Feijão e Pulses

Feijão irá ganhar manchetes novamente

Estamos importando feijão da China e da Argentina bem como do Canadá e provavelmente importaremos dos Estados Unidos.


Publicado em: 10/06/2008 às 09:00hs

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Infelizmente, mundo afora ninguém produz feijão carioca. Apenas preto e algumas outras cores pouco consumidas ou conhecidas no Brasil. Até mesmo  feijões considerados extremamente nobres degustados nos melhores pratos internacionais são desconhecidos do paladar brasileiro, ainda que muito parecidos com nossos feijões rajados, por exemplo.

O estranho nesta situação é que tudo isto ocorre  apenas meses após vivermos preços recordes no feijão, que normalmente estimulam muito o plantio. Estamos novamente caminhando para um momento de dificuldade de abastecimento, novamente. Percebe-se que o mercado de alimentos está realmente mudando. Até hoje, um momento de preço alto imediatamente dava início a um período de super oferta, uma vez que, os produtores eram estimulados  pelos bons preços do mercado.

O produtor  não faz apenas a conta de custo de produção e sim, de resultado líquido de cada cultura. Hoje depende  muito da liquidez,  da produtividade, do custo de fertilizantes, da disponibilidade de recursos para financiamento e da garantia de preço.
Feijão com preço alto faz subir até mesmo as sementes e aí podemos entrar em um círculo vicioso de menos oferta por conta  de menos plantio, que ocorre por custos elevados.

Então se os números dos órgãos oficiais davam conta de uma boa safra, o que aconteceu?  Ocorre que a maneira em que se faz a tomada dos números de forma  subjetiva, pode resultar em um erro enorme para mais ou para menos, e desta vez foi para menos.  Por maior que seja a vontade do burocrata que senta e analisa números em um gabinete, o resultado das lavouras  é soberano. Como nossos números não são confiáveis, sofremos conseqüências como a que veremos nos próximos meses com preços oscilando bastante e o feijão novamente ganhando manchetes negativas no quesito preço. A história seria outra se houvesse um sistema mais moderno de captação de informações, que permitisse que as empresas importadoras buscassem ofertas antes de fortes altas no mercado internacional, bem como permitiria que o Ministério da Agricultura estimulasse em tempo o plantio. Ou ainda, seria mais fácil resolver o problema se as mesmas variedades disponíveis no mundo estivessem disponíveis aqui para o maior consumidor de feijão do mundo.

Marcelo Eduardo Lüders
Presidente do IBRAFE - Instituto Brasileiro do Feijão, membro da Câmara Setorial do Feijão e por 20 anos corretor de feijão da Correpar Corretora de Mercadorias.

Fonte: Correpar Corretora de Mercadorias

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