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Câmara Setorial da Cebola debate produção nacional e estadual

Os trabalhos foram conduzidos pelo coordenador da CS, Antônio Carlos da Silva Costa, produtor no município de Tavares, e pelo assessor da Câmara, Valdomiro Haas


Publicado em: 21/05/2021 às 13:50hs

Câmara Setorial da Cebola debate produção nacional e estadual

O quadro estadual da produção de cebola 2021/2022 e o panorama nacional de cebola para os mesmos anos foram temas debatidos virtualmente, entre outros, nesta terça-feira (18), por integrantes da Câmara Setorial da Cebola da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR). Os trabalhos foram conduzidos pelo coordenador da CS, Antônio Carlos da Silva Costa, produtor no município de Tavares, e pelo assessor da Câmara, Valdomiro Haas.

De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Evair Ehlert, a safra de cebolas 2020/2021 no Rio Grande do Sul foi considerada normal nas regiões produtoras de cebola. “Observo que se destacam duas principais: a do Litoral Sul, que engloba como principais produtores São José do Norte, Tavares e Rio Grande; e a região da Serra, com os municípios de Nova Pádua, Caxias do Sul e Antônio Prado”.

Ehlert destacou que São José do Norte é o maior município plantador e produtor de cebolas do Estado. Sua área plantada fica entre 1.500 e 1.800 hectares, com uma produção de mais de 54 mil toneladas, envolvendo 1.500 produtores rurais de cebola.

“Tivemos algumas situações climáticas com interferência localizada como granizo em algumas lavouras, mas sem impactos na oferta geral de cebola, assim como alguns períodos de pequenas estiagens localizadas. Chegamos a uma produção bruta total de mais de 120.000 toneladas de cebolas, mas a oferta líquida chegou a cerca de 100 mil toneladas. Isto em razão das perdas que acontecem por problemas nos bulbos e perda de água durante o armazenamento”, disse Ehlert.  

Segundo ele, os preços praticados iniciaram próximos a R$1,00 por quilo e, depois, durante toda safra, sempre acima deste valor, chegando a valores que ultrapassaram os R$2,00 por quilo. “Podemos colocar como preço de referência o valor de R$1,50 por quilo”.

Ainda de acordo com o extensionista, em razão dos preços considerados satisfatórios, a safra teve sua comercialização acelerada, com praticamente toda ela já comercializada até março e primeira quinzena de abril. “O normal é a oferta se estender até junho de cada ano”, explicou.

“Estes mesmos preços seriam um bom atrativo para um aumento de área de cultivo da cebola, como tradicionalmente ocorreria, mas não acontecerá. As famílias na Região Sul hoje têm outras alternativas que geram uma boa renda”, esclareceu  Ehlert . Ele contou que são as atividades de resinagem do pinus e de pecuária de corte, onde ambas coexistem muito bem. 

“Essas duas atividades estão com preços muito bons  pagos aos produtores. Também, a forma de cultivo da cebola em nossa região é muito exigente em mão de obra, bastante escassa no meio rural e com os riscos devido à pandemia. Outro motivo são sempre as incertezas do mercado frente a uma safra onde os custos de produção se elevaram consideravelmente, principalmente fertilizantes, produtos fitossanitários e óleo diesel”, concluiu.

Sobre o cenário nacional de produção de cebola, falou o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cebola, Rafael Corsino. Segundo ele, os custos como de embalagens, fertilizantes, óleo diesel e o dólar, entre outros, subiram do ano passado para cá. “Ou seja, o custo para produzir, nesta próxima safra, tanto para o Centro-Oeste, quanto para o Sul, está cerca de 30% mais elevado”, apontou. Além disso, continuou ele, “a economia do nosso país está fragilizada, a política é confusa, e a renda do brasileiro teve uma redução significativa. Então, o que o produtor deve fazer?”, questionou. “Ele tem que produzir com qualidade, sabendo que seu custo será mais alto e torcer para a nossa economia crescer, principalmente o agronegócio”.

Ainda sobre o cenário atual, Corsino disse que o abastecimento de cebolas vermelhas praticamente já está se encerrando, tanto da Argentina, quanto da região Sul do Brasil. “A partir de junho, o Brasil estará sendo abastecido somente por cebolas amarelas, uma parte vinda do Nordeste que, está começando a reduzir sua oferta, e outra parte dos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, que estão aumentando sua oferta. Ou seja, por três regiões: Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste”.

Outro fator que contribui para a diminuição de produtividade é o clima seco em algumas regiões. “A falta de água pode interferir na produtividade e na produção total da oferta de produto por essas regiões”, afirmou Corsino.

Em relação à importação de cebolas, ele falou que o forte no Brasil sempre foram os meses de março, abril e maio, quando entra a maioria das cebolas que vêm de fora do país. “Esse ano não foi diferente. Ano passado nós importamos mais de 200 mil toneladas; em 2019, 197 mil toneladas; e este ano já importamos quase 90 mil toneladas, sendo grande parte vinda da Argentina”.

Para Corsino, o cenário ainda é obscuro porque não é possível enxergar até onde pode afetar o consumo. “Se afetar bastante, é provável que sobre cebola e o produtor não consiga pagar nem os custos de produção. Mesmo se o consumo continuar, o cenário ainda é mediano para o produtor”.

Para finalizar, ele salientou que a Anace, em parceria com a Green Up, está trazendo o herbicida Ioxynil para o mercado brasileiro. “É o mesmo princípio ativo do Totril, utilizado para o controle das plantas daninhas, o que reduz o custo de mão de obra para os produtores. A empresa já deu entrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Queremos que o Mapa analise e libere o quanto antes esse herbicida, que faz falta principalmente para os produtores da região Sul.”

Fonte: Assessoria de Comunicação Social Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS

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