Publicado em: 17/09/2025 às 16:00hs
Passados mais de 30 dias desde a implementação da tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos, começam a se delinear os efeitos econômicos do chamado "tarifaço". De acordo com Silvano Boing, CEO da Global, o impacto imediato foi sentido nas exportações: em agosto, as vendas brasileiras para os EUA recuaram 18,5% na comparação anual, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Setores tradicionais da pauta exportadora, como minério de ferro, açúcar, aeronaves, carne bovina e aço semimanufaturado, registraram quedas de 23% a 100%. No caso do minério de ferro, não houve nenhuma exportação para os EUA em agosto. Mesmo produtos não diretamente sujeitos à tarifa, como aeronaves, petróleo e celulose, apresentaram redução nas vendas, reflexo da adaptação antecipada ao impacto tarifário.
Apesar da retração nas exportações para os EUA, a balança comercial brasileira apresentou resiliência, registrando superávit de US$ 6,13 bilhões em agosto, alta de 35,8% sobre o mesmo período do ano passado. Esse desempenho foi impulsionado por mercados alternativos:
No entanto, setores como agronegócio e bens manufaturados de alto valor agregado seguem pressionados, já que produtos como café, carne bovina, frutas e pescados, que representavam cerca de 30% das exportações aos EUA em 2024, agora enfrentam a alíquota máxima de 50%.
O impacto do tarifaço extrapola o comércio exterior, atingindo toda a cadeia produtiva nacional. Empresas exportadoras enfrentam compressão de margens, atrasos de pagamentos e necessidade de capital de giro adicional, refletindo-se em fornecedores de insumos, logística e serviços.
Segundo levantamento da Global, até 82% das dívidas B2B são recuperadas quando cobradas nos primeiros 10 dias de atraso; após 180 dias, esse índice cai para 12%. A velocidade e a proatividade na gestão financeira são, portanto, essenciais para evitar inadimplência em efeito dominó.
Diante dos desafios, empresas e governo adotam medidas para minimizar os efeitos do tarifaço:
Analistas destacam que este cenário, apesar de desafiador, oferece oportunidade de modernização, maior cultura de gestão de riscos e fortalecimento das cadeias produtivas brasileiras.
Trinta dias após o início do tarifaço, o Brasil demonstra resiliência, mas também evidencia vulnerabilidades, especialmente no crédito interempresarial e na competitividade de determinados setores. As próximas semanas serão decisivas para consolidar estratégias de adaptação e fortalecer a posição do país na economia global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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