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Encontro aborda benefícios da indústria 4.0 na armazenagem de grãos

Debates envolveram profissionais de diferentes da cadeia do agronegócio e pesquisadores universitários com o objetivo de criar uma visão sistêmica sobre o setor


Publicado em: 18/09/2018 às 12:20hs

Encontro aborda benefícios da indústria 4.0 na armazenagem de grãos

A chamada quarta revolução industrial (indústria 4.0) vem transformando a realidade de todos os segmentos da economia e os impactos desse movimento no agronegócio motivaram um encontro realizado na última quarta-feira (12) em Criciúma (SC). O evento Proceres da Armazenagem centralizou o debate sobre a aplicação das inovações tecnológicas no pós-colheita de grãos. As discussões na sede da Associação Empresarial de Criciúma (ACIC) foram coordenadas pelos consultores Marcelo dos Santos e Renata Nunes.

A automação acompanhada de inteligência artificial, análise de dados em tempo real e internet das coisas, principais pilares da indústria 4.0 ainda está incipiente no Brasil, conforme o diretor comercial da Procer, empresa de tecnologia para a gestão de armazenamento de grãos, Eduardo de Aguiar. Ao reunir os players do setor, o propósito é apresentar a nova realidade e como as inovações podem contribuir para o crescimento do agronegócio no país.

“Há uma disrupção dentro do cenário da armazenagem de grãos. Novas tecnologias oferecidas vêm substituir o modelo atual do setor, onde ainda predomina o uso de equipamentos obsoletos, como a termometria com sensor Termopar, tecnologia do século XIX. E somente com sensores digitais é possível viabilizar a entrada no novo modelo de indústria 4.0 e começar a desenvolver a inteligência artificial para o gerenciamento da armazenagem de grãos. Assim se abrem possibilidades de fazer um amplo controle, em tempo real, de indicadores que garantem a qualidade dos produtos e maximizar os lucros.”, acredita Aguiar.

Com previsão de colheita de 227 milhões de toneladas de grãos na safra 2017/2018 e capacidade de 160 milhões de armazenamento, segundo o IBGE, o Brasil apresenta um cenário caótico na avaliação do professor e coordenador do Programa de Pós Graduação da Universidade Federal da Grande Dourados-MS (UFGD), André Goneli. “Um sintoma bem claro desse problema nós vemos em picos de colheita, quando as estradas ficam superlotadas de caminhões que não dão conta de distribuir os produtos. O gerenciamento inteligente desses recursos viabiliza um escoamento distribuído, já que o produtor consegue manter nos silos por mais tempo e vender em períodos de preço melhor”, pontua.

A digitalização com rastreabilidade da indústria 4.0 oferece informações sobre os grãos e o ambiente externo, como temperatura e umidade, para a tomada de decisões sobre o estoque, com as condições climáticas ideais para secagem e resfriamento. Os principais resultados positivos são a conservação da qualidade do grão, evitando a perda de peso, além da queda de cerca de 35% em custos de energia, enfatiza Aguiar. “O mercado investe pesado em maquinários para todos os processos, mas ainda precisa avançar muito no pós-colheita. Em uma realidade onde se visa cada vez mais a otimização de custos e a segurança alimentar, faz-se necessário debater e disseminar esses conteúdos”, frisa Goneli.

Mudança cultural

As informações constituem a chave para o avanço e para a transformação no mercado de agrobusiness se consolidar, na percepção do coordenador de Engenharia de Armazenagem da Casp (empresa paulista que atua no setor), José Ronaldo de Freitas. “Quem faz o agronegócio são as pessoas. O primeiro desafio é a questão cultural, porque há a dificuldade em passar a informação e fomentar conhecimento. As ferramentas estão à disposição e usá-las é relativamente fácil, contudo é preciso que esses usuários saibam interpretar os indicadores que aparecem na tela”, sublinha.

O impacto da adesão à indústria 4.0 se estende a variados fornecedores da cadeia do agronegócio além dos diretamente envolvidos com a atividade no campo, como seguradoras e bancos. “A falta de informações precisas com a ausência das tecnologias gera uma insegurança muito grande, porque não se sabe como está sendo conduzido o armazenamento. Com dados precisos teremos mais bases para precificação e até pensar na criação de novas coberturas”, relata a gerente de Agribusiness da Fairfax Brasil Seguros Corporativos, Daniela Coelho.

Fonte: Alfa Comunicação Empresarial

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