Análise de Mercado

Custo Médio do Defensivo Agrícola cai 2% em 2019, diz pesquisa do SINDIVEG

De acordo com sindicato de defesa vegetal, maior entrada de agrotóxicos no país amplia oferta ao produtor e torna preço mais competitivo


Publicado em: 18/03/2020 às 12:00hs

Custo Médio do Defensivo Agrícola cai 2% em 2019, diz pesquisa do SINDIVEG

Uma pesquisa encomendada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) sobre o uso de defensivos agrícolas no Brasil apontou a diminuição de 2% no custo médio do produto em 2019.

O estudo, feito pela consultoria Spark, entrevistou 18 mil produtores rurais em todo o Brasil de janeiro a dezembro e indicou uma redução de US$ 9,09, em 2018, para US$ 8,90 em 2019.

Julio Borges Garcia, presidente do Sindiveg, atribui a queda a dois fatores principais: a ampla oferta de produtos, que enfatiza a concorrência, e a oscilação do câmbio no decorrer do ano passado. “O custo por hectare caiu cerca de 2%, com grande depreciação cambial, entrada de novos produtos, saída de outros e chegada de genéricos”, explica.

Além de maior disponibilidade de produtos no mercado, Garcia diz que o desenvolvimento de tecnologias culmina na menor quantidade de aplicações e, por consequência, resulta na diminuição do custo. O argumento também é embasado no resultado da pesquisa, que mostra que, em 2018, foram 914.530 toneladas aplicadas ante 975.165 toneladas em 2019.

“Isso significa uma redução em média por aplicação, queda de 1% do produto aplicado por hectare”, diz Garcia em entrevista à Globo Rural.

LIBERAÇÃO AUTOMÁTICA

Quanto à decisão publicada no fim de fevereiro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que torna automática a concessão do registro de agrotóxicos, Garcia põe em dúvida se a estratégia da pasta é reduzir o custo para o produtor rural.

“Não sei se esse é o objetivo, de fato. O agricultor precisa de um produto que resolva o problema, formulações mais eficientes, para que aplique menos dose. Preço, por si só, já existe bastante”, defende o presidente do Sindiveg, que congrega 27 das 34 indústrias de defensivos químicos do país, mas é responsável por apenas 40% do setor, já que as grandes multinacionais não são representadas pela instituição.

Ainda em relação às novas regras do Mapa, Garcia também questiona o modus operandi dos outros órgãos de fiscalização: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“Quando a ministra [Tereza Cristina] quer determinar prazo e aprovação compulsória, ela tem a intenção de que os órgãos aumentem a eficiência para estar no mesmo patamar que os outros países. Mas liberar sem ter análise não é gerar eficiência. Não acho que Anvisa e Ibama, que também têm obrigação social de avaliação, vão aceitar liberar antes da análise [do Mapa]”, diz Borges.

De acordo com o presidente, o verdadeiro problema enfrentado é a morosidade do Ibama, que não tem prazo máximo definido para concluir avaliações. “A gente não pode ficar sete anos esperando o registro. [A medida do Mapa] não resolve a causa, só remove o sintoma. O que eu acredito é que isso pode dar muita discussão. Imagina o problema que vamos ter se daqui a três anos a gente falar que 50% dos produtos em uso não tiveram análise?”, ele ressalta.

METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa encomendada foi feita com base no banco de dados das últimas cinco safras analisadas pela Spark e reflete uma “pequena sumarização de todas as culturas em 2019”, conforme o presidente do Sindiveg.

Apesar disso, ele reitera que o aumento do uso de defensivos agrícolas é legítimo, pois, diferente de pesquisas anteriores que consideravam o produto já faturado no mercado, agora a metodologia avalia o produto aplicado no campo.

“Tem muito produto que está faturado, mas ainda está em deslocamento, não foi utilizado. O que estamos interessados é o conceito de produto aplicado”, explica Borges, ao dizer que a pesquisa, portanto, considera também os defensivos de empresas que não fazem parte do Sindiveg, como Bayer, Syngenta, Basf, Corteva e FMC.

Fonte: Grupo Idea

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