Certificação

Certificadora Cdial Halal promove workshop sobre Bem-Estar Animal com Erika Voogd, profissional renomada mundialmente no segmento

No último dia 4 de julho, a convite da certificadora Cdial Halal, Erika Voogd - renomada auditora, especialista norte-americana em Bem-Estar Animal e presidente da Voogd Consulting - realizou um workshop baseado em "Bem-Estar Animal" no hotel Hilton em São Paulo


Publicado em: 12/07/2018 às 08:00hs

Certificadora Cdial Halal promove workshop sobre Bem-Estar Animal com Erika Voogd, profissional renomada mundialmente no segmento

O evento contou com mais de 100 participantes, entre eles: Ahmad Ali Saifi, Presidente do Centro de divulgação do Islam para América Latina; Sheik Mohamad Zeidan, da Liga Mundial Islâmica no Brasil ; Sheik Houssam El Boustani, presidente da CIFA- diretor da Universidade Americana para Ciências humanas no Brasil; Daniel Boer, diretor de Suprimentos do McDonalds; Paulo Magalhães, gerente de Gestão de Qualidade da Seara; Erika Pucci, coordenadora de Qualidade da JBS; Mariana Modesto, gerente de Sustentabilidade da BRF; Erlando Schimidt, coordenador de Qualidade e Segurança da YUM (empresa americana do setor de alimentação que controla as franquias de fast food KFC, Pizza Hut, Taco Bell e Wingstreet) e doutora Charli Ludtke, coordenadora Geral de Agregação de Valor (CGAV/SMC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

De acordo com o diretor-executivo da Cdial Halal, Ali Saifi, este evento foi revolucionário. “Somos a primeira empresa brasileira e talvez do mundo em certificação de produtos halal a realizar uma programação como esta. Espero que não sejamos os únicos. Os convidados tiveram a oportunidade de conhecer a Erika, uma profissional renomada neste segmento e toda sua experiência com o Bem-Estar Animal (também manejo humanitário), desde a nutrição, manejo e abate. Nosso objetivo é fazer com que o mercado entenda ainda mais a importância de tratar o animal com dignidade e respeito, pois é ele que irá se sacrificar para nos fornecerá o alimento. De acordo com as leis de Deus, devemos agir com bondade. Se tratarmos bem o animal, este ato irá refletir também em nossas vidas”, ressalta Saifi.

Durante todo o dia, foram discutidos vários assuntos: Bem-Estar Animal do ponto de vista islâmico; razões para manipulação humanizada (aves e bovinos) e seus benefícios para o cliente; conceitos de manipulação humanizada e boas práticas na cadeia produtiva de frango (granja, captura, transporte, galpão de espera, pendura, atordoamento etc) e bovina (campo, transporte, carga e descarga do caminhão, curral e rampa de abate), além da apresentação do Bem-Estar Animal para o abate religioso, que são princípios complementares e não conflitantes.

É preciso fazer todos os processos de abate de forma correta. O Bem-Estar Animal não pode ser apenas uma ciência. É necessário colocar em prática, porque garante saúde ao animal, sustentabilidade ambiental, tendo como resultado um alimento seguro. Quando há manejo humanitário correto em toda cadeia, a qualidade do produto final certamente será melhor para os consumidores.

Erika comentou que as empresas têm se preocupado cada vez mais com o Bem-Estar Animal. “O abate humanitário, de acordo com a doutora no assunto, Temple Grandin – professora de Bem-Estar Animal da Universidade Estadual do Colorado (EUA) – envolve a cadeia inteira e não somente na hora do corte”, ressalta.

Antes de iniciar o bate-papo com Erika, vamos entender resumidamente o abate halal. O alimento permitido no Islã, de acordo com a regras de Deus escritas no Alcorão, é denominado halal, que em árabe significa lícito, autorizado, ou seja, alimentos que seguem 100% todas as normas da jurisprudência islâmica para consumo dos muçulmanos.

As normas básicas a serem seguidas para o abate halal são: os animais devem estar saudáveis, aprovados pelas autoridades sanitárias e que estejam em perfeitas condições físicas. Antes do abate, o profissional muçulmano que irá realizá-lo deve dizer a frase “Em nome de Deus, Deus é maior! Todos os equipamentos e utensílios devem ser próprios para o abate halal. A faca deve ser bem afiada para que seja feita apenas uma sangria que reduza o sofrimento do animal. O corte deve atingir a tranqueia, o esôfago, artérias e a veia jugular, para que todo o sangue do animal seja escoado e o animal morra sem sofrimento. Inspetores muçulmanos acompanharão todo o abate, uma vez que eles são responsáveis pela verificação dos procedimentos.

Confira ogora bate-papo com Erika Voogd

O que é o Bem-Estar Animal no ponto de vista islâmico e qual a diferença para os demais povos?

Erika Voogd: No ponto de vista islâmico, o animal precisa ter uma vida saudável, digna e com respeito. São estes os pré-requisitos para realizar um abate halal, respeitando as leis do Alcorão. Estas não são condições somente para o islamismo mas para qualquer povo do mundo. Alcançar este Bem-Estar Animal é uma expectativa mundial de qualquer nação.

Quais são as boas práticas no abate halal para frango e para carne bovina?

Erika Voogd: As boas práticas ressaltam que todo o processo deve ser realizado de forma humanitária, ou seja, rápido e correto. No caso das aves, se possível, não pendurar o frango para o abate, mas se for necessário, mantê-lo pendurado o menor tempo possível antes da sangria. Realizar um corte certeiro na tranqueia, no esôfago, nas artérias e na veia jugular.

Para ter uma carne bovina de qualidade, é necessário que o animal tenha um manejo calmo e tranquilo desde a fazenda, durante o transporte e descarga. Mantê-lo o mínimo possível em sistema de confinamento – principalmente em espaço pequenos -, proporcionando temperatura agradável, água e alimentação adequadas. Todo o procedimento de abate deve ser rápido e eficiente. Se a degola for bem realizada e os animais perderem a consciência dentro do menor tempo possível, designado pela empresa, os animais serão considerados halal. Se houver retorno da consciência, o animal não deve ser creditado como halal. Se estes procedimentos tanto para carne de frango como para bovino forem respeitados, o aproveitamento da carne será de 100%.

Quais os potenciais do mercado brasileiro para exportação do abate halal?

Erika Voogd: O mundo demanda corte de altíssima qualidade. É muito importante e necessário realizar um manejo adequado desde de o pintinho e desde de o bezerrinho até o momento da degola para ter uma carne muito suculenta. Se o Brasil melhorar o Bem-Estar Animal, não somente para cumprir a lei, mas para executar o que a gente acredita que seja uma entrega de qualidade, o país pode conquistar qualquer mercado, não somente o mercado halal. O mundo precisa de carne de qualidade. Agora se não for realizado um abate humanitário e bem feito, a qualidade da carne cai e o Brasil vai perder mercado. Irá vender somente para mercados que pagam baixo valor agregado. A carne de qualidade agrega valor ao produto. Quer um exemplo. A marca mais sofisticada de carne é a Wholefoods. É uma empresa que faz todos os procedimentos à risca para garantir o Bem-Estar Animal, cobra três vezes mais o valor da carne e tem clientes em todo o mundo. E grande parte dos produtos da Wholefoods são halal. Ou seja, ter a certificação halal é sinônimo de confiança e atesta que a empresa segue os cumprimentos dos padrões religiosos. Atualmente trabalho com alguns frigoríficos que fazem abate halal no Estados Unidos. Todas as empresas, que fazem abate halal neste país, querem vender para Wholefoods, porque o valor de venda é maior. E os frigoríficos só vão conseguir negociar com esta empresa se realmente respeitar e cumprir toda etapa da cadeia produtiva.

Como a senhora vê o Bem-Estar Animal no mundo:

Erika Voogd: Eu realmente acredito em uma união global entre os animais, plantas, pessoas e a terra. Devemos respeitar e apreciar tudo em nossas vidas, inclusive os animais. A Bíblia nos diz para termos este comportamento e Alcorão a mesma coisa. Acredito que o mundo está pronto para receber este conceito. Devemos reconhecer cada sacrifício que o animal faz para nos prover comida e nossa vida. Temos que garantir que eles recebam respeito, compaixão e dignidade. Tenha certeza de que o empresário com este pensamento terá mais lucratividade em seus negócios; os supermercados oferecerão produtos melhores para seus clientes e na outra ponta, os consumidores terão produtos com mais qualidade. Tudo dará certo se fizermos do jeito correto.

Bem-Estar Animal: O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) disciplina o Bem-Estar Animal por meio das seguintes Legislações: » Decreto n° 30.691 de 1952; das Instruções Normativas n° 03 de 2000 e n° 56 de 2008. Para o MAPA, os princípios de bem-estar de animais de produção permeiam a boa nutrição, boa saúde, manejo e instalações adequadas e expressão de comportamentos característicos da espécie, que são diretamente relacionados com características que interessam ao setor de produção animal, destacando-se: crescimento; ganho de peso; desempenho reprodutivo; qualidade da carne e da carcaça; resistência às doenças; segurança dos trabalhadores e dos animais. O Bem-Estar Animal pode ter relevante impacto econômico na produção agropecuária. Ao adotar esses princípios é possível contribuir para o aumento da produtividade e da lucratividade da cadeia produtiva e colaborar para melhoria dos produtos de origem animal, além de minimizar as perdas decorrentes do manejo inadequado dos animais.

De acordo com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - o abate de bovinos cresceu 3,8% em 2017, atingindo 30,83 milhões de cabeças. O de suínos cresceu 2,0%, chegando a 43,19 milhões de cabeças, um recorde na série histórica, iniciada em 1997. Já o de frangos, depois de quatro anos de altas, recuou 0,3% frente a 2016, totalizando 5,84 bilhões de cabeças de frangos. Mais de 6 bilhões de abates de animais por ano.

Erika L. Voogd é presidente da Voogd Consulting, Inc., empresa localizada na cidade de West Chicago, estado de Illinois, EUA. Atualmente, trabalha como consultora independente, especializada em assessoria global para a indústria de carne. Sua expertise inclui "Bem-Estar Animal"; "Segurança Alimentar"; "Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle"; "Garantia da Qualidade"; "Higiene Alimentar" e "Cumprimento das Regulamentações do USDA".

Fonte: LN Comunicação

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