Etanol

Medidas acertadas agora evitarão apagão de etanol na Copa


Publicado em: 11/05/2011 às 16:36hs

...

Chegou ao seu auge a crise de oferta do etanol, pois agora boa parte das usinas entra em operação e colocarão o produto para os consumidores, baixando seus preços e abastecendo a rede. Porém, crise mais forte que esta virá na próxima entressafra, e também na seguinte. Se forem tomadas agora as decisões adequadas e emergenciais, dá para evitar o apagão já na Copa de 2014. Faltavam 15 Usinas em 2010, no final de 2011 faltarão 36.

Errou-se feio nas previsões de aceitação do carro flex e da venda de carros novos, que gerou este tsunami de consumo. Até 1995 se vendia por ano 800 mil carros. De 1995 a 2005 atingiu-se em média 1,3 milhão. Após 2005 a média passou para 2,2 milhões. Quem acertaria que em 2010 entrariam no mercado mais 2,9 milhões de carros flex?

Planejando para 2020 (algo raro no Brasil) com uma simulação conservadora apenas com o etanol hidratado, será necessário produzir 53,6 bilhões de litros (hoje se produz 16 bilhões), em mais 5,1 milhões de hectares (convertidos de pastagens degradadas) produzindo 430 milhões de toneladas de cana a serem processadas em 143 novas usinas (destilarias), demandando US$ 62 bilhões de investimentos industriais e agrícolas. Só para o hidratado... Pasmem...

A cadeia sucro-energética não precisa de retrocessos, como aumentar tributos no açúcar e muito menos reduzir a mistura do anidro na gasolina.... Precisa é de um choque de oferta, assim todos ganham.

Algumas sugestões para este choque são a retomada de investimentos em usinas novas (greenfields)com recursos privados e do BNDES (e outras fontes mundiais), via um pacote “fast-track”, envolvendo recursos, licenças e outros, para que em dois anos, se tenham mais usinas distribuídas pelo país, suprindo localmente etanol e energia elétrica.

Urge desonerar de tributos o hoje ocioso setor de bens de capital, tal como foi feito com automóveis, eletrodomésticos, construção e também maior e mais rápida participação da capitalizada Petrobrás financiando expansão de grupos existentes (participações minoritárias).

Deve-se expandir e facilitar o financiamento de estoques na safra e o preço da gasolina, que passa gradualmente a ser produto de classe alta e média-alta, não deve ser artificialmente controlado (o do diesel sim, pois é custo produtivo). Finalmente, as montadoras ainda estão devendo, e já faz tempo, maior eficiência dos motores flex rodando com etanol.

A grande estratégia do Brasil nesta década em que o mundo demanda energia e o petróleo tem preços recordes, é investir na cana para ocupar o mercado interno com o etanol e ser um grande exportador de petróleo, produto que não enfrenta barreiras no seu comércio.

Se este plano de expansão começar imediatamente e investirmos US$ 30 bilhões, na Copa de 2014 não existirá mais crise, e pode-se criar um faturamento adicional anual de R$ 35 bilhões a cadeia sucro-energética, que gerará empregos, incrível efeito multiplicador, excedente energético e sociedades (países) dependentes do petróleo brasileiro. A hora é agora.

*Artigo originalmente publicado no jornal Folha de São Paulo em 7 de Maio de 2011

Marcos Fava Neves é Professor Titular de Planejamento na FEA/USP em Ribeirão Preto e Coordenador Científico do Markestrat.

Fonte: CDN Comunicação Corporativa

◄ Leia outros artigos