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BC vai atuar no câmbio quando houver "sensação de pânico", não fixará patamar, diz Ilan

O Banco Central não pautará sua atuação no câmbio por mudanças de preço, buscando apenas dar tranquilidade ao mercado quando avaliar a ocorrência de falta de liquidez ou sensação de pânico, afirmou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, à GloboNews


Publicado em: 06/07/2018 às 12:00hs

BC vai atuar no câmbio quando houver "sensação de pânico", não fixará patamar, diz Ilan

"Nosso papel, dado que a gente tem um seguro, que são as reservas, é oferecer essa tranquilidade. Mas não é determinar o que vai ocorrer no mercado de câmbio flutuante. É dar tranquilidade. É isso que a gente fez lá atrás, é isso que a gente vai fazer daqui para frente", disse ele no programa da jornalista Miriam Leitão, exibido na noite de quinta-feira.

Ilan voltou a destacar que o objetivo do BC "não é determinar um determinado patamar" para a moeda norte-americana.

"A atuação vai ser no momento onde não houver o que a gente considera liquidez. Disfuncionalidade. Onde houver sensação de pânico, coisas que no mercado não funcionam", disse.

"Não é o movimento do preço, se está caindo ou se está subindo, mas a percepção de que houve alguma mudança de visão muito rápida e não houve a capacidade de o mercado se adaptar a isso, (aí) nós vamos dar essa tranquilidade. Nós vamos usar esse seguro", completou.

Na quinta-feira, o dólar fechou no maior patamar em mais de dois anos, a 3,9344 reais, movimento embalado pela percepção de mais elevações nos juros nos Estados Unidos neste ano após a divulgação da ata do Federal Reserve, banco central norte-americano.

Com o avanço, os investidores também indicaram a crença numa volta da atuação com mais força do BC brasileiro no mercado de câmbio. Sem anunciar intervenção extraordinária, o BC se limitou na véspera a ofertar e vender integralmente 14 mil swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em agosto, no total de 14,023 bilhões de dólares.

Com isso, rolou o equivalente a 2,8 bilhões de dólares do total que vence no próximo mês Na entrevista, Ilan destacou que o que determinará o valor dos ativos no país será a capacidade do Brasil de continuar as reformas e ajustes na economia, num caminho de responsabilidade fiscal e inflação baixa.

"É isso que vai fazer a diferença pra frente", afirmou.

Em suas últimas comunicações, o BC vinha deixando claro que vê a inflação perdendo força após junho, mês que ainda sofrerá o impacto da alta dos preços ocasionada pela greve dos caminhoneiros em maio, que causou forte desabastecimento no país todo. Com isso, acabou reforçando visões de que não mexerá tão cedo na taxa básica de juros, atualmente em 6,50 por cento.

Ilan reiterou a mensagem ao dizer que o país está sofrendo alguns choques "certamente temporários", incluindo o decorrente da greve dos caminhoneiros, que fará a inflação de junho ser elevada.

Segundo Ilan, o BC só reagirá pelo canal de política monetária quando os choques baterem na expectativa de inflação no horizonte relevante.

"A gente está falando olhando para 2019, olhando para 2020, olhando mais para frente, olhando como é que essa inflação vai acabar batendo pra frente. O que mais nós vamos dedicar é olhar esse aumento temporário de inflação e ver se há algum elemento perene, um elemento que fica", disse.

Na visão do mercado, a Selic deve permanecer na mínima histórica de 6,50 por cento neste ano, sendo elevada somente a partir do ano que vem. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de junho, o BC manteve a taxa básica neste nível pela segunda vez seguida, citando piora no mercado externo e também a recuperação "mais gradual" da economia brasileira neste ano.

Fonte: Reuters

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