Algodão

Controle de Spodoptera frugiperda por baculovírus recebe chancela de pesquisadores de universidades e fundações

Seis cientistas com reputação de liderança no desenvolvimento de estudos de ponta atestaram alta eficiência de bioinseticida na proteção do algodoeiro; ganho econômico em 34 campos analisados surpreendeu especialistas


Publicado em: 27/03/2020 às 16:20hs

Controle de Spodoptera frugiperda por baculovírus recebe chancela de pesquisadores de universidades e fundações

Já tida por produtores como uma das pragas de controle mais difícil no algodão, a Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar, encontrou um adversário de peso para impedir seu avanço sobre lavouras da pluma: os baculovírus. É o que afirmam seis pesquisadores, quatro deles ligados a universidades públicas e fundações de renome do agronegócio. O grupo de especialistas conduziu uma série de estudos avançados em torno de um novo bioinseticida à base de baculovírus.

Participaram dos ensaios, em nível de campo e laboratório, os pesquisadores Geraldo Papa (Unesp-SP), Lucia Vivan (Fundação MT), Germison Tomquelski (Fundação Chapadão-MS) e Marco Tamai (Universidade do Estado da Bahia), além dos especialistas Janayne Resende e Marcelo Lima, ambos da australo-americana AgBiTech. A AgBiTech é hoje a maior produtora mundial de baculovírus. Presente há três anos no Brasil, a empresa investe no desenvolvimento do manejo biológico de pragas na agricultura.

Na avaliação do grupo de pesquisadores, o controle da Spodoptera frugiperda com emprego de baculovírus reduz significativamente a população da lagarta no algodoeiro. Para eles, a ação de bioinseticidas à base de baculovírus reforça a proteção das maçãs da planta e potencializa o efeito de inseticidas químicos.

Marcelo Lima, gerente de pesquisa & desenvolvimento da AgBiTech, ressalta que a série de estudos realizada com apoio dos pesquisadores teve foco no inseticida biológico Cartugen®, lançado recentemente no Brasil. Somente na safra 2018-19, adianta Lima, o grupo de pesquisas constatou a eficácia desse bioinseticida em 34 áreas comerciais de algodão, na Bahia, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e em Goiás.

Acréscimo de receitas - Conforme atestaram os pesquisadores à AgBiTech, as aplicações de Cartugen® no algodoeiro protegem efetivamente as estruturas reprodutivas das plantas, em primeira e segunda posições. Os autores dos ensaios concluíram ainda que na comparação ao manejo padrão do produtor, ancorado somente nos inseticidas químicos, o bioinseticida da empresa transferiu ganho médio de 13,3 estruturas reprodutivas por metro linear cultivado. (Ver figuras 1 e 2)

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Figura 1. Porcentagem de retenção de estruturas reprodutivas na primeira e segunda posições de frutificação do algodoeiro – Manejo com inserção do Baculovírus comparado com o manejo do produtor somente com inseticidas químicos. Fonte: AgBiTech (Dados da Bahia auditados pela SGS do Brasil).

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Figura 2. Média de incremento do número de estruturas reprodutivas do algodoeiro por metro linear dos talhões com inserção de Baculovírus em relação aos talhões sem inserção do Baculovírus = manejo do produtor). Fonte: AgBiTech (dados auditados pela SGS do Brasil).

O diretor geral da AgBiTech para a América Latina, Adriano Vilas Boas, explica que os baculovírus compõem hoje o maior grupo de vírus com efeito predatório sobre insetos conhecido pela agrociência. Segundo o executivo, esses produtos são portadores de uma matriz proteica, com pH alcalino, que ao ser ingerida pelas lagartas libera partículas virais diretamente no intestino dos insetos. “Inicia-se assim a infecção das lagartas”, explica Vilas Boas. Graças a essas características, diz o executivo, baculovírus foram reconhecidos pelo IRAC – Comitê Internacional de Ação à Resistência de Inseticidas – no grupo 31 de tecnologias com novo modo de ação.

Ainda de acordo com dados fornecidos pelos pesquisadores à empresa, além dos diferenciais agronômicos entregues pelo produto Cartugen® ao algodoeiro, chamou a atenção o registro de um ganho econômico representativo obtido nas 34 áreas analisadas. No balanço dos ensaios, revela a AgBiTech, apurou-se acréscimo de receitas situado entre US$ 175 por hectare e US$ 197 por hectare da pluma, descontado o investimento adicional da ordem de US$ 21 por hectare.

Lagartas no ataque – Nas lavouras-alvo do estudo da AgBiTech, conforme revela Marcelo Lima, os pesquisadores observaram que o ataque da Spodotera frugiperda ocorreu principalmente da parte mediana do algodoeiro até o ponteiro. Segundo as análises, a fase mais crítica da ação da praga se deu entre a formação dos botões florais e o aparecimento dos primeiros capulhos, com redução significativa da produção de fibras.

“Notamos que esse problema se mantém mesmo nas plantas transgênicas de primeira e segunda gerações, pois suas estruturas reprodutivas contêm menor teor da toxina ‘Bacillus thuringiensis’. Esses locais são os preferidos pelas lagartas para se alimentar”, finaliza Lima. (Ver figura 3).

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Figura 3. Resultados de experimentos demonstrando a forte preferência alimentar de Spodoptera frugiperda pelas estruturas reprodutivas do algodoeiro. Fonte: AgBiTech.

Fonte: AgBiTech Brasil

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