Arroz

Calagem para cultura do arroz irrigado em Roraima

No Estado de Roraima o arroz irrigado é um dos produtos mais importantes do setor agrícola


Publicado em: 28/10/2009 às 12:05hs

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Na safra 2007/2008 foram colhidos cerca de 24.000 ha cuja produção, em torno de 152.400 toneladas de arroz em casca (SEAPA-RR, 2008), foi suficiente para abastecer o mercado local e proporcionar excedentes para a cidade de Manaus-AM, cujo mercado potencial é cerca de 90.000 toneladas de arroz beneficiado.

A calagem é imprescindível para aumentar a produção agrícola em solos ácidos. Embora o arroz seja bastante tolerante a acidez do solo, tolerando até 70% de saturação de alumínio a calagem é importante por propiciar condições de se utilizar a área cultivada com arroz em rotação com culturas sensíveis à acidez do solo tais como: milho, soja e feijão, as quais necessitam de calagem.

Para o cultivo do arroz irrigado, a correção da acidez do solo ocorre naturalmente, num período de 4 a 6 semanas após a inundação como consequência do processo de redução do solo. Esse aspecto tem levado os produtores a não utilizarem a calagem para o cultivo do arroz irrigado. Contudo pesquisas mostram efeitos positivos da aplicação de calcário em alguns solos, e em outros não, mesmo apresentando baixos níveis de cálcio e de magnésio.

Para as condições do Estado de Roraima, onde os solos das várzeas, em geral, apresentam acidez elevada (pH < 5,5), teores de Ca < 1,0 cmolc/dm3 e de Mg < 0,5 cmolc/dm3, tem-se constatado a deficiência de cálcio em algumas lavouras de arroz irrigado. Para tanto, a calagem é de fundamental importância, pois aumenta a disponibilidade dos nutrientes na fase inicial de desenvolvimento da cultura, bem como fornece cálcio e magnésio, nutrientes imprescindíveis para o desenvolvimento das plantas. Além disso, a calagem favorece a redução dos efeitos tóxicos de ferro e manganês que, geralmente, alcançam teores elevados quando os solos são inundados.


Pesquisas na Embrapa Roraima, testando-se diferentes doses de calcário em várzeas de solo classificado como Gleissolo Aplico Tb Distrófico, mostram efeito benéficos da calagem no desenvolvimento da planta e na produtividade de grãos de arroz.

A aplicação de calcário dolomitico incrementou a absorção de N, Ca e Mg, a altura de plantas, o número de grãos por panícula e a produtividade de grãos, cujas médias (5,98 e 6,38 t ha-1 de grãos) obtidas com aplicação de 25% e 100% da necessidade de calcário, respectivamente, foram estatisticamente iguais e superiores a produtividade obtida sem calagem, 5,59 t ha-1.

Além destes, no período de 2005 a 2006, foram conduzidas três unidades demonstrativas em várzeas de solos sob diferentes anos de cultivo: duas na Fazenda Paraíso e uma na Fazenda Smith, no município de Bonfim-RR. Utilizou-se 1000 kg calcário dolomítico ha-1 e sem aplicação de calcário. Constatou-se que a dose de 1000 kg ha-1 de calcário, proporcionou aumento de 725 kg ha-1 de grãos de arroz em casca na área de segundo ano e cerca de 400 kg ha-1 nas áreas com seis anos consecutivos de cultivo.

Do ponto de vista econômico a calagem, aplicando-se 1000 kg ha-1 de calcário dolomítico, cerca de 25% da necessidade de calcário, proporcionou, na pior situação, um incremento estimado em torno de 8 sacos de arroz em casca ha-1. Isso corresponde ao aumento da receita bruta estimada em cerca de R$ 280,00 por hectare com custo de aproximadamente R$ 220,00, resultando numa renda líquida estimada em torno de R$ 60,00 por hectare.

Portanto, para os solos de várzea em Roraima com pH ácido (pH < 5,5), teores de Ca < 1,0 cmolc/dm3 e de Mg < 0,5 cmolc/dm3, recomenda-se a calagem para o cultivo do arroz irrigado nestas várzeas. Pois a mesma fornece cálcio e magnésio à cultura e reduz os efeitos fitotóxicos dos elevados teores de ferro que, geralmente, ocorrem nas lavouras de arroz irrigado no Estado bem como favorece a exploração destas áreas com culturas como, feijão-caupi, soja e milho, em rotação com arroz irrigado.

Pesquisadores: Roberto Dantas de Medeiros, Gilvan Barbosa Ferreira, Antônio Carlos Centeno Cordeiro.

Fonte: Embrapa Roraima

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