Algodão

Exportação de algodão deve atingir 70% da produção do País em 2017/18

O crescimento da demanda global, principalmente da China, tem estimulado o aumento dos preços do insumo. O Brasil é o quinto maior produtor do mundo e vem ganhando destaque


Publicado em: 06/12/2017 às 20:30hs

Exportação de algodão deve atingir 70% da produção do País em 2017/18

A exportação de pluma de algodão brasileira deve responder por 70% da produção local em 2017/2018 ante fatia de 63,9% registrada no ciclo anterior. A projeção foi apresentada ontem pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa).

O Brasil é o quinto maior produtor e o quarto maior exportador de algodão do mundo. Segundo o presidente da associação, Arlindo Moura, a demanda pelo produto está aquecida no mercado externo. "A China voltou a comprar, mas ainda não nos níveis vistos anteriormente", diz. "Embora o país ainda tenha um estoque alto, o produto está sendo escoado e precisa de volumes adicionais para fazer um blend", pontua Moura. O mercado asiático é o maior comprador do algodão brasileiro.

A demanda aquecida também é a base para a projeção de Moura de que a área cultivada crescerá 15% ao ano, em média, até dobrar para 2 milhões de hectares nos próximos cinco anos. "Temos sido cobrados pelos clientes para sermos mais importantes. Eles querem a garantia de que vão ter o algodão que precisam. E esse aumento visa atender melhor esses clientes." Moura acredita que a produção deverá acompanhar esse crescimento de área e aumentar em torno de 15% ao ano até 2022.

O dirigente afirma ainda que alguns estados estão voltando a produzir algodão, como o Ceará, que pretende lançar um programa para atingir de 200 a 500 produtores. "O Estado já foi um grande produtor e acho que tem potencial de voltar a ser", avalia.

Para a safra 2017/2018, que começa a ser cultivada na segunda quinzena de dezembro em Mato Grosso, a perspectiva é de um crescimento de área de 20%, de 935 mil hectares para 1,1 milhão, amparada no bom desempenho da cultura na temporada passada.

Porém, o crescimento da produção não deve acompanhar o ritmo de aumento da área pela perspectiva de clima bom - mas não excepcional - como no ano passado. A expectativa é de alta de 11% a 13% em relação à safra passada, para 1,8 milhão de toneladas. Isso porque a produtividade nas lavouras deve recuar dos 1,7 mil quilos de pluma por hectare obtidos na safra passada para 1,6 mil quilos na média da produção brasileira.

Venda antecipada

Conforme Moura, mais de 50% da próxima safra, que começa a ser cultivada na segunda quinzena de dezembro, foi vendida antecipadamente, acima da média para o período, que é de 30%. "Os preços estão bastante favoráveis devido a um conjunto de fatores, entre eles, a expectativa de a safra norte-americana não ser tão boa quanto o esperado, o que levaria a uma valorização das cotações", explica o dirigente.

Ele salientou que os produtores que têm o hábito da venda antecipada tiveram duas boas oportunidades para negociar neste ano: em março e abril e nos últimos 15 dias. No primeiro período, os preços chegaram a US$ 0,78 por libra peso, em média. Na última semana, os valores chegaram a US$ 0,72 por libra peso. Na Terra Santa, onde Moura é diretor presidente, mais de 78% da produção foi vendida antecipadamente.

Ele também comentou os avanços do programa "Sou de algodão", que tem como meta ampliar em 10%, para um total de 64%, a participação do algodão no vestuário. "Nesta quarta-feira (06), vamos assinar um convênio com as lojas Renner para este projeto", informou o presidente da associação. O programa tem verba de R$ 5 milhões anuais.