiu 23% entre outubro de 2017 e o mês passado, enquanto a de milho aumentou 28,5% e a de trigo, 28%.

Impacto - Grolli ressalva que as fortes altas de soja e milho tiveram impacto nos negócios de carnes, da cooperativa, que também amargou queda de 10% nas exportações nessa frente, mas que a diversificação garantirá os resultados positivos previstos.

Margens - Para a safra 2018/19, a expectativa é de margens mais apertadas, com aumento de custos da ordem de 20% para soja e para o milho. "E as vendas antecipadas [de soja] chegaram a apenas 20% até agora", afirmou, quando o normal seria o percentual já ter atingido 25% da perspectiva de produção.

Insumos - "O agricultor comprou insumos com um dólar mais alto e talvez seja obrigado a vender a produção com a moeda americana em patamar mais baixo", disse Grolli. Até agora, o desenvolvimento das lavouras dos cooperados caminha bem, mas houve chuvas pontuais que atrapalharam a fase final do plantio de soja, o que deverá elevar os custos com tratos culturais afirmou o dirigente. Situação similar à da área de atuação da Integrada, cooperativa com sede em Londrina que também teve um bom ano e deverá faturar R$ 3,1 bilhões em 2018, 15% mais que em 2017.

Números do setor - De acordo com a Ocepar, entidade que representa as cooperativas do Paraná, o faturamento conjunto do segmento chegou a R$ 70,3 bilhões em 2017, quase R$ 1 bilhão a mais que em 2016 e valor 172,5% superior ao registrado em 2008 (R$ 25,8 bilhões). O número se refere à receita total de 221 cooperativas, a maioria esmagadoras com foco em agronegócios, que no ano passado reuniam mais de 1,5 milhão de associados. Se o avanço médio for de 20% em 2018, o faturamento vai superar R$ 84 bilhões.

Resultados - É no Paraná que o cooperativismo brasileiro está melhor organizado para capturar os benefícios de guinadas do mercado de grãos como a deste ano, inicialmente "condenado" a ter preços mais baixos do que os patamares alcançados. Mas os resultados das cooperativas melhor estruturadas tendem a ser robustos país afora, cenário confirmado pela Comigo, com sede em Rio Verde, Goiás. Na região da Comigo, a soja subiu, em média, 30% neste ano em relação aos níveis de 2017.

Demanda - "A demanda foi grande diante da quebra da safra argentina e do conflito entre EUA e China", confirmou Antonio Chavaglia, presidente da cooperativa. Em alguns momentos, a saca da oleaginosa chegou a ser negociada por R$ 70 e a de milho, a R$ 33. O dirigente preferiu não adiantar o faturamento e as sobras esperadas pela Comigo em 2018, mas também reclamou do aumento de custos nesta safra 2018/19 - que, em seus cálculos, chega a 20% e poderá reduzir as margens dos associados e da própria cooperativa. A depender do desenvolvimento da safra, das disputas comerciais globais e do dólar, contudo, essa alta poderá ser compensada, ao menos em parte.

Tabela de fretes - Outro fator que poderá complicar a vida das cooperativas em 2019 é a tabela de fretes mínimos rodoviários. Para os produtores os custos de transporte subiram entre 10% e 15% a depender da rota e da carga a ser transportada. No dia 9 deste mês, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estabeleceu multas de até R$ 10 mil para quem não cumprir a tabela. Mas executivos do segmento, inclusive das próprias cooperativas, têm esperança de que a tabela seja revogada ou sofra alterações no próximo governo. A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) é uma das 75 entidades signatárias de uma carta aberta enviada ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) pedindo o fim do tabelamento dos fretes no país.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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