Feijão e Pulses

FEIJÃO: Quem colheu por último colheu melhor

Os produtores de feijão que foram a campo logo no início da janela de plantio enfrentaram mais problemas climáticos, entregaram grãos mais castigados e a preços pouco remuneradores, na média paranaense


Publicado em: 05/02/2019 às 17:00hs

FEIJÃO: Quem colheu por último colheu melhor

No entanto, os agricultores que atrasaram mais a semeadura conseguiram resultados melhores, tanto em produtividade quanto em qualidade, com a possibilidade de receber mais do que o dobro pela mesma saca de 60 kg vendida há um mês.

Preços em alta - Essa disparada nos preços já é sentida pelos consumidores nos supermercados e deve continuar ao menos até abril, quando a segunda safra do feijão chegar às prateleiras. Isso porque já era esperada uma produção menor, já que a área plantada caiu 16% no ciclo 2018/19 ante o anterior, para um total de 162,3 mil hectares (ha), segundo o Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento).

Clima - Na primeira safra, houve excesso de chuvas na semeadura, forte calor e seca na fase de desenvolvimento, além de umidade na colheita. Contudo, o Deral registrou um ganho na qualidade dos grãos entre os relatórios semanais, o que mostra um cenário um pouco melhor para quem está em atividade na colheita.

Colheita - O relatório do órgão de 14 de janeiro mostrava que 46% do feijão colhido no Estado era considerado bom e 14%, ruim. O índice de produtos de alta qualidade pulou para 71% na coleta de informações do último dia 21. "É de produtor para produtor. Aqueles que plantaram antes sofreram mais e não aproveitaram tanto esses preços como quem ainda está colhendo", diz o economista Marcelo Garrido, do Deral.

Produção - As principais regiões produtoras e que também são as primeiras a semear foram as que mais sofreram, como Ponta Grossa (-23% e um total de 59,4 mil t), Curitiba (-34% e 49,8 mil t) e União da Vitória (-39% e 20,9 mil t). Por outro lado, o resultado foi melhor em Irati (6% e 52,5 mil t) e Guarapuava (-4% e 30,6 mil t), de acordo com o Deral.

Perdas refletem - O presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses), Marcelo Luders, diz que o valor da saca chegou a aumentar 40% em um dia na semana passada. "E não é por especulação, mas porque havia falta do produto no Paraná que reflete as perdas aqui e em outros locais, como Minas e Goiás", conta. São Estados em que o plantio foi menor do que o normal justamente porque a cultura rendeu pouco no ciclo anterior. "Já se pagou de R$ 320 a R$ 340 pela saca de 60 kg nesses locais", diz Luders. "Temos produtores com perdas severas, de até 70%, mas se ele não vendeu ainda e tiver produto de qualidade pode ser que não fique no prejuízo", completa.

Perspectivas - Garrido prefere não arriscar um aumento da área na segunda safra ante as previsões iniciais, que eram de diminuição de 17%, para 176,6 mil ha. "Isso não impede que, continuando esses preços, alguns produtores que ainda vão a campo decidam plantar mais", diz o economista. Por outro lado, Luders, afirma que já há maior movimento na venda de sementes no Estado e também em outros dos principais produtores. "Trabalhamos com a hipótese que a área plantada vai aumentar bem e já falam em 20% a 30% a mais de produção em Goiás e Minas Gerais", cita. Com isso, Luders acredita que há possibilidade de 2019 ser um dos anos com a maior gangorra de preços, com um primeiro semestre com valores próximos ao recorde e um segundo semestre com excedente, se o clima ajudar.

Fonte: Folha de Londrina

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