Feijão e Pulses

Aqui sobra Feijão e ainda vem mais da Argentina

Apesar de termos um volume recorde de feijão sendo colhido temos um problema para resolver. A safra Argentina de feijão preto será recorde também e não tem para onde escoar. Cerca de 80% terá como destino o Brasil


Publicado em: 05/05/2009 às 09:50hs

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Apesar de termos um volume recorde de feijão sendo colhido temos um problema para resolver. A safra Argentina de feijão preto será recorde também e não tem para onde escoar. Cerca de 80% terá como destino o Brasil. Coisas da globalização. Não há como, dentro do jogo de interesses que extrapolam a área agrícola, não permitir que aconteça a vinda deste produto. Somando a safra Argentina, que começa a ser colhida a partir do final do mês de maio, o produto armazenado na mão de produtores e o estoque já nas mãos do governo, resulta em feijão mais que suficiente para chegar a próxima safra.

Os preços estão sendo forçados para baixo, principalmente do feijão preto. Neste início de mês de maio, em relação ao mesmo período do ano passado, já está 43% abaixo com viés de baixa, dependendo apenas do comportamento dos produtores a partir de agora. Dentro desta mesma situação, que também atinge igualmente o mercado de feijão carioca, o governo faz malabarismos com o caixa para atender a demanda por verbas para AGF (Aquisição do Governo Federal).

Agrava-se a situação de dificuldade no que diz respeito a falta de armazéns. Era necessário uma readequação e o recadastro dos armazéns. Houve muita irresponsabilidade com os estoques públicos, e para acertar as coisas vivemos um período em que muitos armazéns não estão totalmente recadastrados, ou não estavam cumprindo as exigências do ministério da agricultura.

Outro instrumento que está sendo usado é o PEP (Prêmio de Escoamento de Produto). Este instrumento apenas muda o problema de lugar agravando ainda mais a situação. O produto é escoado para a região consumidora, e lá sobrando força os preços para baixo. Assim, as reposições de mercadoria partem sempre de um patamar mais baixo e força todo o mercado para baixo. Isto não significa maior consumo, pois o feijão tem o consumo inelástico, ou seja, não muda muito se esta 30% acima ou abaixo.

Na verdade temos um longo caminho a percorrer, de um lado a iniciativa privada, de outro a área publica, na busca do equilíbrio deste mercado. O fortalecimento de iniciativas como das Câmaras Setoriais nos principais estados produtores e do IBRAFE (Instituto Brasileiro do Feijão), terão nos próximos anos papel fundamental para que esta evolução ocorra. Etapas tem sido vencidas no que diz respeito a diminuição da carga tributária e a normatização de empacotadores, para citar apenas duas. Ficar na fazenda esperando a solução cair do céu, ou dentro da cerealista esperando atrás da máquina as coisas acontecerem não resolverá. A evolução do mercado passa pelo engajamento de todos para que tenhamos as soluções necessárias. Quem sabe um dia possamos ter uma visão melhor do mercado no momento do plantio, que evitará complicações no momento da colheita.

 Marcelo Lüders - Agroblog

Fonte: Agroblog

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