Publicado em: 28/11/2025 às 19:20hs
O mercado brasileiro de trigo finalizou o mês de novembro com um ritmo moderado de negociações, segundo avaliação do analista da Safras & Mercado, Elcio Bento. De acordo com ele, os moinhos estão bem abastecidos, com estoques suficientes para atender à demanda até o início de 2026, o que limita novas compras a operações pontuais.
No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, os agricultores enfrentam pressão de caixa após um ciclo de custos elevados. Segundo Bento, a necessidade de liquidez leva muitos produtores a vender rapidamente o trigo, abrindo espaço para tradings, que têm direcionado boa parte da safra para o mercado externo.
Até o momento, mais de 1 milhão de toneladas já foram comercializadas no estado, sendo mais de 60% destinadas à exportação. Os line-ups (programações de embarque) somam 627.052 toneladas na temporada.
Apesar do aumento nas exportações, os preços do trigo recuaram no mercado gaúcho. Conforme Bento, a paridade de exportação continua pressionando as cotações.
No Rio Grande do Sul, o trigo encerrou novembro a R$ 1.025 por tonelada, queda de 0,5% em relação a outubro e de 11% frente ao mesmo período de 2024.
No Paraná, a cotação ficou em R$ 1.173 por tonelada, redução de 1% no mês e de 14% em relação ao ano anterior.
A desvalorização do produto também reflete o cenário externo e cambial. O analista explica que o trigo argentino mantém-se competitivo, influenciando diretamente os preços no Brasil. O cereal do país vizinho fechou novembro cotado a US$ 211 por tonelada, queda de 4,1% em relação a outubro e ao mesmo período do ano passado.
Além disso, as novas estimativas para a safra argentina aumentaram a oferta global. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires revisou sua projeção para 25 milhões de toneladas, reforçando a disponibilidade regional e limitando qualquer recuperação nos preços.
Outro fator que contribui para a queda nas cotações é o câmbio. Com o dólar em torno de R$ 5,35, registrando recuo anual de quase 10%, as importações de trigo se tornam mais atrativas, segundo Bento. Esse movimento amplia a concorrência com o produto nacional e tende a manter os preços domésticos acomodados nas próximas semanas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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