Agrotóxicos e Defensivos

Congresso da Aviação Agrícola:sucesso de 2019 projeta rumos para 2020

Evento confirmou recordes, definiu que fica em Sertãozinho para o ano que vem e ganhou uma agenda para os próximos 12 meses, em pesquisas, articulação com órgãos oficiais e políticos e nos preparativos para o encontro de abrangência latino-americana


Publicado em: 13/08/2019 às 12:40hs

Congresso da Aviação Agrícola:sucesso de 2019 projeta rumos para 2020

Nem bem terminou a programação 2019, na quinta-feira (dia 1º), o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil já está em contagem regressiva para sua edição 2020, que permanece em Sertãozinho, no interior paulista. A movimentação no ano que vem ocorrerá novamente no Centro de Eventos Zanini, que na última semana recebeu o maior encontro aeroagrícola já ocorrido no País e agora o maior do mundo em termos de público e participação de expositores. Desde a terça-feira (30 de julho), 3,1 mil visitantes passaram pelos 143 expositores e acompanharam as 42 palestras e cinco fóruns de discussões – Científico, Político, sobre uso de drones, a respeito da falta de gasolina de aviação (avgas) e de tecnologias de aplicação, que ocuparam 9 mil dos 12 mil metros quadrados do pavilhão do pavilhão do espaço. Com direito a mostra de aviões e drones e demonstrações de combate a incêndios com aeronaves agrícolas na parte externa. A programação teve a participação de representantes de 11 países e de 105 empresas aeroagrícolas – o que representa mais de 60% das associadas do Sindag e em torno de 40% das 253 empresas do setor existentes no País.

Enquanto fornecedores de tecnologias, equipamentos e serviços festejam a excelente movimentação na mostra técnica, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) comemora a nova fase de um evento que ganhou consistência política e estratégica e ainda alinhavou um rol de articulações e pesquisas a serem trabalhadas nos próximos 12 meses. Ou seja, a pauta do Congresso na verdade não tem mais parada entre uma edição e outra.

Sem risco de exagero, é possível esperar números ainda mais significativos daqui em diante, tendo em vista principalmente que a próxima programação em Sertãozinho terá abrangência latino-americana – segundo o revezamento existente há mais de uma década entre Argentina, Uruguai e Brasil. Cenário, aliás, que deve ter um desdobramento no final desta semana, no Congresso Mercosul e Latino-Americano de Aviação Agrícola 2019, que começa nessa quarta e vai até sexta-feira (dias 7 a 9), no Uruguai. No último dia do encontro – em Termas del Arapey, no departamento de Salto, no noroeste do país, o presidente do Sindag, Thiago Magalhães, deve assumir o comando do Comitê Mercosul e Latino-Americano de Aviação Agrícola, para preparar a edição de 2020 no Brasil.

PROJEÇÕES

Para Magalhães, o incremento na pluralidade dos debates em temas estratégicos e de comunicação foi extremamente positivo para a consistência do Congresso em Sertãozinho, preparando uma aproximação maior com sociedade. O que, espera, deva clarear a visão geral sobre a importância do crescimento esperado no setor para os próximos anos. “Fazendo uma análise simplista, a partir do crescimento previsto de 240 milhões de toneladas de grãos (na safra 2019/2020, segundo o Ministério da Agricultura) para 300 milhões nos próximos cinco anos (segundo extintivas do Mapa), a agricultura brasileira vai necessitar de 200 a 400 novas aeronaves, para garantir a produtividade com segurança ambiental”, avalia o presidente do Sindag.

Confira AQUI números completos da frota

“Abrimos espaço para startups de tecnologias e serviços, tivemos a presença maciça de escolas de tecnologia aeronáutica – inclusive com laboratório móvel de aviônica do Sesi e o projeto de uma escola técnica fabricando um avião experimental de madeira, sem falar na tecnologia de drones e outras inovações. Não deixando de lado o programa Colmeia Viva e contando com empresas de alta tecnologia em produtos químicos e biológicos”, pondera do diretor Gabriel Colle. “Em suma, aproximamos ainda mais segmentos que até então estavam dispersos, mas que têm muito a oferecer ao setor e vice-versa. Foi um ganho intelectual muito grande”, resume.

O Congresso da Aviação Agrícola em Sertãozinho serviu também para o setor aeroagrícola firmar posição junto a seus parceiros e na transparência e melhoria contínua da atividade. Tanto no encontro com os jornalistas – Meeting de Imprensa, na véspera de abertura da programação, quanto na assinatura do convênio do Sindag com a Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), ocorrida na abertura do Congresso. Ou ainda no Fórum Científico e nas conversas envolvendo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério da Agricultura – que ocorreram durante a programação. Sem falar no Fórum Político, já no fechamento da programação.

EMPRESÁRIOS

O presidente da Air Tractor (maior fabricante mundial de aviões Agrícolas), Jim Hirsch, reforça a importância do Congresso para os fornecedores. “É uma honra estar aqui no Brasil com todos os nossos clientes e suas famílias. O Congresso promovido pelo Sindag é o segundo mais importante evento do qual a Air Tractor participa anualmente. Tem sido muito benéfico para nós e continua a crescer, assim como nossa base de clientes no Brasil”, destaca o executivo texano – o outro evento a que Hirsch se refere é a Convenção da Associação Norte-Americana de Aviação Agrícola (NAAA), que tem maior volume de vendas e onde está seu principal mercado – e da qual o Sindag deve participar, no próximo mês de novembro, em Orlando, na Califórnia.

A Air Tractor fornece aviões turboélices, que representam um segmento que, no Brasil, cresce o dobro do que o incremento total da aviação agrícola no País (que foi de 3,74% em 2018).

Entre os visitantes, o empresário sul-africano Eugene Kalafatis veio ao pela segunda vez ao evento do Sindag. “A feira em Sertãozinho está definitivamente bem maior (do que a edição 2018, que ele também visitou, em Maringá/PR). Há muito mais pessoas aqui”. Cliente da gaúcha Travicar, de quem comprou sistema de pulverização eletrostático (SPE), Kalafatis conta que vem também para aprender. “O Brasil é realmente um líder quando se trata de agricultura e são muitas as ideias que levamos de volta à África do Sul depois de visitar o congresso”, assinala o empresário, que trata 76 mil hectares de lavouras (especialmente de cana-de-açúcar) com seus helicópteros e também fornece sistemas para asas rotativas para diversos países.

Otimismo que abrange também empresas de todos os portes, como a paranaense Gusmang Mangueiras Aeronáuticas. “Participamos do Congresso desde a edição de 2017 (ocorrida em Canela/RS). Sempre conseguimos novos clientes e fizemos muitos negócios”, conta o empresário Gustavo Aluísio de Paula. Além da vitrine, para ele o diferencial do evento é o contato pessoal com toda a cadeia aeroagrícola. “É onde os operadores podem conhecer de perto nossos produtos.” Um feedback que julga importantíssimo e do qual o empresário não quer mais abrir mão. “Já reservamos nosso estande para 2020”, assinala.

Articulação institucional ganhou amplitude e consistência, com foco na comunicação

No aspecto político, para o deputado federal e ex-secretário de agricultura de São Paulo Arnaldo Jardim, “o Congresso da Aviação Agrícola surpreendeu a todos o avanço que em relação ao congresso anterior, acima de tudo a sofisticação em tecnologias e equipamentos embarcados, além do olhar atento das fabricantes de aeronaves.” Jardim representou oficialmente a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no evento, palestrando sobre o trabalho do grupo (que reúne 257 deputados federais e senadores).

“A FPA apoia o aperfeiçoamento das regras do setor a partir do debate consistente e técnico. A maior potência agrícola do mundo precisa da aviação agrícola bem fundamentada e o Congresso realizado pelo Sindag nos aponta isso”, ressaltou o parlamentar paulista. A relevância da discussão foi destacada também pelo deputado estadual gaúcho Gabriel de Souza (MDB). “Participei do Fórum Político como membro da Comissão de Meio Ambiente e Saúde da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, para conhecer a atividade. Fiquei impressionado com a quantidade e qualidade de produtos e tecnologias de altíssimo nível que compõem esse setor, mostrando que é possível conciliar aumento de produtividade com o resguardo ambiental.”

Souza destacou a questão dos mitos em torno da atividade aeroagrícola, especialmente como ferramenta para aplicação de defensivos nas lavouras. “Impressões que rapidamente são desmontadas à medida que as pessoas conhecem a atividade com mais profundidade e percebem toda a tecnologia existente para garantir a segurança ambiental.”

O prefeito anfitrião, José Alberto (Zezinho) Gimenez, também foi cativado pelo tamanho e a qualidade do setor aeroagrícola. “Apesar de estar em meu quarto mandato, em um município tão ligado ao setor sucroalcooleiro (altamente dependente da aviação), me surpreendeu o tamanho desse mercado e o quanto ele ainda deve crescer em pouco tempo”. E, claro, ele era só sorrisos após o anúncio de que o evento do Sindag continuaria no Município para sua edição do ano que vem.

“Foi surpresa boa. Sinal de que temos uma boa estrutura para o Congresso, com um comércio forte, boa rede de hotéis e bons prestadores de serviços. Sem falar na expectativa que um evento desses gera na região”, completa Gimenez, lembrando que a cidade já recebe o maior evento do setor sucroalcooleiro no mundo (a Fenasucro & Agrocana, que começa no próximo dia 20, também no Centro Zanini). O Fórum Político teve ainda, entre as presenças, o ex-presidente do Sindag e atual prefeito do município de mato-grossense de Poxoréu, Nelson Paim – que também destacou a importância do setor em seu Estado, além e vereadores de Sertãozinho e da também paulista Americana.

OLHO NA IMAGEM

Durante o Meeting de Imprensa, na segunda-feira (29), vinte e cinco jornalistas e comunicadores, a maioria de jornais e emissoras de rádio e tevê da região tiveram uma prévia dos números da aviação agrícola no Brasil (segunda maior frota mundial, com cerca de 2,2 mil aeronaves, e em São Paulo – terceira frota no Brasil, com 317 aparelhos. Além um briefing das presenças e expectativas com o Congresso, o foco foi apresentar ao grupo a visão do Sindag sobre o papel da imprensa – respeitando a atuação independente dos jornalistas e colocando sua estratégia de proatividade e transparência. Tanto para levar aos meios de comunicação informações claras sobre um setor tão denso e técnico, quanto para facilitar o acesso a fontes institucionais – mesmo no caso de reportagens em tom crítico ao setor.

No caso da cooperação entre Sindag, Orplana e Única o acordo prevê, por parte das entidades, o reforço no trabalho de práticas ambientalmente sustentáveis no campo. O Sindag segue focando na importância de suas associadas manterem a regularidade de suas operações, incluindo o esclarecimento quanto ao atendimento da legislação vigente – o que ocorre com o Sistema de Nacional de Documentação na Aviação Agrícola (Sisvag), reforçado por programas como o Sindag na Estrada e a Academia de Líderes na Aviação Agrícola.

Já a Orplana e a Unica devem orientar suas associadas sobre a importância de contratar empresas aeroagrícolas que atendam à legislação e às boas práticas no campo, conforme os critérios e informações repassados pelo Sindag. As três parceiras também deverão realizar encontros anuais para manter uma agenda positiva no Estado de São Paulo. O que deve ter reflexo já no congresso aeroagrícola de 2020.

PESQUISAS

Falando em reflexo para o ano que vem, o fomento a pesquisas sobre aplicações aéreas, tanto para aprimoramento técnico quanto para subsidiar ações de comunicação sobre a segurança do setor, estiveram em pauta em suas frentes de discussões no evento. Uma delas foi o Fórum Científico, coordenado pelo professor Maurício Pasini, da Universidade de Cruz Alta (Unicruz). Nos três dias de evento, Pasini conversou com operadores para identificar gargalos do setor no campo científico e com pesquisadores para avaliar o cenário de estudos existentes sobre o tema. “A conclusão foi de que temos pouca geração de conhecimento que tenha aplicação prática imediata, ao mesmo tempo em que pudemos elaborar metas para os próximos três anos, por temas”. Para 2020, o foco é levar ao Congresso estudos que comprovem a eficiência e aperfeiçoem a ferramenta aérea. “Isso para modificar a opinião pública” destaca o coordenador do Fórum.

A outra frente de ação foi a reunião entre representantes da Embrapa e do Sindag com a coordenadora de Aviação Agrícola na Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Uéllen Lisoski Duarte Colatto. No encontro, o pesquisador Paulo Estevão Cruvinel, da Embrapa, e Welington Carvalho, da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e representante do Sindag no projeto de pesquisas que ocorreu entre 2013 e 2017 no Sul Centro-Oeste e Sudeste, reforçaram a Uéllen o pedido de apoio para a continuidade das pesquisas.

O projeto teve no final de junho uma Nota Técnica destacando a segurança e as vantagens da ferramenta aérea para o País que, ainda segundo o documento, necessita de um plano estratégico de segurança alimentar, “discutindo sem extremismos” o desenvolvimento ambientalmente sustentável da agricultura. Segundo Uélen, que assumiu em junho a Coordenadoria de Aviação Agrícola, o tema já está em uma pauta alinhavada com o Sindag. “A presença no Congresso da Aviação Agrícola foi importante para ter uma visão ampla de todo o setor e tratar também de diversos temas que devemos trabalhar daqui para frente”, completou.

Fonte: SINDAG - Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola

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