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ETANOL/RETRO 2017: Preço médio da safra 2017/18 fica 8,5% abaixo do da 2016/17

No acumulado parcial da safra 2017/18 (de abril/17 a dezembro/17), o Indicador CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) do etanol hidratado teve média de R$ 1,4825/litro, contra R$ 1,6188/litro no mesmo período do ano safra 2016/17


Publicado em: 05/01/2018 às 16:40hs

ETANOL/RETRO 2017: Preço médio da safra 2017/18 fica 8,5% abaixo do da 2016/17

Mesmo com a forte demanda pelos biocombustíveis, que, inclusive, resultou em alta nos preços nos últimos meses de 2017, as médias dos valores dos etanóis anidro e hidratado na parcial da safa 2017/18 no estado de São Paulo ainda ficam abaixo das verificadas no mesmo período da temporada anterior, conforme indicam pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

No acumulado parcial da safra 2017/18 (de abril/17 a dezembro/17), o Indicador CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) do etanol hidratado teve média de R$ 1,4825/litro, contra R$ 1,6188/litro no mesmo período do ano safra 2016/17, valor 8,4% menor, em termos reais (os preços foram deflacionados pelo IGP-M de novembro/17). Para o etanol anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) registra média de R$ 1,6419/litro neste ano safra, enquanto na temporada anterior estava em R$ 1,7941/litro, também queda de 8,5%.

Segundo pesquisadores do Cepea, no início da safra, usinas do estado de São Paulo, principalmente as descapitalizadas, precisaram acelerar as vendas de etanol, visando custear as elevadas despesas próprias daquele período, o que resultou em queda nos preços do biocombustível. Esse movimento foi revertido apenas a partir de agosto, quando a maior demanda voltou a elevar os preços dos etanóis no mercado paulista.

PRODUÇÃO E MIX – Conforme os dados da Unica, foram processadas 578,8 milhões de toneladas de cana na região Centro-Sul na safra 2017/18 (de abril até a primeira quinzena de dezembro de 2017), volume 1,73% inferior ao do mesmo período do ano anterior.

Até a primeira quinzena de dezembro, a produção de etanol hidratado havia sido de 14,3 bilhões de litros, pequena elevação de 0,4% quando comparado ao mesmo período de 2016. A produção de anidro cresceu 1,45%, totalizando 10,64 bilhões de litros na parcial desta safra 2017/18.

Na parcial da safra, 53% da cana-de-açúcar processada foi destinada ao etanol, ante os 53,3% no mesmo período de 2016. No geral, o comportamento do mix não foi uniforme no correr de 2017. Até julho, uma maior parcela da cana era destinada à produção de açúcar, o que se inverteu a partir da segunda quinzena de agosto, devido, principalmente, à mudança da política de precificação da gasolina A pela Petrobras, que permitiu o aumento do preço dos etanóis. Essa mudança no mix de produção também foi resultado da desvalorização do açúcar frente ao biocombustível.

POLÍTICA TRIBUTÁRIA – Em janeiro de 2017, o PIS/Cofins voltou a incidir sobre o preço do etanol nas usinas. A partir de 21 de julho, o PIS/Cofins se alterou de 12 centavos/litro para 13,09 centavos/litro. As distribuidoras, com alíquota zero até então, passaram a recolher 10,91 centavos/litro.

PREÇOS RELATIVOS E CONSUMO – Pesquisadores do Cepea destacam que, neste ano safra, representantes de distribuidoras aproveitaram a janela de venda para o biocombustível, visto que o preço relativo etanol/gasolina, considerando-se a diferença de rendimento entre os dois combustíveis, favorecia o consumo do renovável. Isso ocorreu na maior parte dos estados produtores deste combustível.

A competitividade do etanol hidratado sobre a gasolina C foi registrada ao longo de toda a safra em São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. Cálculos do Cepea, com base nos preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo) para o estado de São Paulo, mostram que, em média, o preço do hidratado correspondeu a 68,5% do valor da gasolina. Na temporada 2016/17, esse percentual foi de 69,1%.

Tanto o consumo do etanol quanto o da gasolina C tiveram pouco avanço em 2017, relativamente a 2016. Dados da Unica mostram que, no acumulado da safra 2017/18 (de abril a novembro), os volumes negociados de anidro e hidratado ficaram praticamente estáveis frente aos da temporada anterior.

Especificamente na primeira quinzena de dezembro/17, também segundo a Unica, o volume comercializado de etanol hidratado pelas usinas do Centro-Sul cresceu 36,26% frente ao mesmo período de 2016, totalizando 750,75 milhões de litros.

O maior volume de etanol hidratado registrado pelas unidades produtoras paulistas em 2017 foi em outubro. No comparativo com o mês anterior, o crescimento foi de 76,6% e frente a outubro/16, de 54,7%. Foi, inclusive, um dos oito maiores volumes já registrados em toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2002.

EXPORTAÇÕES – De abril a dezembro, as exportações de etanol somaram 1,141 bilhão de litros (anidro e hidratado), pequena queda de 1,12% ante os 1,154 bilhão de litros em igual intervalo da temporada anterior, de acordo com a Secex. Em receita, as vendas externas de etanol geraram US$ 625,4 milhões no período, 7,3% acima do montante do ano anterior. Por outro lado, as importações de etanol somaram 1,02 bilhão de litros de abril a novembro (dados mais recentes divulgados), volume quase 2 vezes maior que o de igual intervalo do ano anterior.

RENOVA BIO – O ano de 2017 termina com a boa notícia do Renova Bio pelo Senado, após um longo período de discussão sobre a possibilidade de implantação dessa política, a qual deverá permitir a competitividade com equidade entre os combustíveis. O programa deve levar a um aumento da participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, contribuindo para o atingimento das metas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, as quais foram estabelecidas no Acordo de Paris.

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