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WWF lança ferramenta que mede risco hídrico no Brasil

Plataforma sugere lista de boas práticas de mitigação e uso sustentável da água para agricultores, pecuaristas e indústrias


Publicado em: 01/12/2017 às 16:40hs

WWF lança ferramenta que mede risco hídrico no Brasil

Rede WWF, em parceria com a instituição financeira alemã KfW/DEG, desenvolveu uma plataforma capaz de avaliar riscos físicos, regulatórios e reputacionais relacionados à gestão da água. A Ferramenta de Risco Hídrico (Water Risk Filter em inglês - WRF) com dados em alta resolução para o Brasil foi apresentada durante um evento promovido pela WWF-Brasil na terça-feira (21/11) em São Paulo.

Além de analisar os riscos, a ferramenta oferece uma lista de orientações para a adoção de boas práticas e uso sustentável da água. O acesso é gratuito e 100% digital. Segundo a WWF, a plataforma já foi utilizada por mais de 1.500 organizações de 32 setores da indústria que avaliaram suas instalações em mais de 400 bacias hidrográficas em todo o mundo.

O sistema também possui adaptações específicas para alguns setores e mais de 100 commodities agrícolas. Segundo Mariana Napolitano, coordenadora da Iniciativa de Água do WWF-Brasil, empresas de bebidas, papel e celulose e agricultura são os setores que mais acessaram a plataforma até o momento, principalmente no Sul e Sudeste do país.

Na ferramenta são considerados mais de 100 indicadores de risco identificados por cores que variam do verde (risco muito baixo) ao vermelho (risco muito alto). Assim, é possível analisar os locais onde há maiores chances de ocorrência de secas, esgotamento de água, enchentes e perda da biodiversidade, por exemplo.

O evento de lançamento ainda contou com a presença de Alexis Morgan, líder global do programa Water Stewardship, no qual a ferramenta está inserida. Segundo Morgan, a agricultura consome 90% do abastecimento mundial de água doce e 70% dos resíduos da indústria não são tratados e vão direto para os rios.

No entanto, ele afirma que as empresas estão começando a pensar sobre o uso consciente da água e a investir em reflorestamento, por exemplo. Isso porque os líderes empresariais perceberam que o risco hídrico tem impactos sobre o resultado financeiro. "O setor privado nos permite ter um impacto muito maior em ações de conservação. Amazônia, Cerrado e Pantanal são biomas com áreas muito grandes que precisam de investimentos grandes", diz.

Morgan ainda explica que a economia global é dependente das exportações do Brasil que, por sua vez, são dependentes da disponibilidade de água. De acordo com ele, essas exportações diminuíram nos últimos 5 anos em grande parte por conta de inundações e outros fenômenos relacionados à água.

Crédito consciente

Na prática, a base de dados já é usada pelo Banco do Brasil para fazer estudos em relação ao crédito rural e reduzir o risco de financiamento. Rogério Dias, da divisão de economia verde do banco, explica que é criada uma cartilha de boas práticas a partir dessas análises específicas para cada cultura ou commodity. A lista de sugestões é entregue aos produtores ou assistência técnica. “A ideia é orientar o produtor a adotar as melhores práticas e então oferecer melhores condições de crédito”, afirma.

A produção de arroz irrigado é um exemplo que depende diretamente da oferta de água. Segundo Rogério, uma recomendação dada a partir dessas análises já está sendo adotada por muito produtores. “Em época de chuvas eles fazem barragens com a água para criar uma reserva que também funciona como um mitigador de risco. Se faltar água do rio, os produtores vão usando a reserva aos poucos para ter uma boa produção”, conta.

Fonte: Globo Rural

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