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Paraná estima prejuízos na produção de açúcar e etanol por causa da estiagem, diz ALCOPAR

Conforme a Alcopar, cultivo de cana está sendo impactado pela falta de chuva; perdas na produção podem chegar até 10%, o que representa três milhões de toneladas de cana


Publicado em: 10/06/2021 às 18:00hs

Paraná estima prejuízos na produção de açúcar e etanol por causa da estiagem, diz ALCOPAR

Com 600 milhões de hectares de cana, o Paraná estima colher 34 milhões de toneladas na safra atual. Entretanto, a estiagem pode alterar a previsão e prejudicar a colheita da cana no estado, segundo a Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar).

De acordo com o presidente da associação, Miguel Tranin, o prejuízo também deve impactar a produção de açúcar e etanol no estado.

“No ano passado, nós tivemos um período longo de seca no Paraná que permitiu que a cana não crescesse tão bem. Estamos agora, praticamente 70, 80 dias sem chuva na região produtora de cana do estado. Isso nos traz hoje uma perda provável de 6%, podendo chegar até 10% da perda de produção do estado. Nós perderíamos em torno de três milhões de toneladas de cana, sendo proporcional no açúcar e no etanol também.”

Se não houver prejuízos, o estado espera produzir 2,5 milhões de toneladas de açúcar, sendo que 90% desse total é enviado para o mercado internacional.

O Paraná estima ainda uma produção de 1,4 bilhão de litros de etanol, segundo a Alcopar.

Preço de mercado

Apesar da previsão de perdas na safra, os preços, que são regulados pelo mercado internacional e a variação cambial, estão em alta.

“O preço tem as variações do preço do petróleo, hoje, na faixa de 80 dólares. Então a tendência é acompanhar esse cenário de mercado, mas eu acredito que se mantenha estável, até porque o grande gatilho do etanol é o preço da gasolina. Na hora em que chega nos 70%, o consumidor já aprendeu que deve migrar pra gasolina", explicou Tranin.

Nos postos, todos os combustíveis ficaram mais caros para o consumidor. Em Maringá, no norte do Paraná, o litro da gasolina chega perto dos R$ 5,70, e o álcool varia de R$ 4,49 a R$ 4,60 o litro.

Nos últimos dias, o preço do álcool até baixou um pouco na bomba. Mesmo assim, o consumidor continua achando bem caro.

Outra reclamação dos consumidores está nos supermercados. O preço do açúcar, outro derivado da cana, está alto. Nos últimos 12 meses, o açúcar cristal, por exemplo, subiu mais de 21% para o consumidor.

Item da cesta básica, o cristal está chegando às prateleiras a quase R$ 15 o pacote de cinco quilos.

O açúcar refinado não fica atrás. Segundo o IPCA, o produto subiu 18,96% em um ano. Um quilo custa até R$ 3,48, dependendo da marca.

O aumento no mercado interno ocorre porque o produto é item de exportação. Além de sofrer a variação do dólar, o consumo lá fora aumentou, segundo o presidente da Alcoopar.

“O açúcar, por ser uma commodity, a produção mundial afeta como um todo. Então, de dois anos pra cá, houve uma recuperação do preço mundial, mais por quebra de produção a nível internacional do que exatamente a produção nacional. Essa estimativa, de uma possível quebra de safra no Brasil, também pode afetar e ainda tem a pandemia. Neste período, houve um aumento do consumo mundial de açúcar. Geralmente, o crescimento anual de consumo de açúcar é muito baixo, mas, hoje, se fala em 1%. Parece muito pouco, mas 1% do consumo mundial de açúcar é bastante significativo.”

Produção de cana nacional

No Brasil, os canaviais cultivam história desde os tempos do Império, quando o país dependia inteiramente dessas lavouras e da exportação do açúcar.

De lá pra cá, muita coisa mudou na economia e no campo, mas, ainda hoje, o Brasil é o maior produtor de cana do mundo, com previsão de colher mais de 628 milhões de toneladas em 2021.

Nas usinas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a cana deve render 27 bilhões de litros de etanol e quase 39 milhões de toneladas de açúcar.

No caso do açúcar, o Brasil continua sendo o maior exportador. 40% da produção mundial sai das usinas brasileiras.

Com o início da nova safra, as vendas fora do país estão a todo vapor. Conforme a companhia, o país exportou quase 2 milhões de toneladas. O aumento foi de 25% em relação a março, que foi o mês do início da colheita.

Fonte: Portal G1

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