A pecuária, a produção e a proteína animal são cruciais para os sistemas alimentares devido às suas implicações positivas em nível nutricional, de sustentabilidade e de desenvolvimento rural, segundo assentiram as autoridades agrícolas dos Estados Unidos, México e Uruguai em evento convocado pelo Instituto Interamericano da Cooperação para a Agricultura (IICA) e o Fórum Econômico Mundial (WEF, sua sigla em inglês), preparatório para a Cúpula sobre Sistemas Alimentares, programada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o próximo ano.

O encontro contou com a participação do subsecretário de Assuntos Internacionais e Comércio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (EUA), Ted McKinney; do Subsecretário de Agricultura e Diretor do Serviço Nacional de Sanidade, Inocuidade e Qualidade Agroalimentar (SENASICA) do México, Francisco Trujillo; e do Subsecretário de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Juan Ignacio Buffa.

O vice-presidente do Conselho de Exportação de Produtos Lácteos dos EUA (USDEC, sua sigla em inglês), Nick Gardner; e o Diretor-Geral do IICA, Manuel Otero, também fizeram parte do painel de especialistas.

No evento, que teve como base dois fóruns organizados pelo IICA, USDEC e a Plataforma Global de Produtos Lácteos (GDP, sua sigla em inglês) ocorridos durante os meses de agosto e outubro, os especialistas concordaram que a produção pecuária e a proteína animal são essenciais para os sistemas agrícolas e a ruralidade, por seus aportes para a segurança alimentar, a saúde, o desenvolvimento socioeconômico, cultural e ambiental.

“Cerca de 1,3 bilhão de pessoas de baixa renda dependem de rebanhos, laticínios e aves de granja para seu sustento, e 70% delas são mulheres”, disse McKinney.

Conforme argumentado no webinar, apenas nas Américas o setor pecuário é responsável por 46% do PIB. Outros benefícios positivos da indústria pecuária estão associados à redução da pobreza e à geração de empregos.

“240 milhões de pessoas estão direta ou indiretamente empregadas no setor de laticínios. O hemisfério tem uma forte conexão com a pecuária e o consumo de proteína animal no centro de seu sistema alimentar; um mundo sem rebanhos terá impactos negativos significativos em milhões de comunidades rurais ”, disse Gardner.

O Diretor-Geral do IICA, por sua vez, afirmou que “devemos garantir alimento para a região, posto que 25% das calorias e 15% das proteínas consumidas pelos habitantes são de origem animal”.

“A pecuária é um setor que deve ser defendido, promovido, fomentado e melhorado para fortalecer os sistemas agroalimentares”, acrescentou.

Ciência e inovação

Os palestrantes concordaram, e também defenderam, que é vital se basear na ciência para a tomada de decisões, regulamentações, apoiar a segurança e a saúde dos consumidores e fornecer informações precisas sobre o papel da produção pecuária e da proteína animal na nutrição, às vezes enviesado com argumentos contra seu consumo que carecem de suporte científico.

“Onde a ciência entra, as crenças vão, se derrubam os mitos”, disse Buffa, Subsecretário de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, que destacou a experiência de seu país em termos de sistemas de informação, rastreio e sanidade e inocuidade, fundamentais na produção pecuária e ainda mais no atual contexto de pandemia.

“O desafio é produzir alimentos íntegros, trabalhar com muita ciência e não deixar ninguém para trás, manter uma rede social e aí a digitalização é fundamental, fecha lacunas”, disse.

Os especialistas fixaram que a inovação, por meio da biotecnologia, é o caminho para incrementar a eficiência, a produtividade e avançar para um setor com uma produção sustentável em todas as suas dimensões, de forma a garantir sistemas agroalimentares seguros e de qualidade.

É algo que defenderão durante a Cúpula das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares, na qual o IICA buscará dar voz ao setor agrícola e colocar os produtores e pecuaristas na vanguarda por suas valiosas contribuições para a segurança alimentar.

“A inovação é a resposta e a sustentabilidade é o nosso guia. Não vamos olhar para trás, para os tempos do meu bisavô, avancemos para inovar de maneira apropriada a trazer soluções para todos no mundo, não a proibições obrigatórias e colonialismo tradicional; esse não é o caminho a seguir com a agricultura global ”, enfatizou o Subsecretário de Assuntos Internacionais e Comércio dos EUA, Ted McKinney.

“Existe um grande empenho em harmonizar todos os fatores, não só a competência, a competitividade e o êxito comercial, mas também o equilíbrio e responsabilidades com o meio ambiente e a sociedade, apostando numa maior colaboração entre todos os participantes dos sistemas alimentares”, complementou o Subsecretário de Agricultura do México, Trujillo.

O titular do organismo especializado em agricultura e ruralidade concluiu explicando que “o IICA está muito entusiasmado com esta Cúpula e com a oportunidade de ressaltar as importantes contribuições das Américas para alimentar o mundo com uma produção agrícola sustentável e segura e garantir aos produtores e pecuaristas que estão na vanguarda, que a agricultura seja parte da solução e não o problema para enfrentar os desafios das mudanças climáticas”.

Principais consensos da discussão:

• A produção pecuária é e continuará sendo uma parte importante do sistema alimentar.

• Os produtores de proteína animal estão avançando na produção de alimentos de uma maneira mais sustentável e responsável, embora ainda haja trabalho a ser feito.

• Os sistemas alimentares devem funcionar para todos e dietas de qualidade devem estar disponíveis para todas as pessoas.

• A eliminação da produção pecuária dos sistemas alimentares limitará significativamente as oportunidades econômicas e o potencial de desenvolvimento das comunidades rurais.

• Os produtores de proteína animal agradecem os avanços que melhoram nosso mundo; devemos abraçar a tecnologia, a inovação e o comércio.

Ações derivadas:

1. Continuar promovendo a tomada de decisões com base científica. 

2. Continuar fomentando a inovação como chave para maior sustentabilidade e produtividade. 

3. Seguir promovendo o papel central da produção pecuária sustentável para a nutrição, a saúde e para os sistemas alimentares sustentáveis.