Certificação

Atvos aguarda definição das metas do Renovabio para comercializar 710 mil CBios já emitidos

A Atvos, braço sucroenergético da Odebrecht - em recuperação judicial separada da controlada -, está aguardando a definição das metas anuais do programa Renovabio para iniciar a comercialização dos seus créditos de descarbonização (Cbios) na plataforma da B3


Publicado em: 10/08/2020 às 08:40hs

Atvos aguarda definição das metas do Renovabio para comercializar 710 mil CBios já emitidos

"A gente já pode comercializar, mas ainda não estamos fazendo por causa desse impasse", disse ao Broadcast Agro o diretor comercial e de logística da Atvos, Marcelo Mancini. "Com a meta definida, teremos visão mais clara sobre o mercado." Até o momento, a companhia já escriturou 710 mil Cbios, volume que correspondia a 17% da oferta total da bolsa em 31 de julho, e tem como expectativa a emissão de 2,5 milhões de Cbios até o fim da temporada 2020/21.

Para o executivo, o processo de certificação das usinas e escrituração dos Cbios foi considerado uma experiência positiva, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus. O próximo passo do Renovabio, principal programa do governo de estímulo à produção de biocombustíveis, é a definição das metas anuais para que, então, seja possível entender a dinâmica de oferta e demanda pelos ativos ambientais, pontua Mancini.

O assunto está em discussão no setor desde que o Ministério de Minas e Energia decidiu revisar as metas propostas anteriormente, em função dos efeitos da pandemia sobre o segmento de combustíveis. As medidas de contenção à doença levaram a uma retração abrupta na demanda e nos preços dos biocombustíveis, especialmente do etanol. Em consulta pública encerrada no dia 4 de julho, o MME propôs cortar pela metade a meta anterior, para 14,5 milhões de Cbios em 2020. A proposta é vista, entretanto, como conservadora pela Atvos, tendo em vista a retomada no consumo de combustíveis desde o mês de abril.

"Se a gente tiver uma meta muito frouxa, vamos ter sobra de Cbios e, consequentemente, uma desvalorização. Se for muito apertada, pode faltar Cbio e ele vai ficar muito caro. A gente espera que essas metas venham para dar um equilíbrio ao mercado e para o programa realmente decolar no segundo semestre", disse Mancini. Ele citou também a proposta enviada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) ao MME, que prevê uma meta de 16 milhões de Cbios para 2020. "A Unica fez um estudo muito profundo para dizer que o setor tem condição de produzir volumes mais altos neste ano e, portanto, essa meta pode ser maior", acrescentou.

Para o diretor de sustentabilidade e de relações governamentais da Atvos, Amaury Pekelman, a revisão do MME foi uma surpresa. "Uma vez definida uma política pública, ela deve ter continuidade para ter credibilidade. O corte previsto é muito maior do que a diminuição do consumo de etanol", disse.

A questão tributária é outro ponto sobre o qual o mercado aguarda esclarecimento, mas, embora tenha um impacto importante, na visão do executivo não limitaria a comercialização caso fosse a única pendência do Renovabio. Conforme revelado em julho pelo Broadcast Agro, o MME aguarda aprovação pela Receita Federal de uma Medida Provisória que prevê tributação progressiva para os Cbios, iniciando com uma alíquota de 5% em 2021.

Quanto à questão operacional, Pekelman contou que a companhia está automatizando uma série de processos para detalhar a gestão dos indicadores de carbono. Dessa forma, a empresa conseguirá identificar possíveis necessidades de melhoria para alcançar notas de eficiência energética do etanol maiores dentro do Renovabio. O indicador avalia o quanto de emissão de carbono é evitada com a fabricação do produto. A avaliação é realizada de três em três anos, mas pode ser adiantada a pedido das usinas.

Fonte: Broadcast Agro

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