Feijão e Pulses

Sudeste registra a maior alta do País no preço do feijão durante a pandemia

Levantamento da InfoPrice mostra variação dos preços dos principais produtos da cesta básica, por região do País


Publicado em: 23/06/2020 às 11:30hs

Sudeste registra a maior alta do País no preço do feijão durante a pandemia

A combinação do arroz com feijão é a base da alimentação de um grande número de lares brasileiros. Mas, os consumidores do Sudeste são os que pagaram mais caro para colocar o feijão no prato durante a pandemia. Isto porque a oscilação no preço do grão neste período foi de 18,61% na região. A outra localidade a apresentar variação similar foi o Nordeste, com alta de 18,42%. Para as demais regiões, a volatidade foi menos acentuada: Sul e Centro-Oeste anotaram avanço de 9,90% e 8,90%, respectivamente. A única região a registrar retração foi o Norte (-11,79%).

Os dados fazem parte do levantamento realizado pela InfoPrice, empresa de tecnologia e inteligência de negócios focada em pricing do varejo físico, que levou em consideração o comportamento dos preços no período de 10 de fevereiro a 04 de maio.

“Nosso objetivo era entender o quanto a pandemia estaria ou não impactando os preços dos principais produtos da cesta básica da população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia do novo coronavírus em 11 de março, mas um pouco antes disso, tivemos o Carnaval – cujas festividades ocorreram de 21 a 25 de fevereiro. Tendo estas datas no radar, expandimos a data de pesquisa para um período ligeiramente anterior, e começamos a análise dos dados a partir do décimo dia do segundo mês do ano, para garantir que não haveria interferência de altas sazonais motivadas pela celebração. Com esta delimitação, a avaliação sobre a interferência da pandemia nestes preços é mais assertiva”, explica Rodrigo Diana, cientista de dados da InfoPrice.

Além do feijão, arroz, leite, massas, enlatados e carnes bovinas, bases do consumo doméstico das famílias, foram os itens que tiveram seus preços analisados pela InfoPrice. Produtos de limpeza e álcool gel, pelo aumento da procura justamente por conta da recomendação de maior asseio das pessoas para evitar a contaminação da Covid-19, também foram objetos deste levantamento, com especial atenção, uma vez que o avanço da demanda costuma interferir no valor dos produtos.

Par perfeito

Para muitos não há melhor combinação para o feijão do que o arroz. Neste quesito, os moradores do Sul foram os que mais tiveram que desembolsar para juntar essa dupla dinâmica. Lá, o arroz alcançou a maior alta no período analisado: 8,52%. Em segundo lugar, com maior avanço, está a região Nordeste, com 7,04%. No Sudeste, a variação foi de 4,55%; e no Centro-Oeste, de 0,56%. A região Norte foi a única a apresentar alteração negativa, com recuo de 3,07%.

O leite também está entre os produtos que mais afetou o orçamento doméstico no período. No Sudeste, a oscilação no valor do leite foi de 9,26%. O Nordeste (2,31%) ficou com a menor oscilação e o Sul (15,50%) aparece na posta aposta.

“Nossa ferramenta apenas analisa o comportamento de preços, entender os motivos das altas requer um estudo mais aprofundado de cada categoria. Entretanto, nosso relacionamento com os clientes é muito próximo, e nessa troca de informações é possível identificar alguns fatores que influenciam nestas oscilações. No Sul, por exemplo, sabemos que houve uma pressão por parte dos produtores para elevar o valor do leite. Há, inclusive, diversos relatos de varejistas indicando em suas gôndolas que o preço havia subido porque os produtores tinham elevado muito o valor do produto”, explica Paulo Garcia, CEO da InfoPrice.

Outros produtos

A carne bovina foi o único produto que apresentou recuo em todas as praças pesquisadas, embora o Sudeste anote a menor variação do período: -1,95%. Sul (-10,66%) e Nordeste (-3,03%), por exemplo, tiveram retração mais fortes.

Já nos enlatados, o Nordeste é a única localidade em que se observa alta no preço dos produtos: 1,69%. Sul (-1,12%), Sudeste (-2,05%), Centro-Oeste (-3,29%) e Norte (-6,24%) indicam retração nos valores desta categoria. As massas, contudo, apresentaram oscilações diferentes em cada praça pesquisada: no Sudeste (0,10%) e no Nordeste (3,31%) registraram alta; enquanto no Norte (-1,62%), no Sul (-2,35%) e no Centro-Oeste (-4,50%), as variações foram negativas.

Os produtos de limpeza também pesaram no bolso do consumidor no período. Norte (4,24%) e Nordeste (4,15%) ocupam a liderança no avanço dos preços. Na sequência aparecem Sul (1,98%), Sudeste (1,88%) e Centro-Oeste (1,47%).

Vilão dos preços no início da pandemia, o preço do álcool gel recuou bastante depois do pico inicial da demanda que fez o produto faltar em muitas prateleiras. O Sul é a localidade com maior retração: -25,09%; enquanto o Sudeste (-9,06%) registra o menor recuo. “Este movimento também é decorrente de medidas adotadas por diversos governos, que implementaram políticas de isenção ou redução de impostos do produto para facilitar o acesso da população”, comenta Garcia.

Pra ficar de olho

Diana explica ainda que os resultados obtidos são decorrentes de ponderações de medianas nas oscilações dos produtos. “Nós não pegamos, simplesmente, o valor do produto em 10 de fevereiro, comparamos com o preço deste em 04 de maio, e tiramos a média. Não! Nós analisamos a variação dos preços, produto a produto em cada ponto de venda que pesquisamos, o que permite ter a certeza sobre o seu aumento ou diminuição naquela localidade. A partir desses resultados, fizemos o agrupamento por categoria e também por região, de onde vêm os resultados médios apresentados para cada macrorregião do País. Isso nos permite ter uma abordagem muito mais assertiva e que reflete melhor a variação dos preços no varejo”. A pesquisa comparou a variação dos preços em 469 lojas físicas e 171.218 datapoints, sendo que destes, 257 lojas e 82.166 datapoints estão localizados no Sudeste. Datapoints são um conjunto de informações que vão desde o nome do produto, seu preço, a loja em que ele se encontra, se ele está em promoção ou não, entre outras informações relevantes para precificação, sendo esse conjunto individual para cada produto único em cada loja.

Para auxiliar a população e lojistas neste momento, a InfoPrice está disponibilizando em seu site, gratuitamente, a pesquisa “Impacto da Covid-19nos preços do varejo brasileiro”. No documento é possível acompanhar a variação de 50 produtos, semana a semana, em 292 cidades brasileiras. Ainda é possível fazer a consulta por marcas.

Fonte: Tiro de Letras - Agência de Conteúdo e Comunicação

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