O mercado brasileiro de fertilizantes orgânicos está em alta. Em 2018, o faturamento bruto do setor atingiu R$ 300 milhões, o que representa 4% de toda a indústria nacional da nutrição vegetal, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). A entidade aponta o entusiasmo desse segmento, que prevê crescimento de 20% no faturamento neste ano.

O otimismo registrado nesses números pode ser visto na prática. A Agropaulo Agroindustrial, empresa do Grupo Telles, acaba de trazer ao mercado o fertilizante orgânico Nat ZB. À base de zinco, boro e óleos essenciais, o fertilizante mineral misto é ideal para o desenvolvimento nutricional de plantas como sorgo, milho, soja, espécies frutíferas, cana-de-açúcar, entre outras culturas.

O produto natural ajuda no crescimento das raízes, tornando a planta mais sadia e resistente à ação de pragas, e, além disso, proporciona maior rendimento da produção. O Nat ZB leva o selo do IBD (Associação de Certificação Instituto Biodinâmico), maior certificadora da América Latina de produtos orgânicos e a única do Brasil com credenciamento válido para todo o mercado internacional.

Para chegar a essa solução, a Agropaulo vem aportando recursos em pesquisa e inovação. “Começamos a investir há pelos menos sete anos em pesquisas, com a extração dos óleos essenciais, que são utilizados na formulação dos nossos fertilizantes, conferindo características singulares em nosso produto”, explica Paulo Telles Neto, presidente do Grupo Telles.

Recentemente, a empresa também deu início à comercialização do Nat Fungi, defensivo microbiológico composto à base de Metarhizium anisopliae, indicado para aplicação em pulverização de plantas e solos para controle de cigarrinhas. “Esse lançamento é uma alternativa natural e ecológica para o combate de pragas, evitando o impacto ambiental causado por agentes químicos”, conta o executivo. Em breve, o Grupo passará a comercializar defensivos de origem vegetal, em fase de registro junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Diversificar para crescer

As novidades fazem parte da estratégia da companhia para diversificar sua atuação no agronegócio. Além da produção de fertilizantes e defensivos, a empresa está presente na produção de etanol, grãos (milho, soja e sorgo), pecuária leiteira e de corte e óleos essenciais, negócios distribuídos entre os estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Tocantins.

Na prática, essa conjunção de atividades do Grupo Telles se dá por meio da verticalização e horizontalização das linhas de negócios e também da aplicação do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). Em ascensão no Brasil, a ILP é a estratégia mais utilizada nos sistemas integrados, ocupando 83% da área, seguida pela Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), com 9%, a Integração Pecuária-Floresta (IPF), 7%, e a Integração Lavoura-Floresta (ILF), 1%.

Na Agropaulo, a ILP teve início em Tocantins, onde a empresa integrou a produção de soja e milho com a criação de gado de corte. Funciona assim: grãos e capim são plantados juntos e, após a colheita do grão, o capim se transforma em área de pastagem para o gado.

Outro exemplo vem da fazenda do grupo no Ceará. Nela, são produzidos o capim e o sal mineral para alimentação do gado leiteiro __ que, eventualmente, também é reforçada com a levedura desidratada, rica em proteína, resultado do processo de fermentação do etanol na usina localizada no Rio Grande do Norte. Toda a alimentação do gado é produzida internamente.

“Trabalhamos integrando os diversos segmentos dentro da nossa cadeia produtiva. No agronegócio, é importante ter outras atividades correlatas que gerem outras fontes de receita, contribuindo para o equilibro financeira da empresa, em função das oscilações dos resultados dos diferentes produtos”, diz Paulo Telles Neto.