Aveia, Trigo e Cevada

CEPEA/Retrospectivas de 2021: Confira análises setoriais

O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, disponibiliza hoje as retrospectivas de 2021. Nos próximos dias, serão divulgadas as perspectivas para 2022


Publicado em: 07/01/2022 às 10:50hs

CEPEA/Retrospectivas de 2021: Confira análises setoriais

Abaixo, alguns trechos:

AÇÚCAR: Com menor produção, Indicador atinge novo recorde nominal em 2021

O ano de 2021 se iniciou em meio a estimativas indicando menor produtividade da cana-de-açúcar para a safra 2021/22 no estado de São Paulo, devido ao clima seco que prejudicou as lavouras, especialmente no segundo semestre de 2020. Para agravar o cenário, o clima seguiu desfavorável em 2021, com seca em boa parte do ano e geadas em meados de julho. Diante disso, a menor produção do açúcar foi se confirmando ao longo da moagem da cana no estado paulista, comprometendo a disponibilidade do cristal para o mercado spot. Sobretudo por esta razão, os preços médios da saca de 50 kg do açúcar cristal subiram ao longo do ano, com o Indicador CEPEA/ESALQ atingindo e renovando os recordes nominais da série do produto – no dia 16 de dezembro, o Indicador atingiu R$ 157,43/saca de 50 kg. 

ALGODÃO: Menor produção e firme demanda externa levam preço a recorde nominal

Os preços do algodão em pluma estão em movimento de alta desde meados de 2020 e, em 2021, renovaram – de forma consecutiva – os patamares máximos nominais da série histórica do Cepea. O impulso veio das elevações dos valores internacionais, do alto patamar do dólar frente ao Real e do aumento da paridade de exportação, que também atingiu recorde no ano, em um ambiente de menor produção doméstica e de demanda internacional firme. Além disso, o bom volume da produção já comprometida via contratos a termo para exportação reduziu a disponibilidade no spot. 

ARROZ: Demanda fraca e exportação menor pressionam cotações em 2021

Após a alta expressiva das cotações do arroz em casca durante o ano de 2020, era de se esperar um certo ajustamento em 2021. Entretanto, a perda de poder aquisitivo da população e as exportações menores elevaram os estoques domésticos, pressionando os valores de forma significativa. Esse cenário de preços mais baixos não foi característico apenas do Brasil, sendo observado também no ambiente internacional. Em 2021, o Indicador ESALQ/SENAR-RS (58% grãos inteiros, com pagamento à vista) recuou 33,45%, encerrando o ano a R$ 62,50/saca de 50 kg. A demanda retraída por arroz em boa parte de 2021 elevou o excedente disponível no mercado doméstico, influenciando a baixa nas cotações. A média nominal dos preços do arroz em casca em 2021, por sua vez, foi de R$ 77,56/saca de 50 kg, ainda 5,7% superior à de 2020, que foi de R$ 73,38/sc. 

BOI: Exportação e baixa oferta mantêm boi acima de R$ 300 na maior parte de 2021

O cenário observado no setor pecuário nacional ao longo de 2021 foi semelhante ao verificado no ano anterior, com exportações – especialmente à China – em ritmo intenso e oferta restrita de boi gordo para abate. Como resultado, os preços de toda a cadeia renovaram os recordes das respectivas séries. O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 iniciou 2021 com média real de R$ 326,59, atingindo o maior patamar do ano em março, de R$ 333,11 (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de novembro/21). Nos meses seguintes, as médias mensais do Indicador se mantiveram firmes, acima dos R$ 300.

CAFÉ: Preços têm fortes altas em 2021 e atingem recordes nominais

O ano de 2021 foi marcado pela acentuada alta nos preços dos cafés arábica e robusta. Assim, os valores de ambas variedades atingiram recordes nominais das respectivas séries históricas do Cepea. No primeiro semestre de 2021, as cotações foram impulsionadas pela perspectiva de menor produção na safra 2021/22. Além da bienalidade negativa do café arábica, a seca durante a maior parte do desenvolvimento dos cafezais limitou o potencial produtivo da temporada. Segundo a Conab (dezembro/21), o volume colhido em 2021/22 foi de 47,7 milhões de sacas de 60 kg, queda de 24,4% em relação à temporada 2020/21. O USDA, por sua vez, indicou que esta temporada brasileira finalizou com 56,3 milhões de sacas colhidas, redução de 19,4% frente à safra anterior. No segundo semestre de 2021, o movimento de alta nos preços dos cafés, especialmente nos do arábica, foi ainda mais expressiva, sendo reforçado por novas preocupações com a oferta do grão e com a logística mundial da cadeia. No Brasil, o período prolongado de seca e as geadas ocorridas no inverno trouxeram novos danos aos cafezais de arábica e devem levar à significativa quebra de produção na temporada 2022/23 (bienalidade positiva). No Vietnã e na Colômbia, a ocorrência do fenômeno La Niña – ainda que de intensidade entre fraca e moderada, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) – também têm mantido agentes em alerta e as cotações do café, em alta. Ressalta-se, ainda, que o elevado preço do arábica elevou a demanda das torrefadoras ao redor do globo pelo robusta.

CITROS: Mesmo com preço elevado, rentabilidade é limitada em 2021/22

2021 foi um ano de preços altos para a laranja no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro. No geral, a necessidade de matéria-prima permaneceu elevada nas indústrias paulistas, e a baixa produção da fruta manteve a oferta controlada durante todo o ano. Ainda que a remuneração (em Reais por caixa da fruta) tenha sido superior, para muitos citricultores a rentabilidade foi apertada, visto que a produtividade restrita elevou ainda mais os custos unitários de produção.

ETANOL: Preços médios do anidro e hidratado na parcial da safra 21/22 são recordes

Se na safra 2020/21 a demanda fragilizada pela covid-19 pressionou os valores dos etanóis, mesmo diante da menor produção, na atual temporada (2021/22), o clima desfavorável e a quebra de produção impulsionaram os preços do anidro e do hidratado, que atingiram patamares bastante acima dos praticados em temporadas anteriores. Considerando-se a parcial (de abril a dezembro) das últimas 23 safras, as médias dos preços registradas em 2021/22 para os etanóis anidro e hidratado são as maiores de toda a série histórica do Cepea iniciada em 2000, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-M de dezembro/21). De abril a dezembro de 2021, o valor médio do anidro foi de R$ 3,6218/litro e o do hidratado, de R$ 3,2039/litro, em termos reais. As segundas maiores médias foram verificadas na parcial do ano-safra 2011/12, quando atingiram R$ 3,4479/litro no caso do anidro e R$ 3,8287/litro no do hidratado. 

FRANGO: Com demandas interna e externa aquecidas, preço da carne bate recorde em 2021

Impulsionados pelas aquecidas demandas externa e, principalmente, interna, os preços da carne de frango atingiram recordes reais em 2021. Diante do menor poder de compra de grande parte da população brasileira, a proteína de origem avícola – que é tipicamente negociada a valores inferiores aos das principais substitutas (bovina e suína) – ganhou destaque no cenário nacional de carnes, o que resultou na disparada de preços. Nos primeiros meses do ano, os valores da carne de frango estiveram, como de costume, enfraquecidos. No entanto, a partir de maio, a procura interna aumentou, influenciada pelo fato de o preço desta proteína avícola ser mais barata frente aos das concorrentes e pela flexibilização das medidas restritivas impostas em muitas cidades para conter o avanço da pandemia de covid-19. Esse cenário, aliado ao bom desempenho das exportações brasileiras da carne, resultou em um movimento de alta nos preços, que persistiu por cinco meses consecutivos – de maio a setembro. 

LEITE: Preço encerra 2021 com queda acumulada de 8,7%

Em queda desde outubro, o preço do leite captado em novembro e pago aos produtores em dezembro fechou a R$ 2,1210/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, recuos de 3% frente ao mês anterior e de 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de novembro/21). De janeiro a dezembro de 2021, a média do preço ao produtor foi de R$ 2,2481/litro, 15,5% acima da verificada em 2020, em termos reais. Já quando considerando o acumulado do ano (de dezembro/20 a dezembro/21), observa-se queda real de 8,7% no valor ao produtor, evidenciando o forte movimento de baixa neste último trimestre de 2021, devido ao enfraquecimento da demanda por lácteos.

MANDIOCA: Oferta se estabiliza; rendimento de amido fica abaixo do de 2020

Ao longo de 2021, a oferta de mandioca foi praticamente a mesma da registrada no ano anterior, apesar do clima desfavorável no período. O clima seco, principalmente no outono, prejudicou o avanço da colheita de forma expressiva. No inverno, que foi mais rigoroso que em anos anteriores, as geadas chegaram a causar perdas em algumas lavouras, inclusive do material de plantio (manivas). 

MILHO: Menor disponibilidade interna leva preço a patamar recorde em 2021

Os preços do milho atingiram patamares recordes no mercado brasileiro ao longo de 2021. O impulso veio dos baixos estoques da safra 2019/20 e sobretudo de preocupações com os impactos do clima sobre a semeadura e o desenvolvimento da safra 2020/21. Em termos globais, a produção foi menor. 

OVINOS: Preços sobem em 2021, mas custo de produção alto limita ganhos do setor

O ano de 2021, assim como para outros setores da pecuária, continuou sendo desafiador para a ovinocultura. Apesar do avanço nos valores do cordeiro vivo, observado na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, devido, principalmente, à baixa oferta de animais para abate, os ganhos da atividade foram pressionados pelo elevado custo de produção. Além disso, o setor esperava crescimento da demanda por carne ovina, o que não ocorreu.  

OVOS: Preços atingem recorde real, mas poder de compra do avicultor é o pior da história

Durante a maior parte de 2021, o mercado de ovos registrou preços elevados, motivados pela demanda aquecida, pela oferta mais controlada e por repasses dos aumentos aos custos de produção, o que resultou em valores recordes para o produto, em termos reais. Mesmo assim, o poder de compra do avicultor de postura frente aos principais insumos da atividade, milho e farelo de soja, seguiu pressionado (é o menor da história), devido à valorização mais intensa desses itens frente aos ovos. 

SOJA: Mesmo com maior produção, preço atinge recorde em 2021

Embora a semeadura da safra 2020/21 da soja tenha sido tardia no Brasil, devido ao atraso das chuvas, posteriormente, o clima favoreceu as lavouras, resultando em produção recorde pela segunda temporada consecutiva, de 137,32 milhões de toneladas, de acordo com a Conab. Mesmo com a safra volumosa, na média de 2021, os preços domésticos registraram patamares recordes, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de nov/21).

SUÍNOS: Exportação recorde não evita queda de preço no BR

Assim como já era esperado pelo setor suinocultor nacional, a demanda externa pela carne continuou firme em 2021, e as exportações brasileiras da proteína atingiram novos recordes. Já no mercado nacional, o consumo da carne até aumentou, mas o desempenho ficou aquém do esperado por agentes do setor. 

TRIGO: Oferta é recorde em 2021, mas paridade elevada sustenta preço interno

O ano de 2021 se iniciou em meio a expectativas de crescimento na área com trigo. Naquele período, produtores estavam atentos à menor oferta de trigo argentino, aos preços recordes em 2020 e ao atraso na janela ideal para a semeadura de milho segunda safra no Paraná, São Paulo e em Mato Grosso do Sul, em decorrência do baixo volume de chuva. 

HORTIFRÚTI: Com poder de compra fragilizado, demanda por HF é limitada em 2021

Em 2021, o avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil trouxe mais segurança à população e possibilitou, especialmente no segundo semestre, a abertura do comércio e do mercado institucional (escolas, bares e restaurantes), importantes canais de escoamento de hortifrútis.