Arroz

Início da safra 2009/10 de arroz irrigado começa com a escolha de cultivares

O arroz irrigado é a base de sustentação da produção nacional deste cereal, cujo manejo diferencia-se em função da região produtora


Publicado em: 07/10/2009 às 16:23hs

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A produção total de arroz irrigado representa  62,9% da produção nacional.

A Região Sul destaca-se pelo desempenho de sua produção, que nas últimas duas safras representou cerca de 70,8% e 72,1% do total produzido em 44% e 45%, respectivamente, da área cultivada com arroz no Brasil. A orizicultura irrigada do sul do Brasil apresenta-se como estabilizadora na safra, pois está menos exposta às intempéries climáticas, principalmente no que diz respeito a precipitações.

A produtividade do arroz irrigado é dependente do potencial genético de cada cultivar, das condições ambientais (clima e solo) e do manejo ao qual a cultura é submetida. Conhecer bem estes fatores produtivos permite estabelecer o grau de sucesso da lavoura.

Em verdade, o início da safra que se aproxima se deu muito antes da escolha de cultivares para semeadura, quando o produtor fez seu planejamento antecipado com enfoque no sistema de produção da propriedade, preparo da área, análise e correção do solo, limpeza de canais de irrigação, entre outras tantas operações. A escolha das cultivares de arroz irrigado faz parte do planejamento e pressupõe a exploração maximizada do potencial genético destas, através da obtenção de produtividade elevada; alto rendimento de grãos inteiros; boas características de cocção; grãos de boa apresentação, de melhor sabor e mais nutritivos; associado, ainda, à minimização de custos,  preservação ambiental e escalonamento da colheita.

Entre fatores que devem ser considerados na escolha das cultivares, a aquisição de semente certificada de boa qualidade, livre de sementes invasoras, principalmente arroz vermelho, ou de mistura com outras cultivares, oriunda de produtores registrados, é a estratégia mais segura, pois todo o processo de condução da lavoura estará em risco se a semente não possuir os padrões mínimos de qualidade necessários.

Sob o ponto de vista agronômico, é recomendável, em anos normais quanto às  previsões climáticas (temperatura, radiação solar, precipitação pluvial),  que se utilize o plantio de pelo menos duas cultivares de ciclos diferentes; sendo 60% de cultivares de ciclo médio e 40% de ciclo curto. As proporções devem ser invertidas no caso de atraso na época de semeadura ou na possibilidade de ocorrência de restrições hídricas. Nesta safra, especificamente, é previsível que haja um atraso na semeadura em função das precipitações ocorridas. No Rio Grande do Sul, é recomendado que a semeadura seja realizada, de acordo com o ciclo das cultivares e da região de cultivo, de modo que a diferenciação do primórdio ocorra até o dia 1° de janeiro ou o mais próximo possível dessa data, para o maior aproveitamento da radiação solar na fase de diferenciação das estruturas reprodutivas das plantas. Em especial, nesse Estado, a observação da época correta de semeadura, que pode variar de 21 de setembro a 30 de novembro, conforme o ciclo da cultivar e a região de cultivo, permite evitar problemas com baixas temperaturas coincidentes com períodos críticos da cultura, como os estádios de diferenciação do primórdio e microsporogênese (floração).

A escolha das cultivares deve ser um processo criterioso, que leve em consideração diversos aspectos tais como: adaptação regional, principalmente no que se refere às condições climáticas; potencial produtivo; ciclo;  características intrínsecas das propriedades, entre elas, o sistema de cultivo predominante, topografia do terreno, tipo e fertilidade do solo, incidência de pragas (plantas daninhas, insetos e doenças), disponibilidade de água para a irrigação e, demandas de mercado por tipos de grãos (longo-fino, japônico, aromático, etc.). Dentre estes fatores, dois tem sido determinantes: infestação com arroz vermelho (uso de cultivares tolerantes a herbicidas do grupo da imidazolinonas – denominado sistema ClearField) e disponibilidade de água (uso de cultivares de ciclo precoce e super-precoce).

Existe um grande número de cultivares disponíveis no mercado e recomendadas para cultivo no RS.   As informações sobre características e desempenho das cultivares podem ser acessadas através do site www.agricultura.gov.br/snpc, bem como são encontradas na publicação “Arroz Irrigado: Recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil”, através do site www.sosbai.com.br

A Embrapa Clima Temperado tem oferecido ao orizicultor uma série de cultivares de arroz irrigado adaptadas ao plantio no RS, destacando-se a BRS Querência (ciclo precoce e altamente produtiva), BRS Atalanta (ciclo super-precoce produtivo – 100 dias da emergência à maturação), BRS Pelota (ciclo médio e adaptada à região sul do RS), BRS 7 “Taim” e BRS Fronteira (ciclo médio e adaptadas à fronteira oeste do RS), entre outras. 

Ariano Martins de Magalhães Júnior
Pesquisador Embrapa Clima Temperado
ariano@cpact.embrapa.br

Fonte: Embrapa Clima Temperado

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