Publicado em: 13/03/2020 às 13:40hs
O camarão é um fruto do mar bastante apreciado na culinária, utilizado em uma série de preparações diferentes, e a produção no Brasil está em alta, sendo determinante para a economia nacional, especialmente no Nordeste do país.
De acordo com a pesquisa “Produção da Pecuária Municipal (PPM) 2018”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a carcinicultura, nome da técnica empregada para a criação de camarões em viveiros, resultou na produção de 45,8 mil toneladas de camarão em 2018.
O número, que já é bastante significativo, torna-se ainda mais relevante ao comparar com os resultados de 2017, quando foram produzidas aproximadamente 41,11 mil toneladas de camarão, ou seja, houve um aumento de 11,4% na produção entre os dois anos.
O mercado global de camarões, inclusive, movimenta cifras altíssimas. De acordo com o relatório “Shrimp Market - Growth, Trends, and Forecast (2019 - 2024)”, este mercado movimentou US$ 45 bilhões em 2018 e estima-se que apresente uma taxa anual de crescimento composta (CAGR) de 5,2% entre 2019 e 2024.
Se as estimativas forem confirmadas, o mercado de camarões movimentará US$ 58 bilhões em todo o mundo no ano de 2024, o que representa US$ 158,9 milhões por dia, US$ 6,621 milhões por hora e US$ 110,3 mil por minuto!
A produção de camarão é essencial para a economia do país, mas há muito o que se analisar por trás de números tão positivos. Há uma série de melhorias que devem ser implementadas neste processo para que ele se torne sustentável e ainda mais benéfico para a economia e o país como um todo.
Vamos entender mais sobre o mercado nacional de camarões, sua importância a nível nacional e mundial e o que pode ser melhorado.
Qual é a relevância do Brasil para o mercado global de camarões?
Muito grande, já que o país é um dos principais produtores de todo o mundo.
Outro estudo, o “Shrimp Market: Farmed Whiteleg Shrimps Species Type to Hold High Market Share Throughout the Forecast Period: Global Industry Analysis (2012-2016) and Opportunity Assessment (2017-2027)”, traz informações interessantes sobre a quantidade produzida globalmente.
Em volume, foram produzidos 9,119 milhões de toneladas até o final de 2017, o qual é estimado a atingir 14,259 milhões de toneladas até o final de 2027, com uma taxa de crescimento anual composta de 4,6%. Ao seguir a mesma curva de crescimento, chegamos a uma produção de 9,538 milhões de toneladas em 2018.
Como foram produzidas 45,8 mil toneladas no Brasil, isso significa que 0,48% de todos os camarões do mundo vieram daqui. Pode não parecer tanto em um primeiro momento, mas de cada 209 camarões no mundo em 2018, um veio daqui, o que já é bastante significativo.
No outro estudo que vimos anteriormente, que falou das cifras movimentadas por este mercado, uma das informações presentes é que a China e a Tailândia são os principais produtores mundiais de camarão, responsáveis por aproximadamente 75% de toda a produção.
Porém, ao olharmos para o mercado nacional, a situação fica bem diferente.
Qual é a importância do mercado de camarões para a economia do Brasil?
Muito grande, principalmente quando se analisa a perspectiva do mercado local. A carcinicultura é determinante para a economia do Nordeste do país, a qual foi responsável por 99,4% do total nacional, de acordo com a pesquisa PPM 2018.
Entre os estados da região Nordeste, o Rio Grande do Norte foi responsável por 43,2% da produção nacional (19,785 mil toneladas), seguido pelo Ceará, com 28,5% (13,05 toneladas).
Já ao analisar por município, o principal produtor entre os 162 municípios que realizaram tal atividade no ano de 2018 foi Pendências (RN), seguido por Aracati (CE), Canguaretama (RN) e Arês (RN).
Os números são bastante positivos, mas é importante analisar além deles, pois há alguns problemas que não aparecem nas estatísticas e são altamente relevantes para a questão da carcinicultura.
Problemas envolvidos na criação de camarões
As duas questões principais são os fatores socioeconômicos e as consequências ambientais decorrentes da produção, as quais devem ser analisadas com atenção, apesar de resultados financeiros tão significativos.
Ambos temas, inclusive, foram tratados no artigo “Desafios da carcinicultura: aspectos legais, impactos ambientais e alternativas mitigadoras”, de Luísa Ferreira Ribeiro, Manuel C. M. B. N. de Souza, Francisco Barros e Vanessa Hatje.
Questões socioeconômicas
A rentabilidade da carcinicultura é inegável. Hoje, existe tecnologia suficiente para aplicação em todas as etapas produtivas, as quais permitem obter um aumento relevante em termos de produtividade.
Porém, a ilegalidade ainda é uma realidade na produção, ou seja, muitos dos trabalhadores que estão envolvidos com a atividade não são devidamente registrados, o que é bastante negativo para toda a indústria.
Aliado a isso, a falta de fiscalização acaba corroborando para que a situação não seja efetivamente resolvida, o que não aparece nos números financeiros, mas impacta na vida de milhares de pessoas Brasil afora, especialmente na região Nordeste do país.
Questões ambientais
A busca por lucros imediatos faz com que não sejam utilizadas as tecnologias disponíveis, de bombas d’água adequadas a viveiros de camarão planejados e dimensionados de acordo com as reais necessidades do negócio.
Além disso, os efluentes liberados pelas fazendas de camarão nem sempre são corretamente destinados, o que leva a efeitos adversos nos ecossistemas adjacentes ao local.
Também deve-se ressaltar que a destruição de áreas de manguezais é outro fato que está diretamente relacionado à criação de camarão. Juntos, tais problemas não deveriam acontecer houvesse o pleno cumprimento das leis, além de uma política de fiscalização mais acirrada e eficaz.
Como melhorar a carcinicultura no Brasil?
O ideal é que todos os esforços sejam realizados em prol do atendimento das leis relacionadas à produção de camarão, as quais precisam vigorar desde as etapas iniciais da criação até a obtenção do produto final.
Isso seria capaz de mitigar os problemas ligados à produção ilegal, além de contribuir positivamente em termos socioeconômicos, o que tem potencial para revolucionar ainda mais a economia das regiões afetadas, majoritariamente no Nordeste.
O Brasil é um dos principais produtores de camarão da América do Sul e tem uma participação importante a nível global, mas é preciso que os devidos esforços sejam feitos para a sustentabilidade do negócio, da preparação das fazendas e da aquisição de bombas de água até a plena legalidade das operações.
Fonte: Mérito Comercial
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