Arroz

Se está assim, imaginem ano que vem!


Publicado em: 26/09/2011 às 08:26hs

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Mesmo com todo o empenho financeiro do Governo Federal, os preços do arroz continuam a não remunerar o produtor. Depois do pior, vendas de arroz inferiores a R$19,00/sc na safra, o setor amarga mais uma ressaca. A menos de R$1,80 para chegar ao tão sonhado preço mínimo, as cotações despencaram distanciando-se mais de R$2,80, aproximadamente R$23,00/sc. A perda de liquidez foi imediata. Numa semana todas as indústrias interessavam-se na comercialização. Na outra, todas fora de mercado. A coincidência foi à época, a mesma do acerto com os bancos. Será coincidência?

Mas que infelicidade! Depois de todo o recurso público anunciado, o alvo não foi alcançado. Estamos começando o plantio da nova safra e o cenário novamente sofre uma dura mudança.

Notícias sobre ferramentas para ajuda ao setor, intenções, ações políticas são corriqueiras em nossos meios de comunicação. Usinas de etanol, força tarefa para credenciamento de armazéns da CONAB, mecanismo de apoio ao escoamento de arroz para ração animal, doação de arroz público para ações humanitárias chegam a soar como música aos ouvidos do arrozeiro. Mas a realidade é completamente diferente. Tudo isto está muito distante!

Os motivos são os mais variados para explicar a queda de liquidez no mercado do arroz. A redução  significativa dos prêmios do PEP e PEPRO foi uma delas. Parece pouco, mas é relevante! Tanto é que o mercado esfriou tão logo anunciado a redução. Mas que fragilidade? Não pode ser! O mercado doméstico é de 12 MMT/ano e a exportação, para este ano, espera-se os incríveis  1,4 MMT. Como é que pode ser tão sensível?

E as importações do Mercosul? Desde julho mudaram significativamente o perfil, praticamente dobrou em relação aos meses de abril, maio e junho, mas ainda é  baixa, ao redor de 90 MT/mês. Como é que pode influenciar o mercado? Segundo depoimento, isto bastou para dar o indicativo de que o preço acima de U$12,00 é atrativo aos nossos competidores, que também possuem excedentes. Para não micar com arroz comprado a preços maiores aos praticados na Argentina ou Uruguai, o Paraguai já vendeu quase toda a sua safra, as indústrias de beneficiamento saem de mercado e praticam tabelas de preços inferiores, buscando maior competitividade ou rentabilidade. Este é o capitalismo! Ao produtor o regime é socialista! Não domina o preço, vende por determinado valor e invariavelmente recebe outro. É a balança da fazenda que está sempre errada, a impureza muito alta, a qualidade inferior...

Mas como é que algum dia poderemos equacionar tudo isto? É um desafio impressionante às lideranças e também ao governo. Mas é preciso mais que vontade, é preponderante a coragem. O arroz é muito importante para o Brasil e principalmente ao RS! Quanto é arrecadado de alíquota de ICMS? Quanto representa somente a distorção da pauta fiscal? Façamos um comparativo com a soja! Falando em pauta fiscal, parece que um Deputado Estadual interpretou esta arrecadação extra como inconstitucional, Dep. Marlon Santos - PEC 217/2011. Pelo menos um tentando desonerar!

O que nos espera para o ano que vem? O Governo Federal não poderá agir como este ano, que praticamente impôs o prejuízo para depois prorrogar. Será que não deveriam mudar o foco? Com exceção do PEP, estamos novamente a estocar ao invés de escoar. E o estrutural? O economista José Roberto Mendonça de Barros já anunciou "a doença dos custos altos no agronegócio" durante palestra no Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima.

É hora de plantarmos a próxima lavoura e a estratégia de comercialização. Certamente trabalharmos mais um ano com mecanismos federais de apoio  idealizados há duas décadas passadas não será um belo cenário.

Fonte: Associação dos Arrozeiros de Alegrete

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